
Quantas vezes estamos como aquele homem mudo, aprisionados por sentimentos, traumas, pecados que nos impedem de falar, de nos expressar, de viver plenamente? Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 5ª-feira, 27/03/25
Homilia de hoje – Missa de 5ª-feira, 27/03/25
O Evangelho de hoje nos coloca diante de um acontecimento poderoso e, ao mesmo tempo, profundamente revelador. Jesus expulsa um demônio que tornava um homem mudo. E ao libertá-lo, devolve-lhe a voz. Aquele que antes vivia no silêncio da opressão agora fala. E as multidões se admiram. Mas nem todos se alegram com o bem realizado. Alguns acusam: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios”. Outros, insatisfeitos, pedem mais sinais. Que dureza de coração!
Jesus, conhecendo seus pensamentos, responde com clareza e sabedoria. “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído”. E nos dá um argumento irrefutável: se Satanás estiver dividido, seu próprio império cairá. Como poderia o maligno expulsar o maligno? Essa acusação não apenas é ilógica, mas esconde uma resistência à verdade. Diante do bem, escolhem a calúnia. Diante da luz, preferem as trevas.
Mas Jesus não para por aí. Ele declara: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus”. Aqui está a chave de toda essa passagem. O “dedo de Deus” é a força do Espírito Santo. Não é apenas uma ação de libertação, mas um sinal da presença viva de Deus no meio do seu povo. Quando Jesus liberta, Ele inaugura o Reino. Onde há cura, verdade, justiça e libertação, ali está o Reino em ação.
Jesus também fala do confronto entre o homem forte e o mais forte ainda. O diabo é o homem armado que guarda seus bens. Mas Cristo é o mais forte, que o vence, desarma-o e liberta os prisioneiros. Eis a boa notícia: Jesus veio para romper as correntes, derrubar fortalezas, calar as mentiras do inimigo e dar nova vida aos cativos.
Mas Ele nos faz um alerta sério: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa”. Não há espaço para neutralidade no Evangelho. Ou estamos com Cristo, ou estamos contra. Ou ajudamos a construir o Reino, ou contribuímos para o caos. Não basta admirar Jesus. É preciso segui-lo, tomar posição, escolher de que lado queremos estar.
E hoje, Ele continua a nos libertar. Quantas vezes estamos como aquele homem mudo, aprisionados por sentimentos, traumas, pecados que nos impedem de falar, de nos expressar, de viver plenamente? Mas se deixarmos que o dedo de Deus toque nossas feridas, o Reino também chegará a nós.
Abramos, pois, o coração. Deixemos Jesus entrar, expulsar o que nos oprime e restaurar nossa voz. Porque o Reino de Deus não é teoria. Ele é vida que se manifesta quando permitimos que o mais forte vença em nós.
Amém.