Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 26/06/25
Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 26/06/25
Irmãos e irmãs, imaginem um homem sábio, mãos calejadas pelos anos de trabalho, erguendo os alicerces de sua casa junto ao sopé de uma montanha. Ele escava a rocha viva, firma vigas e apoia cada parede sobre a pedra firme, sabendo que a chuva virá, que os ventos açoitarão as paredes, mas também crendo que sua morada resistirá aos dilúvios.
Do outro lado, visualizemos alguém que constrói na beira de um rio, sobre a areia macia, empilhando tijolos sem cuidado, fascinado pelo imediatismo do barro úmido, sem pressentir que a primeira tempestade varrerá os muros frágeis e deixará apenas o vazio do terreno desfeito.
É essa imagem pungente que o Senhor nos deixa ao final do Sermão da Montanha: não basta proclamar “Senhor, Senhor” — não basta erguer altares no coração ou multiplicar palavras piedosas — se não vivemos a vontade do Pai que está nos céus.
Muitos, naquele grande dia de juízo, apontarão suas conquistas: “Em teu nome expulsamos demônios, fizemos milagres, profetizamos maravilhas!” Mas o Filho dirá suavemente: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.”
O Evangelho de Mateus nos exorta a deter o ouvido nas palavras de Cristo e a deixá-las moldar cada gesto, cada decisão. A casa construída sobre a rocha é o coração que, ao experimentar a revelação do amor de Deus, firma-se na fé ativa: ergue a partilha ao pobre, defende o oprimido, acolhe o estrangeiro, perdoa sem medida.
Quando as tempestades da vida trazem perdas, enfermidades, traumas e desilusões, essa alma não desaba, porque cada ato de obediência à vontade do Pai edificou-se no profundo do seu ser.

A casa interior
Porém, se ouvimos as palavras divinas como quem escuta música distante, bom apenas para embalar sonhos, mas não mudamos o rumo das atitudes, estaremos construindo na areia movediça: nossas rezas poderão soar belíssimas, nossas liturgias impecáveis, mas faltar-nos-á a raiz que impede a derrocada quando a tempestade chegar.
E então, no silêncio que se segue ao ensinamento de Jesus, há um convite urgente: testemos hoje onde estamos edificando. Será que a fé se restringe a declarações de glória, ou ela se concretiza em gestos de misericórdia? Nossa casa interior é construída no seio da Rocha que é Cristo, ou desliza pelas conveniências do mundo?
Que cada um de nós, antes que os ventos soprem, escale a montanha da oração, escave o fundamento da Palavra e assente, com confiança, os pilares de uma vida fundada no amor à vontade do Pai. Assim, quando vierem as chuvas, as enchentes e os vendavais, encontraremos abrigo na fortaleza invencível daquele que disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” Amém.