
Meus irmãos, o que temos buscado para saciar nossa sede? Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 23/03/25
Homilia de hoje – domingo, 23/03/25
Meus irmãos em Cristo, o Evangelho de hoje nos leva a um encontro extraordinário entre Jesus e uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó. Não é um encontro qualquer. É um diálogo que revela o desejo de Deus de saciar a sede mais profunda do coração humano. Uma sede que água nenhuma deste mundo pode saciar.
Jesus, cansado da viagem, senta-se junto ao poço ao meio-dia, o momento de calor mais intenso. Eis o primeiro detalhe marcante: Deus se faz presente no calor das nossas jornadas, na fadiga do nosso caminhar. E quando essa mulher chega para tirar água, Jesus lhe pede: “Dá-me de beber”. Que mistério! O Criador do universo pede água a uma criatura. O Deus todo-poderoso se faz necessitado. Mas, na verdade, é Ele quem deseja dar a essa mulher muito mais do que ela pode imaginar.
A samaritana se espanta. Como pode um judeu falar com uma samaritana? Judeus e samaritanos não se davam bem. Mas Jesus não conhece barreiras. Ele veio para todos. Ele olha para além das divisões, para além dos rótulos, e enxerga a alma. E então, Ele diz: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”.
A mulher ainda não compreende. Está presa ao entendimento humano. “Nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva?”. Ela olha para o poço, para a realidade material. Mas Jesus fala de outra sede, uma sede que não se resolve com água física, mas com a graça divina. “Quem beber desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede”.
O quê estamos buscando?
Aqui está o ponto central, meus irmãos! Todos nós buscamos algo que nos preencha. Corremos atrás de seguranças, prazeres, sucessos, mas logo percebemos que nada disso sacia a alma. Sempre queremos mais. Mas Jesus nos oferece algo diferente: uma fonte que jorra para a vida eterna. Uma fonte inesgotável, que não depende das circunstâncias da vida, mas da presença viva de Deus em nós.
A mulher começa a entender e pede: “Senhor, dá-me dessa água!”. Ah, que pedido maravilhoso! Mas Jesus não lhe dá essa água de imediato. Antes, revela-lhe sua própria história, seu passado, seus pecados. Porque a graça de Deus exige uma coisa: verdade. “Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade”. Deus não quer aparências. Ele quer um coração sincero.
E então, Jesus se revela: “Sou eu, que estou falando contigo”. O Messias esperado está ali, diante dela! A mulher deixa o cântaro – o símbolo de sua sede antiga – e corre para anunciar a todos o que encontrou. Aquela que antes evitava as pessoas agora se torna missionária. Quem bebe da água viva não pode guardá-la para si.
Meus irmãos, o que temos buscado para saciar nossa sede? Estamos presos às águas passageiras deste mundo ou já encontramos a fonte inesgotável que é Cristo? Ele nos espera junto ao poço da nossa vida. Ele se faz próximo, pede que abramos o coração e nos oferece muito mais do que poderíamos imaginar.
Que possamos, como a samaritana, deixar nossos cântaros antigos e correr ao encontro do único que pode nos dar a verdadeira vida. Amém.