Homilia de hoje — Liturgia da Missa de domingo, 25/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de domingo, 25/05/25
Amados irmãos e irmãs, hoje o Senhor nos fala da memória — não da memória fraca da carne, mas da memória viva do Espírito. Ele promete enviar o Paráclito, o Defensor, o Espírito da Verdade, pois . E afirma: “Ele vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.”
Não se trata de uma lembrança qualquer, pois o Espírito não vem somente para relembrar frases ou registrar doutrinas. O Espírito Santo não é um gravador divino, mas é o Sopro do Amor entre o Pai e o Filho, que se derrama em nossos corações para tornar presente o que, sem Ele, permaneceria no passado.
Porque sem o Espírito, até o Evangelho vira letra morta. Sem Ele, ouvimos Jesus… e esquecemos. Lemos as Escrituras… e não entendemos. Repetimos as palavras… mas elas não nos transformam. A função do Espírito é nos introduzir na verdade, não como quem ensina lições, mas como quem acende uma chama no fundo da alma.
Por isso Jesus disse “ele vos recordará”. Recordar, do latim re-cordare, é trazer de volta ao coração. O Espírito Santo recorda ao nosso coração aquilo que, humanamente, teríamos esquecido — porque as palavras de Cristo não foram feitas para ficar apenas na cabeça. Foram ditas para enraizar-se no coração, frutificar na vida e moldar o ser.

Deixo-vos a paz
Na escola de Santo Agostinho aprendemos que a memória, mais do que um depósito de lembranças, é uma morada interior onde Deus deseja habitar. Por isso Cristo diz: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada.” O Espírito é quem prepara essa casa. Ele limpa os quartos escuros da nossa alma, areja as janelas da consciência, expulsa o medo e acende a luz da paz.
É Ele quem nos consola quando tudo em volta grita desespero, quem nos corrige, quando o orgulho nos empurra para longe da humildade. Além disso, é Ele quem nos lembra, em meio ao tumulto do mundo, aquilo que Jesus sussurrou no silêncio da cruz: “Pai, perdoa.”
E veja, meu irmão, minha irmã… isso muda tudo. Porque mesmo quando não ouvimos mais — devido ao barulho — mesmo quando a dor parece sufocar a esperança, o Espírito continua recordando. Quando o desânimo chega e você pensa: “Será que Ele continua comigo?”, o Espírito sussurra dentro: “Deixo-vos a paz.” Quando a solidão pesa, e você esquece a promessa, Ele murmura: “Eu voltarei a vós.”

Peçamos ao Espírito
Não é coincidência que essa promessa venha antes da paixão. Jesus sabia que o medo nos tornaria esquecidos. Sabia que os discípulos fugiriam. Sabia que a cruz escandalizaria a esperança. Por isso, prometeu: o Espírito vos recordará. Porque quem ama não deixa o outro esquecer daquilo que dá sentido à vida.
Hoje, abramos espaço para essa memória divina. Peçamos ao Espírito que nos recorde o essencial. Que reacenda a Palavra esquecida, e desperte a alegria prometida, porque transforme a fé em fogo. E que, ao lembrar-nos de Jesus, nos faça mais parecidos com Ele.
Vinde, Espírito Santo. Fazei memória viva em nós.
Amém.