Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 30/03/25

Esse é o percurso da fé. Do anonimato à coragem. Da dúvida à confissão. Da cegueira à luz. Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 30/03/25
Homilia de hoje – Missa de domingo, 30/03/25
O Evangelho deste domingo nos coloca diante de um milagre que é muito mais do que físico. Jesus cura um cego de nascença. Mas essa cura, essa transformação, é também um caminho espiritual. Um processo que começa com o encontro e termina com a fé. A frase central deste evangelho diz tudo: “O cego foi, lavou-se e voltou enxergando.”
Jesus vê o cego. Ele o vê primeiro. Antes que qualquer um se importe, Jesus já se aproxima. Não por acaso. Ele vê a dor e vê a promessa escondida naquela vida limitada. E então, com um gesto estranho aos nossos olhos, mas cheio de significado, Ele faz lama com a própria saliva e a coloca sobre os olhos do cego. Lama e saliva. Matéria e espírito. Fragilidade e graça.
Depois, Jesus dá uma ordem: “Vai lavar-te na piscina de Siloé”. O cego obedece. Não pergunta. Não duvida. Vai. Lava-se. E volta enxergando. Este é o ponto decisivo: ele confia. Ele se põe a caminho. Ele sai do lugar. E porque foi, porque confiou, porque se moveu… ele viu.
Quantas vezes nós também estamos cegos? Cegos pela rotina, pela dor, pelo orgulho, pela culpa, pela pressa, pela indiferença. Enxergamos tudo com os olhos do corpo, mas não vemos nada com os olhos da alma. Ficamos paralisados, esperando que algo mude, sem dar o passo da confiança.
A cura acontece no movimento. A graça se revela no caminho. A fé nasce quando obedecemos, mesmo sem entender tudo. “O cego foi, lavou-se e voltou enxergando.” É assim que Deus age. Ele toca nossa ferida, nos envia à fonte, e ali nos devolve a visão. Mas é preciso ir. É preciso se abrir. É preciso desejar enxergar.
E mais: ao voltar curado, o homem enfrenta perguntas, dúvidas, rejeição, desprezo. Os fariseus não entendem. Não aceitam. Questionam sua identidade, sua história, sua fé. Mas ele permanece firme. Primeiro disse: “Não sei quem é, só sei que eu era cego e agora vejo”. Depois reconhece: “Ele é um profeta”. E por fim, diante de Jesus, proclama: “Eu creio, Senhor!”
Esse é o percurso da fé. Do anonimato à coragem. Da dúvida à confissão. Da cegueira à luz. E no meio disso tudo, um testemunho: “Eu era cego. Agora vejo.” Que também nós possamos dizer isso. Que não tenhamos medo de admitir nossas cegueiras. Que não tenhamos vergonha de buscar a água viva. Que não nos deixemos intimidar pelos que zombam da fé.
Jesus ainda passa. Ele ainda vê. Ele ainda unge. Ele ainda envia. Ele ainda cura. Mas cabe a nós fazer como o cego: ir, lavar-se, voltar… enxergando. Amém.