Homilia de hoje — Liturgia da Missa de sábado, 17/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de sábado, 17/05/25
Caríssimos irmãos e irmãs,
Hoje o Senhor nos entrega uma das palavras mais densas e mais belas de todo o Evangelho: “Quem me viu, viu o Pai.” Nesta frase repousa a espinha dorsal de toda a fé cristã. Não se trata de um simples ensinamento moral ou de um aforismo piedoso. É uma revelação radical, a abertura de um véu eterno: é Deus se deixando ver!
Filipe, como tantos de nós, pede: “Senhor, mostra-nos o Pai.” E o pedido é justo, sincero, humano. Toda alma deseja ver a face de Deus. Todo coração sedento busca esse Rosto. Mas Jesus responde com espanto — “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me conheces?” Sim, irmãos, quem contempla o Filho, contempla o Pai. Quem ouve o Verbo Encarnado escuta o Coração Eterno.
Aqui está o centro da cristologia: o Filho é a imagem perfeita do Pai. Ele não somente fala em nome do Pai: é o Filho Unigênito, consubstancial ao Pai, o esplendor da sua glória. Quando o Filho age, é o Pai que age nele, e quando o Filho cura, é o Pai que cura. Notem que, quando o Filho perdoa, é o Pai que se inclina e, ao mesmo tempo, quando o Filho perece na cruz, é o amor do Pai que se entrega conosco e por nós!
Essa união — “Eu estou no Pai e o Pai está em mim” — não é fusão nem confusão, mas comunhão. É a perfeita unidade do Amor, que dá origem a tudo o que existe e que sustenta o universo. O Pai e o Filho vivem em eterno dom reciprocamente, e deste amor que brota o Espírito Santo — aquele que o Filho enviará para nos fazer participar dessa mesma comunhão.

A caridade
Mas vejam: essa teologia altíssima não fica no alto. Ela desce. Entra na nossa carne. Ela nos alcança na vida cotidiana, quando Jesus diz: “Quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores.” Sim, irmãos: cremos em um Deus próximo e participamos da sua obra. Quando cremos, amamos, e quando amamos, servimos. E aqui está a chave: quando servimos, tornamo-nos sinais vivos do Pai no mundo. A caridade é a obra do Pai em nós.
Por isso, quem vê um cristão autêntico deve poder vislumbrar o rosto do Pai. Não o rosto da condenação, mas o rosto da misericórdia, o rosto da frieza e da ternura. A verdadeira face do Pai não é a imagem da vaidade, mas da entrega.
Essa é a responsabilidade que Jesus deposita em nossas mãos: “O que pedirdes em meu nome, eu o realizarei.” Pedir em seu nome não é repetir fórmulas mágicas, antes, é pedir o que Ele pediria. É estar em comunhão com sua vontade e viver como Ele viveu. Em síntese, pedir em Seu nome é amar como Ele amou…
Então, hoje, irmãos, diante do Rosto do Filho, adoremos. E deixemo-nos transformar. Porque quem vê Jesus com os olhos do coração, começa a ver tudo de modo diferente. A oração muda. O trabalho muda. O sofrimento muda. Até a morte ganha outro sabor. Porque quem me viu, viu o Pai — e quem vê o Pai, já caminha rumo à eternidade.
Amém.