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Homilia diária – Aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior

Aquele que entre todos vós for o menor

O Evangelho de hoje nos leva a um momento de tensão e reflexão entre os próprios discípulos de Jesus. Eles estavam discutindo sobre quem seria o maior entre eles. Quantas vezes nós também nos pegamos nessa mesma discussão interna, buscando ser o maior, o mais reconhecido, o mais importante? Esse desejo de grandeza está enraizado em nossa natureza humana. Mas Jesus, com Sua sabedoria divina, nos mostra que o Reino de Deus não segue a lógica do mundo.

Aquele que O enviou

Jesus percebe o que está acontecendo no coração de Seus discípulos. Ele não os repreende de forma dura, mas usa uma ação simples e poderosa para ensinar uma lição profunda. Ele pega uma criança e a coloca ao Seu lado. Essa imagem, tão singela, é cheia de significado. No tempo de Jesus, as crianças não eram vistas com o valor que damos hoje. Elas eram frágeis, dependentes, e, de certa forma, sem importância social. No entanto, Jesus, ao colocar a criança no centro, nos ensina que no Reino de Deus, os critérios de grandeza são completamente diferentes.

“Quem receber esta criança em meu nome, estará recebendo a mim.” Com essas palavras, Jesus nos revela que a verdadeira grandeza não está no poder, na fama ou no reconhecimento, mas na capacidade de acolher, de amar e de servir os pequenos, os vulneráveis, aqueles que não têm voz. Ele nos chama a perceber que, quando cuidamos dos mais fracos, dos mais humildes, é o próprio Cristo que estamos acolhendo. E mais: ao acolhermos Cristo, estamos acolhendo o próprio Deus, Aquele que O enviou.

A lógica do Reino é uma lógica de inversão

A lógica do Reino é uma lógica de inversão. “Aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior.” Jesus nos ensina que a grandeza não está em ser servido, mas em servir. Não está em ocupar os primeiros lugares, mas em se colocar à disposição dos outros, em se fazer pequeno para que o amor de Deus brilhe em nossas vidas. No mundo, buscamos ser os primeiros, os mais fortes, os mais reconhecidos. Mas Jesus nos convida a um caminho completamente diferente: o caminho da humildade, do serviço, do amor desinteressado.

Logo depois, João, um dos discípulos, traz outra questão para Jesus: eles haviam visto alguém expulsando demônios em nome de Jesus, mas, como essa pessoa não fazia parte do grupo dos discípulos, eles a proibiram. Novamente, Jesus nos oferece uma lição surpreendente: “Não o proibais, pois quem não está contra vós, está a vosso favor.”

Aqui, Jesus nos chama a abrir nossos corações e mentes. Muitas vezes, podemos cair na tentação de achar que apenas nós temos o caminho certo, que apenas o nosso grupo é o correto. Mas o Reino de Deus é muito maior do que nossas divisões. Jesus nos ensina a não impedir o bem, mesmo que venha de onde não esperamos. Quem age em nome de Jesus, mesmo que não seja parte do nosso círculo, está colaborando para o Reino.

Construir pontes

Isso nos leva a refletir sobre a abertura que precisamos ter em relação aos outros, reconhecendo que Deus age de maneiras muitas vezes surpreendentes, além de nossas expectativas e divisões. A mensagem do Evangelho é clara: não devemos criar barreiras, mas construir pontes. Quem faz o bem em nome de Jesus está a favor do Reino, e devemos nos alegrar com isso.

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos convida a uma dupla reflexão. Primeiro, somos chamados a rever nosso conceito de grandeza. No Reino de Deus, os pequenos são os maiores, os humildes são os exaltados, os servos são os que ocupam os primeiros lugares. E segundo, somos chamados a abrir nossos corações e reconhecer o bem que é feito, mesmo por aqueles que não estão diretamente conosco.

Rezemos

Que possamos, assim como Jesus, acolher as crianças, os pequenos, os vulneráveis, com amor e respeito. E que possamos também abrir nossos olhos para ver o bem que acontece ao nosso redor, celebrando e reconhecendo a ação de Deus em todos os lugares, através de todos os corações abertos ao Seu amor. Amém.