
Deus transforma o que o mundo despreza em algo glorioso. A cruz, que parecia o fim, tornou-se o começo da redenção. Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 6ª-feira, 21/03/25
Homilia de hoje – 6ª-feira, 21/03/25
O Evangelho de hoje nos apresenta uma parábola carregada de simbolismo e profundidade teológica. Jesus, falando diretamente aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, conta a história de um proprietário que plantou uma vinha, cercou-a com cuidado, construiu tudo o que era necessário para que desse frutos e, então, a arrendou a vinhateiros antes de partir. Quando chegou o tempo da colheita, ele enviou seus empregados para receber o que lhe era devido, mas os vinhateiros os espancaram e os mataram. Por fim, o proprietário enviou seu próprio filho, acreditando que, pelo menos a ele, respeitariam. Mas os vinhateiros, ao vê-lo, disseram: “Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!”. E assim fizeram.
Essa parábola é uma metáfora poderosa da história da salvação. O proprietário da vinha representa Deus Pai. A vinha simboliza Israel, o povo eleito, plantado e cuidado pelo Senhor ao longo dos séculos. Os vinhateiros são os líderes religiosos que receberam a responsabilidade de conduzir esse povo, mas que falharam miseravelmente em sua missão. Os empregados enviados são os profetas, aqueles que Deus levantou ao longo da história para chamar Israel à fidelidade. Mas, como sabemos, os profetas foram perseguidos, rejeitados e mortos. E, por fim, Deus enviou seu próprio Filho, Jesus Cristo. E qual foi a reação? “Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo!”
O coração humano, quando endurecido pelo pecado e pela soberba, se revolta contra Deus. O orgulho faz com que o homem não apenas ignore a voz de Deus, mas tente eliminá-la. Os líderes religiosos da época de Jesus enxergavam nele uma ameaça. Não porque ele fosse um criminoso ou um agitador, mas porque sua simples presença denunciava suas falhas, sua hipocrisia e sua falta de frutos. A presença da luz incomoda aqueles que preferem permanecer nas trevas.
Mas o que essa parábola nos ensina hoje? Será que também não somos, muitas vezes, como esses vinhateiros? Deus nos confia dons, oportunidades, uma missão. Ele nos cerca de bênçãos, nos dá talentos, nos coloca em famílias, em comunidades de fé, nos dá acesso à sua Palavra e à Eucaristia. Mas o que fazemos com essa herança? Será que entregamos os frutos ao Senhor ou vivemos como se fôssemos donos da vinha, resistindo à sua presença e ignorando sua voz?
Jesus encerra a parábola com uma advertência forte: “O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”. Deus é paciente, mas não aceita que sua graça seja desperdiçada. O que Ele nos confia deve produzir vida, transformação, justiça e amor. A vinha não é nossa. Somos apenas administradores, chamados a dar frutos dignos do Evangelho.
E há mais um detalhe crucial: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”. Os líderes rejeitaram Cristo, mas Ele se tornou o fundamento da Igreja. Deus transforma o que o mundo despreza em algo glorioso. A cruz, que parecia o fim, tornou-se o começo da redenção. E nós, aceitamos Cristo como nossa pedra angular ou ainda o rejeitamos em nossas atitudes, escolhas e omissões?
Meus irmãos, a vinha do Senhor precisa dar frutos. Não sejamos como os vinhateiros infiéis. Que nossa vida produza justiça, misericórdia, fé e amor. Que não rejeitemos o Herdeiro, mas que o acolhamos como nosso Salvador. Pois, no fim, Ele virá para cobrar os frutos, e felizes serão aqueles que tiverem algo a oferecer.
Amém.