O Evangelho de hoje nos lembra que somos todos chamados a sermos mensageiros do Reino de Deus. Homilia diária — A vossa paz repousará sobre ele

A vossa paz repousará sobre ele

O Evangelho de hoje nos traz uma missão desafiadora, mas profundamente inspiradora. Jesus, ao escolher e enviar setenta e dois discípulos para irem à Sua frente, nos dá uma lição preciosa sobre o que significa ser Seus mensageiros no mundo. O Senhor envia esses discípulos de dois em dois, uma imagem que nos remete ao trabalho em comunidade, à necessidade de estarmos juntos, de apoiarmos uns aos outros na missão.

Jesus inicia com uma afirmação que continua verdadeira até os dias de hoje: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos.” O campo é vasto, há muitas almas a serem alcançadas, muitos corações a serem tocados, mas os trabalhadores, aqueles dispostos a levar o Evangelho, são poucos.

Este chamado de Jesus não é apenas para os setenta e dois discípulos daquela época, mas também para cada um de nós, que somos convidados a sermos testemunhas vivas do Seu amor e a trabalhar na colheita do Senhor. Ele nos pede para rezarmos ao “dono da messe”, para que envie mais trabalhadores. A oração, portanto, é o primeiro passo na missão. Não fazemos nada sozinhos, precisamos sempre da graça e da direção de Deus.

Jesus não esconde as dificuldades. Ele é claro: “Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.” Que imagem forte! Jesus reconhece que o mundo pode ser hostil, que haverá perigos, rejeições, resistências. No entanto, Ele nos envia com uma missão de paz, com um coração manso como o de cordeiros, confiando que, apesar dos desafios, Deus estará sempre conosco.

Não devemos nos equipar com bolsas, sacolas ou sandálias, pois a missão não depende dos bens materiais, mas da confiança em Deus e na Sua providência. Isso nos convida a viver com desapego e simplicidade, sabendo que o essencial é a mensagem que carregamos, não as coisas que possuímos.

A instrução de Jesus para saudarmos as casas com a paz — “A paz esteja nesta casa!” — revela a natureza da nossa missão. Somos portadores de paz, uma paz que não é apenas ausência de conflito, mas a plenitude do Reino de Deus.

Quando desejamos paz a alguém, não estamos apenas sendo educados; estamos oferecendo um presente divino, que repousa sobre aqueles que estão abertos a recebê-lo. E mesmo quando a paz não for acolhida, Jesus nos ensina que ela retornará para nós, mostrando que a missão do discípulo não depende dos resultados aparentes, mas da fidelidade ao chamado de anunciar.

Jesus também nos pede para não buscarmos comodidade ou aceitação ao passarmos de casa em casa. Em outras palavras, Ele nos chama à constância, à estabilidade no serviço. Somos convidados a permanecer onde formos acolhidos, a comer e beber do que nos oferecerem, sem buscar vantagens ou condições melhores. Este é um convite à humildade e à gratidão por tudo o que nos é oferecido.

Há também uma advertência clara sobre como lidar com a rejeição: se não formos bem recebidos, Jesus nos orienta a sacudir a poeira dos pés. Não com raiva ou ressentimento, mas como um gesto simbólico de que fizemos nossa parte e seguimos em paz. O importante é que, mesmo diante da rejeição, a mensagem é clara: “O Reino de Deus está próximo!” Isso significa que a missão do discípulo não é convencer à força, mas anunciar com amor e verdade. A conversão depende de Deus e da abertura do coração de quem ouve.

Queridos irmãos e irmãs, o Evangelho de hoje nos lembra que somos todos chamados a sermos mensageiros do Reino de Deus. Não importa onde estamos, qual nossa profissão ou circunstância de vida, o chamado de Cristo é para todos. Ele nos envia ao mundo, como cordeiros, sim, mas fortalecidos pela Sua presença. Não levamos a missão sozinhos, vamos sempre com a companhia de outros discípulos e, acima de tudo, com a força do Espírito Santo.

Que possamos, então, responder ao chamado de Cristo com coragem e fé, levando a paz onde formos e proclamando, com nossas palavras e vidas, que o Reino de Deus está próximo. Amém.