Essa metáfora do noivo e dos convidados nos leva ao coração do Evangelho e à compreensão de quem é Jesus. Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 20/01/25
Homilia
Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta uma conversa de Jesus com aqueles que questionam o comportamento dos Seus discípulos. Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando, seguindo as tradições e práticas religiosas de sua época. Mas percebem que os discípulos de Jesus não estão fazendo o mesmo. Essa observação gera a pergunta: “Por que os teus discípulos não jejuam?”
A resposta de Jesus nos oferece uma reflexão profunda: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles?” Essa metáfora do noivo e dos convidados nos leva ao coração do Evangelho e à compreensão de quem é Jesus. Ele não veio apenas para trazer novas regras ou práticas religiosas; Ele é o noivo, a própria presença de Deus entre nós. Sua chegada é motivo de alegria, de celebração, e não de lamento.
A imagem do noivo usada por Jesus é profundamente significativa. No Antigo Testamento, Deus é frequentemente descrito como o esposo de Israel, aquele que ama Seu povo com amor fiel e eterno. Ao se apresentar como o noivo, Jesus não está apenas respondendo à pergunta sobre o jejum; Ele está revelando Sua identidade. Ele é Deus que veio habitar no meio do Seu povo, que veio se unir a nós em uma nova aliança.
Estar com o noivo é motivo de alegria. Pensem em um casamento: é um momento de festa, de união, de celebração. Ninguém jejua enquanto o casamento acontece. Assim, a presença de Jesus entre os discípulos transforma tudo. Ele é a fonte de uma alegria que não pode ser contida, uma alegria que supera a antiga forma de viver a fé.
Jesus, porém, faz um prenúncio: “Vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.” Aqui, Ele nos aponta para a realidade de Sua paixão e morte, quando, por um breve momento, os discípulos experimentarão a ausência do noivo. Esse será o tempo do jejum, do luto, da espera.
Mas essa ausência não será definitiva. A ressurreição de Jesus nos assegura que o noivo está sempre conosco, agora na presença viva da Igreja e nos sacramentos. Ainda assim, há momentos em que somos chamados a jejuar, a refletir, a preparar nosso coração para um encontro mais profundo com Ele. O jejum, nesse sentido, não é um fim em si mesmo, mas um meio de nos aproximarmos do noivo com um coração renovado.
Jesus continua com duas imagens: o remendo novo em roupa velha e o vinho novo em odres velhos. Ele nos fala sobre a incompatibilidade entre a nova vida que Ele traz e as antigas estruturas que já não podem conter essa novidade. O vinho novo do Evangelho exige odres novos, ou seja, um coração transformado, capaz de acolher a mensagem de Cristo.
Essa nova vida não é apenas sobre mudar práticas externas. É uma transformação completa do nosso ser, um convite a abandonar velhos hábitos, preconceitos e resistências para nos abrir à alegria de estar com o noivo.
Queridos irmãos e irmãs, a presença de Jesus como noivo não é apenas uma realidade do passado. Ele continua conosco, celebrando Sua união com a Igreja, Sua noiva. Ele está presente em cada missa, em cada oração, em cada gesto de amor que realizamos.
A pergunta que devemos nos fazer é: estamos vivendo como convidados do noivo? Estamos celebrando a presença de Cristo em nossa vida? Ou ainda estamos presos a velhas formas de pensar e agir, incapazes de acolher a novidade do Evangelho?
O noivo está conosco, e Sua presença transforma tudo. Não há espaço para lamentos ou para viver na superficialidade. Somos chamados a uma alegria profunda, que vem de saber que Deus nos ama e está perto de nós.
Hoje, o Evangelho nos lembra que Jesus é o noivo que veio para nos unir a Si em amor e verdade. Sua presença é motivo de alegria, celebração e renovação. Mas essa presença também exige de nós um coração novo, capaz de acolher o vinho novo do Seu amor.
Que possamos, neste dia, renovar nosso compromisso com Cristo, celebrando Sua presença e vivendo com a alegria de quem sabe que o noivo está sempre conosco. E, quando vierem os momentos de jejum e espera, que eles sirvam para preparar nosso coração para um encontro ainda mais profundo com Ele. Amém!