Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 02/03/25

Homilia diária domingo

Antes de apontarmos o erro dos outros, precisamos reconhecer os nossos. Antes de tentarmos guiar alguém, precisamos enxergar bem. Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 02/03/25

Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo, 02/03/25

O Evangelho de hoje nos traz ensinamentos profundos e, ao mesmo tempo, desafiadores para a nossa vida cristã. Jesus, com a sabedoria divina que revela verdades simples e incontestáveis, usa imagens fortes para nos ensinar sobre a hipocrisia, o julgamento precipitado e a autenticidade da vida cristã. Ele nos convida a olhar para dentro de nós antes de querermos corrigir os outros, a reconhecer nossas falhas antes de apontarmos as dos irmãos.

A primeira pergunta de Jesus já nos coloca em alerta: “Pode um cego guiar outro cego?” Se um guia não enxerga, como poderá conduzir outro? Ambos acabarão caindo no buraco. Essa imagem nos faz refletir sobre a responsabilidade que temos na formação espiritual dos outros. Quantas vezes queremos corrigir, ensinar e aconselhar sem primeiro termos corrigido nossas próprias fraquezas?

Na vida, somos chamados a ser guias uns para os outros, mas como podemos guiar alguém se não enxergamos bem? Como podemos ajudar alguém a sair do erro, se nós mesmos ainda estamos presos a ele? Jesus nos ensina que o primeiro passo para orientar alguém é trabalhar a nossa própria conversão. Só quem busca viver na luz pode iluminar o caminho de outros.

E então Ele nos dá uma lição ainda mais incisiva: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?” Essa frase é um convite à humildade. Temos uma facilidade imensa de enxergar os erros dos outros, mas uma enorme dificuldade de reconhecer os nossos. Apontamos as falhas do próximo, criticamos, condenamos, mas muitas vezes carregamos defeitos muito maiores que não queremos admitir.

O julgamento precipitado e a hipocrisia são grandes armadilhas. Julgamos porque é mais fácil olhar para fora do que para dentro. Criticar o outro nos dá a falsa sensação de que somos melhores. Mas Jesus nos alerta: antes de querer corrigir o irmão, precisamos corrigir a nós mesmos.

E o que é essa trave que temos nos olhos? Pode ser o orgulho, o rancor, a impaciência, o egoísmo. Às vezes, nos incomodamos com um pequeno defeito em alguém, mas não percebemos que carregamos um erro muito maior. E Jesus nos chama de hipócritas quando nos preocupamos mais em corrigir o outro do que em nos corrigir. Ele nos pede que sejamos sinceros conosco mesmos, que façamos um exame de consciência e que, só depois de reconhecermos nossas falhas, possamos ajudar o próximo a superar as dele.

Depois, Jesus nos dá outro ensinamento valioso: “Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons.” Aqui Ele nos ensina que a qualidade dos nossos frutos revela quem realmente somos. Podemos falar bonito, podemos tentar aparentar bondade, mas nossos frutos, ou seja, nossas ações, nossas atitudes, mostram a verdade sobre nós.

Muitas vezes nos preocupamos mais com as aparências do que com a essência. Queremos parecer bons, mas será que estamos realmente produzindo frutos bons? Será que nossa vida reflete o amor de Deus? Ou estamos sendo como árvores que, por dentro, estão secas e doentes, incapazes de gerar frutos saudáveis?

Jesus nos ensina que não podemos dar o que não temos. Se nosso coração está cheio de inveja, rancor e orgulho, é isso que nossa vida irá transparecer. Mas se nosso coração está cheio de bondade, paciência e misericórdia, isso será visível nos nossos atos. A boca fala do que o coração está cheio. Se vivemos reclamando, criticando e espalhando palavras duras, precisamos olhar para dentro e perguntar: o que está enchendo o meu coração?

Queridos irmãos, hoje Jesus nos convida a uma profunda revisão de vida. Antes de apontarmos o erro dos outros, precisamos reconhecer os nossos. Antes de tentarmos guiar alguém, precisamos enxergar bem. Antes de querermos colher bons frutos, precisamos ser boas árvores.

E como conseguimos isso? Cultivando um coração cheio de Deus. Quanto mais nos alimentamos da Palavra, quanto mais nos abrimos à graça, quanto mais buscamos viver o Evangelho, mais frutos bons iremos produzir.

Hoje, Jesus nos chama à coerência, à humildade e à conversão sincera. Que possamos tirar as traves dos nossos olhos, cuidar do nosso coração e deixar que nossa vida seja um testemunho verdadeiro do amor de Deus. Amém!