Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 6ª-feira, 23/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 6ª-feira, 23/05/25

Meus irmãos e minhas irmãs,

Jesus hoje não faz um pedido. Ele nos dá um mandamento. Mas — diferente da dureza de uma ordem — o que Ele nos propõe é um caminho de cura. Não um peso, mas um alívio. Não uma lei que prende, mas uma direção que liberta: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

A verdade é que cada um de nós nasce com fome de amor. Antes de entender o mundo, antes mesmo de saber falar, nosso coração já sabe sentir. Sabemos o que é rejeição. Sabemos o que é o calor de um abraço. Desde pequenos, procuramos esse lugar onde podemos ser acolhidos como somos. Onde não precisamos nos esconder, nem nos defender.

Jesus sabe disso. Por isso, Ele não nos manda apenas amar — Ele nos ensina como amar. “Como eu vos amei.” E aqui está o segredo. O amor de Jesus não é feito de palavras doces, nem de promessas vazias. Ele é concreto. Ele toca os intocáveis. Perdoa os imperdoáveis. Chora com os que choram. Parte o pão. Lava os pés. E dá a vida.

Ninguém tem maior amor

Amar como Ele amou é o único jeito de fazer o mundo voltar a ser habitável. É o único jeito de transformar relações doentes em vínculos curadores. Amar como Ele amou não é dizer “eu te amo” da boca pra fora — é dizer isso com o tempo que dedicamos, com a escuta que oferecemos, com a paciência que praticamos.

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos.” Jesus não está falando de perecer numa cruz literal. Mas de morrer um pouco todo dia por amor: renunciar ao egoísmo. Descer do pedestal. Perdoar. Escutar. Servir sem esperar nada em troca. Dizer “não” quando é preciso, com firmeza e ternura.

E ainda assim, mesmo exigente, esse amor é leve. Porque Jesus não nos chama servos. Ele nos chama amigos, e não nos trata como peões de um jogo. Jesus nos convida a uma comunhão, uma partilha conosco o que há de mais íntimo: tudo o que ouviu do Pai.

Amai-vos uns aos outros

Você consegue imaginar isso? O Deus do universo, que poderia ser distante e inalcançável, nos chama de amigos. E quando somos amigos de Jesus, aprendemos a olhar o outro com os olhos d’Ele. A ver beleza onde o mundo só vê fracasso, valor onde a sociedade vê descartável, e ver esperança onde tudo parece perdido.

É nesse amor que o nosso coração encontra repouso. E é nesse amor que ele também se inquieta, até aprender a amar de volta.

Hoje, escute de novo a voz de Jesus — não como uma obrigação, mas como um chamado: “Amai-vos uns aos outros.” Comece de onde você está. Comece com quem está perto. O cônjuge, o colega, o irmão que te irrita, o desconhecido que você julga. Amar como Jesus nos amou é o fruto que permanece. É o único mandamento que ainda cura, ainda salva, ainda transforma.

E é esse amor que revela quem de fato somos: discípulos. Amados. Escolhidos. Amigos. Amém.