Homilia diária — “Ali haverá choro e ranger de dentes!”
Homilia diária — “Ali haverá choro e ranger de dentes!”
Hoje, o Evangelho nos traz uma mensagem que, à primeira vista, pode parecer dura, até mesmo desconcertante. Jesus, com Suas palavras afiadas e cheias de verdade, nos fala sobre o “choro e ranger de dentes”. Uma imagem forte, poderosa, que atravessa o tempo e nos alcança hoje, mexendo com o nosso interior, nos fazendo refletir sobre a seriedade do que está em jogo na nossa vida espiritual.
Choro e ranger de dentes
“Choro e ranger de dentes”. Estas palavras de Jesus não são apenas uma descrição do sofrimento, mas um alerta profundo, um aviso claro sobre as consequências de nossas escolhas. Elas nos mostram o destino daqueles que, ao longo da vida, se afastam de Deus, escolhem a indiferença, a hipocrisia, o egoísmo, e acabam por perder o sentido verdadeiro da existência.
Mas, o que Jesus quer nos dizer com essa expressão tão forte? O “choro e ranger de dentes” simboliza o lamento e o arrependimento tardio. Sim, é aquele momento em que a pessoa percebe, com dor, que perdeu algo precioso, que não há mais tempo para voltar atrás. É a tristeza amarga de quem, por suas próprias escolhas, se afastou da fonte da verdadeira alegria, que é Deus.
O “choro”
A simbologia aqui é clara e direta. O “choro” representa a dor interna, a tristeza profunda, o lamento de uma alma que percebe a distância que colocou entre si e Deus. É o arrependimento, mas um arrependimento que chegou tarde demais. Não é o simples remorso, mas uma dor que consome, que corrói por dentro. O “ranger de dentes”, por outro lado, é uma imagem de frustração, de raiva, de desespero. É o grito sufocado de quem percebe que não há mais retorno, que o tempo da graça passou, que as oportunidades foram desperdiçadas.
Jesus, ao usar essa expressão, não está apenas pintando um quadro de terror. Ele está nos alertando sobre a seriedade da vida, sobre o peso de nossas escolhas. Ele nos lembra que o tempo que temos é precioso, que a vida é curta, e que não podemos brincar com nossa salvação. Cada decisão que tomamos, cada caminho que escolhemos, nos aproxima ou nos afasta de Deus. E há um momento em que as portas se fecham, em que a oportunidade de se voltar para Deus se esgota. É sobre isso que Jesus fala: o momento em que não há mais volta, o momento do choro e do ranger de dentes.
A promessa escondida
Mas, além do aviso, há também uma promessa escondida aqui. Se Jesus nos fala do “choro e ranger de dentes”, é porque Ele nos oferece, ao mesmo tempo, o caminho para evitá-los. Jesus nos chama à conversão agora, enquanto há tempo. Ele nos chama a viver de maneira vigilante, a não deixar para amanhã o que podemos fazer hoje. Ele nos chama a buscar o Reino de Deus em primeiro lugar, a viver com o coração voltado para Ele, a manter nossas lâmpadas acesas, sempre preparadas para o Seu retorno.
O “choro e ranger de dentes” é, portanto, um convite à reflexão, mas também à ação. É um convite para que não nos deixemos enganar pelas ilusões deste mundo, pelas promessas vazias de felicidade que não podem satisfazer a alma. É um convite a buscar a verdadeira alegria, aquela que vem de uma vida em comunhão com Deus, de uma vida vivida na luz, na verdade, na justiça.
Oremos
Então, irmãos e irmãs, que estas palavras de Jesus não caiam em nossos ouvidos como uma ameaça distante, mas como um chamado urgente à conversão. Que possamos, hoje, olhar para dentro de nós mesmos, examinar nossas vidas, nossas escolhas, nossos caminhos, e perguntar: “Estou realmente seguindo o caminho que Deus quer para mim? Estou vivendo de acordo com o Evangelho? Ou estou, de alguma forma, me afastando, me deixando levar pelas ilusões do mundo?”
Que o Senhor nos dê a graça de viver de forma vigilante, de manter nossos corações sempre próximos a Ele, para que, no dia do encontro final, possamos ouvir Suas palavras de acolhimento, e não o som distante do “choro e ranger de dentes”. Que possamos entrar na alegria do Reino, e evitar o lamento de quem deixou escapar a verdadeira felicidade.