Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 06/01/25

Homilia diária 2ª feira

Que possamos, como o povo da Galileia, reconhecer essa luz, acolhê-la em nossa vida, e ser também luz para os outros – Homilia diária da liturgia católica — 2ª-feira, 06/01/25

Homilia – “A Luz que Brilha nas Trevas”

Evangelho de Mateus 4,12-17.23-25

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos apresenta o início do ministério público de Jesus. Após saber que João Batista foi preso, Jesus deixa Nazaré e vai morar em Cafarnaum, uma terra de fronteira, habitada por judeus e pagãos, um lugar onde a fé e a cultura se misturavam. É ali, nas margens do Mar da Galileia, que começa a proclamar Sua mensagem central: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.”

O evangelista Mateus conecta essa mudança geográfica ao cumprimento de uma profecia de Isaías: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz.” Hoje, somos chamados a refletir sobre essa luz que brilha nas trevas, sobre o chamado à conversão e sobre como a presença de Jesus continua a iluminar o mundo.

Jesus não começa Seu ministério em Jerusalém, o centro religioso e político de Israel. Ele escolhe Cafarnaum, uma região considerada marginal pelos líderes religiosos da época. Por que isso? Porque o Reino de Deus não é construído a partir do poder humano, mas a partir da presença transformadora de Deus onde menos se espera.

Essa escolha nos ensina que Jesus vai ao encontro dos esquecidos, dos marginalizados, daqueles que vivem nas sombras. Ele traz luz para aqueles que mais precisam, para quem já não espera mais nada. E, vejam, irmãos, essa luz continua brilhando hoje, especialmente nos lugares mais escuros da nossa vida, nas situações onde pensamos que não há saída.

A profecia de Isaías que Mateus recorda é cheia de significado. O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz. Mas quais são essas trevas? São as trevas do medo, da ignorância, da desesperança, do pecado. Quantas vezes nos encontramos assim, perdidos em meio à escuridão, sem saber para onde ir?

Jesus é a luz que ilumina o caminho. Ele não apenas traz respostas, mas traz sentido. Ele ilumina a nossa história, mesmo quando tudo parece sem saída. E essa luz não é distante. Ela vem até nós, brilha em nossa realidade. Mas atenção: para enxergar essa luz, é preciso abrir os olhos da fé.

A primeira palavra que Jesus anuncia é clara: “Convertei-vos.” Conversão não é apenas mudar de religião ou corrigir um comportamento. É uma mudança de mentalidade, uma transformação do coração. É deixar que a luz de Deus ilumine todas as áreas da nossa vida.

Jesus não chama à conversão como um castigo, mas como um convite. “O Reino dos Céus está próximo” significa que a presença de Deus está ao nosso alcance. Mas, para entrar nesse Reino, precisamos mudar nossa direção. Precisamos deixar para trás aquilo que nos prende às trevas – orgulho, rancor, indiferença – e caminhar em direção à luz.

O Evangelho também nos mostra que Jesus não apenas ensina. Ele cura todas as doenças e enfermidades. Ele se preocupa com o corpo e a alma, com o sofrimento humano em todas as suas formas. A multidão que o segue traz seus doentes, seus angustiados, seus aflitos. E Jesus os acolhe e os cura.

Esse é o Jesus que ainda hoje nos chama. Ele vê nossas dores, nossos medos, nossos pecados, e quer nos curar. Ele é a luz que liberta, que restaura, que traz paz ao coração inquieto.

O quê esse evangelho nos ensina?

Irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos convida a reconhecer duas realidades:

  1. Jesus é a luz que continua a brilhar em meio às nossas trevas.
    Ele não espera que estejamos perfeitos ou prontos. Ele vem até nós, em nossa realidade concreta, para iluminar e transformar. Não há escuridão tão densa que a luz de Cristo não possa penetrar.
  2. Somos chamados à conversão constante.
    A conversão não é um evento único, mas um processo contínuo. Diariamente somos convidados a deixar que a luz de Cristo transforme nosso coração, a abandonar as sombras do egoísmo, da indiferença e do pecado, e a caminhar em direção ao Reino dos Céus.

Hoje, Jesus continua a dizer: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo.” Ele continua a iluminar nossas vidas com Sua presença. Cabe a nós abrir o coração para essa luz e permitir que ela transforme quem somos.

Que possamos, como o povo da Galileia, reconhecer essa luz, acolhê-la em nossa vida, e ser também luz para os outros, especialmente para aqueles que ainda vivem nas sombras. Porque, afinal, “o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”. Amém!