Homilia diária — Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria — Missa de 6ª-feira, 21/11/25

Homilia diária — Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria — Missa de 6ª-feira, 21/11/25
Hoje a Igreja celebra um mistério silencioso e profundo: a Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria no Templo. Não encontramos essa cena nas páginas do Evangelho, mas a tradição da Igreja a guarda com carinho, porque ela ilumina algo essencial do caminho espiritual: o dom da entrega total a Deus desde o princípio.
Maria, ainda menina, foi apresentada ao Senhor por seus pais, Joaquim e Ana. E, embora ela não tivesse plena consciência do que aquilo significava, Deus já a conduzia por dentro, atraindo seu coração para Si. Essa festa recorda que a história da salvação não começou com respostas humanas, mas com a iniciativa amorosa de Deus. Ele preparou a Mãe antes mesmo que ela pudesse escolher, para que, quando chegasse a hora do anúncio do anjo, ela já pertencesse inteiramente ao Pai.
Entretanto, não pensemos nessa apresentação somente como um gesto externo. A beleza desse mistério está na atitude interior de Maria, uma alma que, mesmo ainda pequena, já respirava pureza, silêncio e escuta. Deus encontrou nela terra fértil, coração disposto, vida aberta. Ela se entregou, e, ao se entregar, foi transformada.

Infância espiritual
Essa celebração nos ensina que a santidade não nasce do improviso; nasce do cuidado diário, da docilidade do coração, do desejo sincero de pertencer ao Senhor. Maria não se tornou a Mãe de Deus por acaso; ela permitiu que a graça agisse nela desde o início. E é isso que faz da sua apresentação um gesto tão forte: ela se colocou no Templo, mas, mais tarde, o próprio Deus escolheria morar no templo do seu ventre.
Por outro lado, percebemos aqui um convite para nós. Porque, de certo modo, cada um é chamado a viver sua própria apresentação. Não no Templo de pedra, mas no templo do coração. Quando abrimos a vida a Deus, quando entregamos nossos medos, desejos, limites e sonhos, colocamos tudo nas mãos d’Aquele que sabe conduzir. Maria nos ensina que Deus faz maravilhas na alma que se oferece por inteiro.
Além disso, essa festa também nos recorda o valor da infância espiritual: deixar-se conduzir. Não é ser infantil, mas permitir que Deus seja o Senhor das decisões, dos passos, do futuro. A apresentação de Maria mostra que o caminho da santidade começa antes das grandes escolhas; ele nasce nas pequenas fidelidades de cada dia.
E, enquanto contemplamos Maria subindo ao Templo, percebemos algo belo: ela caminha para Deus, mas Deus já caminhava para ela. É assim também conosco. Quando damos um passo em direção ao Senhor, Ele já deu mil em nossa direção. Quando abrimos uma fresta da alma, Ele enche tudo de luz.

Rezemos
Portanto, irmãos, deixemos esse mistério nos tocar. Perguntemos: tenho me oferecido a Deus com a mesma simplicidade de Maria? Tenho permitido que Ele molde meu coração? Ou continuo segurando as rédeas da vida, como se confiar fosse perigoso?
A apresentação de Maria nos convida a colocar tudo diante do Senhor: a família, o trabalho, as dificuldades, as quedas, o que já entendemos e o que ainda não compreendemos. Quando oferecemos nossa vida a Deus, Ele não a diminui — Ele a engrandece.
Hoje, peçamos à Senhora do Sim que apresente também a nossa vida diante do Pai. Que ela coloque nossos pequenos esforços no altar do Seu amor. Que ela, que se ofereceu inteira, nos ensine a ser inteiros.
E que o Templo do nosso coração seja sempre morada de Deus. Amém.

