Homilia – Deus dos Vivos: A Promessa da Ressurreição
Homilia – Deus dos Vivos: A Promessa da Ressurreição
Deus dos vivos
Irmãos e irmãs em Cristo, no Evangelho de hoje, somos apresentados a um diálogo entre Jesus e os saduceus, um grupo que negava a ressurreição. Através deste encontro, Jesus revela verdades profundas sobre a vida eterna e a natureza de Deus como o Deus dos vivos.
Os saduceus, tentando desafiar Jesus, apresentam-lhe um caso hipotético sobre a lei do casamento levirato, onde uma mulher se casa sucessivamente com sete irmãos, todos falecidos sem deixar filhos. Eles perguntam: “Na ressurreição, de quem será esposa essa mulher?” Este questionamento, além de ser uma tentativa de encurralar Jesus, revela uma compreensão limitada da vida após a morte.
Iguais aos anjos
Jesus responde não apenas desafiando a visão dos saduceus, mas também oferecendo a todos nós uma visão elevada da existência após a morte. Ele explica que, na ressurreição, não estamos presos às relações e condições terrenas. Na vida futura, vivemos em um estado transformado, “iguais aos anjos”, onde o casamento como o conhecemos não existe. Essa explicação de Jesus nos leva a compreender que a vida eterna é uma realidade totalmente diferente, uma existência em plenitude com Deus.
Mais profundamente, Jesus afirma: “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos, pois todos vivem para ele”. Esta afirmação é central para nossa fé cristã. Deus é um Deus de vida, e em Sua presença, mesmo aqueles que morreram estão vivos. Esta é uma mensagem de esperança e consolação, especialmente para aqueles que perderam entes queridos. A morte não é o fim, mas uma passagem para uma nova forma de vida com Deus.
A sarça ardente
A referência de Jesus a Moisés e à sarça ardente – onde Deus é identificado como o Deus de Abraão, Isaac e Jacó – reforça a realidade da ressurreição. Mesmo estes patriarcas, embora mortos há muito tempo, estão vivos para Deus. Isto nos lembra que estamos conectados em uma comunidade de fé que transcende o tempo e o espaço, unidos a todos os santos e fiéis que vieram antes de nós.
Esta perspectiva eterna nos desafia a olhar além das preocupações e limitações do mundo material. Se a nossa existência terrena é apenas uma parte de uma jornada muito maior, então devemos avaliar nossas ações, escolhas e prioridades à luz dessa realidade transcendente. Estamos chamados a viver não apenas para o momento presente, mas com um olhar voltado para a eternidade.
Em cada fim, há um novo começo
A promessa da ressurreição também nos oferece conforto e força em momentos de sofrimento e perda. Na dor, na doença, no luto e nas várias formas de morte que enfrentamos na vida, a esperança da ressurreição nos assegura que Deus tem o poder de trazer vida onde parece haver apenas morte. Em cada fim, há um novo começo com Deus, uma promessa de renovação e vida plena.
Além disso, a afirmação de Jesus de que Deus é “Deus dos vivos” nos lembra de que somos chamados a ser uma comunidade viva e ativa de fé. Como filhos de Deus, vivos para Ele, somos convidados a ser agentes de vida, amor e esperança em um mundo muitas vezes marcado pelo desespero e desolação. Cada ato de bondade, cada gesto de compaixão, cada palavra de encorajamento que oferecemos pode ser um sinal do reino de Deus que se manifesta aqui e agora.
Cristo é o fundamento dessa esperança
Finalmente, irmãos e irmãs, a lição do Evangelho de hoje nos encoraja a fortalecer nossa fé na ressurreição. Em uma cultura que frequentemente nega ou ignora a realidade da morte e do além, somos chamados a testemunhar com coragem a nossa esperança cristã. A ressurreição de Cristo é o fundamento dessa esperança, uma verdade que transforma nossa compreensão da vida, da morte e do nosso destino último.
Que possamos, então, viver cada dia na luz dessa esperança, trabalhando para construir um mundo que reflita a vida, o amor e a misericórdia de Deus. E que, fortalecidos pela fé na ressurreição, possamos enfrentar os desafios da vida com confiança e alegria, sabendo que, em Deus, nossa vida é eterna.
O Senhor nos abençoe e nos guarde. Salve Maria! (LC)