Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 22/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 22/05/25
Caríssimos irmãos, hoje o Evangelho nos convida a mergulhar no coração do Cristo, e ouvir Dele uma palavra que parece simples — mas que é, na verdade, abismo de mistério e fonte de vida: “Permanecei no meu amor, para que a vossa alegria seja plena.”
Aqui, o Senhor nos revela não apenas um caminho, mas a condição essencial da alegria verdadeira, não da alegria momentânea, ilusória ou fabricada por coisas do mundo. Mas daquela alegria que permanece, mesmo quando o chão treme, mesmo quando o corpo enfraquece, mesmo quando o mundo vira o rosto.

Como se permanece no amor?
Essa alegria plena nasce de um verbo que é exigente, quase esquecido: permanecer. Porque amar é fácil no começo, mas o difícil é permanecer no amor. Permanecer quando não se sente, quando custa, pois permanecer quando o outro, falha, e quando tudo em nós quer fugir. Jesus não nos chama a uma afeição passageira, mas a um vínculo duradouro, como Ele mesmo vive com o Pai: “Como o Pai me amou, assim também Eu vos amei.”
O amor de Cristo não é uma ideia abstrata, nem um afeto instável,pois ele nos amou até o fim. Até a cruz. E nos convida a permanecer nesse amor como quem se ancora na rocha. Não se trata de emoção, mas de decisão. Não se trata de simpatia, mas de fidelidade.
E como se permanece no amor? Jesus nos responde sem ambiguidade: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.” Aqui está a pedagogia divina: obedecer é amar. E amar é guardar a Palavra. Quem ama Cristo, escuta e faz. Não à força, mas por resposta. Não por medo, mas por adesão.

Alegria completa
Irmãos, num tempo em que a obediência virou quase um palavrão, precisamos redescobrir essa nobreza espiritual: obedecer por amor. Não como servos forçados, mas como amigos fiéis. Obedecer porque confiamos. Porque reconhecemos que a vontade d’Aquele que nos criou é sempre boa, mesmo quando exige renúncia. A obediência não mata a liberdade — purifica. Não sufoca o desejo — orienta. E leva ao fruto mais alto: a alegria plena.
Jesus quer que nossa alegria seja completa. Não pela ausência de problemas. Mas pela presença d’Ele. Uma alegria que não depende do externo, mas que nasce da certeza de sermos amados por Aquele que não muda. Uma alegria que cresce quando amamos como Ele amou: gratuitamente, pacientemente, misericordiosamente.
Por isso, irmãos, examinemo-nos com seriedade: em que temos tentado colocar nossa alegria? No reconhecimento dos outros, ou no conforto e sucesso? Tudo isso passa. Só o amor permanece. Só o amor salva. E só nele — nele! — a alegria encontra repouso.
Peçamos ao Senhor hoje a graça de permanecer. Permanecer quando orar parecer seco e quando servir parecer injusto. Permanecer quando obedecer parecer difícil. Porque, no fim, quem permanece no amor permanece em Deus. E quem permanece em Deus não falta de nada. Nem mesmo de alegria. Amém.