O Evangelho de hoje nos convida a reconhecer o poder de Jesus sobre o mal e a abrir nosso coração ao Espírito Santo – Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 27/01/25

Homilia diária

Queridos irmãos, o Evangelho de hoje nos apresenta uma cena de confronto direto entre Jesus e os mestres da Lei. Esses homens, ao verem Jesus realizar milagres e expulsar demônios, não reconhecem a origem divina de Sua autoridade. Pelo contrário, acusam-No de estar possuído por Beelzebu, o príncipe dos demônios. Diante dessa acusação absurda, Jesus responde com sabedoria, desmontando essa lógica com uma verdade profunda: “Um reino dividido contra si mesmo não pode subsistir.”

Essa resposta não é apenas uma defesa contra as acusações. É também uma lição que nos chama a refletir sobre a unidade, a coerência, e o poder transformador da ação de Deus em nossas vidas. Vamos mergulhar nesse Evangelho e entender o que ele nos ensina hoje.

Jesus começa mostrando a incoerência da acusação. Se Ele estivesse agindo em nome de Satanás, então o mal estaria lutando contra si mesmo, o que levaria à sua própria destruição. Essa lógica expõe o absurdo dos mestres da Lei e nos revela algo fundamental: o Reino de Deus não se edifica na divisão, mas na unidade.

Satanás é o divisor, aquele que separa, que destrói os laços entre Deus e os homens, entre as pessoas, e até dentro do coração humano. Mas Jesus veio para restaurar a unidade, para curar o que está dividido, para trazer reconciliação e paz. Ele é o sinal do Reino de Deus que avança contra as forças do mal, desmascarando suas mentiras e trazendo libertação.

Com essa imagem, Jesus descreve Sua missão. O “homem forte” é Satanás, que domina o coração humano com o pecado e a opressão. Mas Jesus veio como aquele que é mais forte. Ele amarra o “homem forte”, libertando-nos de suas garras e restituindo-nos a liberdade e a dignidade de filhos de Deus.

Essa vitória de Jesus sobre o mal não é apenas um evento do passado. Ela continua hoje, em cada coração que se abre ao poder transformador de Sua graça. A questão que precisamos nos fazer é: temos permitido que Jesus entre na nossa “casa” e desfaça as correntes que nos prendem ao medo, ao pecado e à divisão?

Jesus também faz uma afirmação forte no Evangelho de hoje: “Quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado.” Isso pode parecer assustador à primeira vista, mas precisamos entender o que Ele está dizendo.

A blasfêmia contra o Espírito Santo é a rejeição deliberada da ação de Deus em nossa vida. É fechar o coração à graça, recusando reconhecer o poder transformador do Espírito Santo. Não é que Deus não queira perdoar, mas o coração endurecido não se permite ser perdoado.

Os mestres da Lei, ao atribuírem as obras de Jesus ao demônio, estavam rejeitando o testemunho do Espírito Santo. Essa rejeição era fruto de um coração fechado, incapaz de ver a verdade e acolher a salvação.

O ensinamento de Jesus sobre o reino dividido nos leva a refletir sobre nossas próprias vidas. Vivemos em um mundo cheio de divisões: nas famílias, nas comunidades, na sociedade, e muitas vezes dentro de nós mesmos. Essas divisões nos enfraquecem, nos afastam de Deus e dos outros, e nos tornam vulneráveis ao mal.

Jesus nos chama à unidade. Ele quer curar as divisões em nosso coração, restaurar os laços rompidos em nossas relações, e construir, conosco, um Reino de paz e amor. Mas para isso, precisamos permitir que Ele amarre o “homem forte” dentro de nós – o orgulho, o rancor, o egoísmo – e nos transforme com Sua graça.

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos convida a reconhecer o poder de Jesus sobre o mal e a abrir nosso coração ao Espírito Santo. Somos chamados a escolher a unidade, a viver na coerência do amor de Deus, e a colaborar com Ele na construção de Seu Reino.

Que possamos, com humildade, permitir que Jesus entre em nossa “casa”, desfaça as divisões e restaure a plenitude de vida que Ele nos oferece. Porque, como Ele nos ensina, “um reino dividido não pode subsistir.” E com Cristo, somos chamados a viver na unidade que traz verdadeira paz e alegria. Amém!