O Evangelho nos desafia a ver além das estruturas familiares: somos filhos de Deus. Homilia de Terça-feira, 23/01/24 – A Família Espiritual Segundo Cristo
A Família Espiritual Segundo Cristo
Homilia de Terça-feira, 23/01/24
A Verdadeira Família de Jesus
No Evangelho de Marcos que lemos hoje, encontramos Jesus redefinindo o conceito de família. Quando Sua mãe e irmãos chegam para vê-Lo, Jesus aproveita a oportunidade para ensinar uma lição profunda sobre as relações espirituais. Este momento é um convite para refletirmos sobre o que realmente significa fazer parte da família de Deus.
A Chegada da Família Terrena de Jesus
Enquanto Jesus estava ensinando, Sua família terrena chegou. A presença deles levanta uma questão importante: como equilibrar nossos laços familiares terrenos com nossas obrigações espirituais? Jesus não despreza sua família, mas Ele usa esse momento para expandir nossa compreensão de relações familiares. Ao considerarmos a reação de Jesus, nos deparamos com uma verdade mais profunda sobre a natureza das relações no Reino de Deus.
A chegada da mãe e dos irmãos de Jesus enquanto Ele ensinava é um momento carregado de simbolismo. Esta cena coloca em perspectiva a dualidade das obrigações de Jesus – como filho de uma família terrena e como o Messias enviado para cumprir a missão divina.
Por um lado, Jesus, em Sua humanidade, compartilha dos laços familiares comuns a todos nós, mostrando Seu enraizamento nas experiências humanas cotidianas. Por outro lado, Ele transcende esses laços, reorientando o foco para uma missão mais elevada que abrange toda a humanidade. Neste momento, Jesus nos ensina sobre o equilíbrio entre nossas responsabilidades terrenas e nossos compromissos espirituais, lembrando-nos de que, embora nossas famílias sejam importantes, nossa maior lealdade deve ser à vontade de Deus.
Além disso, este evento ilustra a maneira como Jesus lidava com as expectativas sociais e familiares. Em uma sociedade onde a família era a unidade central, a decisão de Jesus de definir a família em termos espirituais foi revolucionária. Ao escolher responder primeiro à chamada de Deus, Ele estabelece um exemplo de priorização do espiritual sobre o terreno.
Esta escolha não é um rebaixamento dos laços familiares, mas uma elevação da família espiritual à primazia. Este ensinamento de Jesus é uma mensagem poderosa para todos nós sobre a importância de discernir e seguir a vontade de Deus, mesmo quando ela nos chama para além do conforto e das expectativas de nossos círculos familiares imediatos.
Redefinindo a Família
Quando questionado sobre Sua mãe e irmãos, Jesus faz uma declaração surpreendente: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” Com isso, Ele está nos convidando a entender a família não apenas em termos biológicos, mas espirituais. Para Jesus, a verdadeira família é definida não pelo sangue, mas pela obediência à vontade de Deus. Esta ampliação da noção de família nos leva a uma reflexão mais profunda sobre a nossa relação com Deus e com os outros.
A Vontade de Deus como Vínculo Familiar
Jesus enfatiza que fazer a vontade de Deus é o que nos torna parte de Sua família. Este é um chamado para cada um de nós para viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, transformando nossa fé em ações concretas de amor, compaixão e justiça. Essa compreensão nos desafia a avaliar como nossa fé se manifesta em nossas vidas diárias e nas relações com os outros.
Vivendo como Família Espiritual de Cristo
Ser parte da família de Cristo significa mais do que pertencer a uma comunidade religiosa; significa adotar um modo de vida que reflete o amor e a misericórdia de Deus. Como membros desta família espiritual, somos chamados a ser sinais vivos do amor de Deus no mundo, estendendo nossas mãos e corações para todos, especialmente os mais necessitados.
A vontade de Deus como fundamento da família espiritual é um conceito que desafia profundamente nossa compreensão habitual de comunidade e pertencimento. Esta ideia nos leva a repensar as relações não como determinadas por laços de sangue, mas por uma união espiritual em Cristo. Tal perspectiva eleva cada interação e relação a um nível espiritual mais profundo.
Fazer a vontade de Deus não é apenas uma questão de obediência individual; é também sobre construir uma comunidade de fé onde cada membro reflete o amor e a misericórdia de Deus. Ao abraçar essa vontade divina, formamos um tecido de relações que vai além do convencional, onde cada pessoa é valorizada como parte integrante da família de Deus. Este entendimento nos chama a um compromisso mais profundo com a vivência da fé, transformando nossas ações e interações diárias em expressões de nossa filiação divina.
Acolhendo o Chamado de Cristo
Em conclusão, este Evangelho nos desafia a ver além das estruturas familiares tradicionais e a reconhecer nossa identidade compartilhada como filhos e filhas de Deus. Que possamos responder ao chamado de Cristo, vivendo a verdadeira fraternidade cristã em cada aspecto de nossas vidas.
Oração Final
Senhor Jesus, ajuda-nos a compreender e viver a verdadeira natureza da família espiritual que Tu nos revelaste. Dá-nos a graça de fazer a Tua vontade e de amar a todos como irmãos e irmãs, unidos no Teu amor. Amém. (LC)
Quem faz a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe. Mc 3, 3-35