Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 15/05/25

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Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 5ª-feira - homilias.com.br

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 5ª-feira, 15/05/25

Caríssimos irmãos em Cristo, hoje somos novamente levados ao Cenáculo, não como espectadores, mas como participantes. Diante de nós, o Mestre se curva. O Verbo eterno, por quem todas as coisas foram feitas, ajoelha-se diante do pó e da fraqueza dos seus discípulos. Não por dever ou para ser admirado, mas por amor e para ensinar. Ele lava os pés e serve.

E logo depois, com a mesma autoridade com que criou o mundo, Ele afirma: “O servo não está acima do seu Senhor”. Ora, para nós, tão acostumados com hierarquias humanas, essa palavra pode parecer simples. Mas aqui, Cristo define a espiritualidade do discipulado. Segui-Lo não é ter prestígio, é descer, lavar pés, é renunciar ao trono do próprio ego.

Felicidade

Mas há mais. Jesus diz: “Se sabeis isto e o puserdes em prática, sereis felizes”. Aqui está uma chave agostiniana. A verdadeira felicidade não está no saber teórico, mas no agir conforme a Verdade. Porque, como ensina Santo Agostinho, “a verdade, quando não é vivida, torna-se um fardo, não uma luz”. O Senhor nos ensina que a bem-aventurança nasce da coerência: saber e praticar. Ouvir e obedecer. Crer e servir.

Contudo, o texto também carrega uma dor silenciosa. Jesus, que conhece o coração de cada um, menciona aquele que “levantou contra Ele o calcanhar”. A referência ao Salmo 41 nos leva ao mistério da traição. Mas vejam: o Senhor não denuncia, não expulsa. Ele ama até o fim. Ele lava também os pés do traidor e oferece pão até ao que O entrega. Amor que se oferece sabendo que será rejeitado. Essa é a medida divina.

E então Ele conclui com uma sentença que nos alcança profundamente: “Quem recebe aquele que eu enviar, me recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.” O mistério da missão se revela. Aquele que se faz servo torna-se portador de Deus. Aquele que anuncia em nome de Cristo carrega o próprio Cristo. E, por meio dele, o Pai se manifesta.

Acolher

Meus irmãos, esta palavra nos chama a uma conversão da lógica. O mundo ensina que o maior é o servido. O Evangelho revela que o maior é o que serve. O mundo valoriza o poder. O Senhor consagra a entrega. No lava-pés, temos o ícone da Igreja: ajoelhada diante da dor do outro, levando em suas mãos o consolo do Pai. Não com palavras bonitas, mas com gestos encarnados.

Assim, ao acolher o outro, acolhemos Cristo. Ao dar atenção ao pequeno, ao visitar o doente, ao escutar o desesperado, ao lavar os pés cansados da vida alheia — acolhemos o Enviado. E, acolhendo o Enviado, tocamos no próprio Pai.

Vivamos, então, este chamado com ousadia e humildade. Lavemos os pés com reverência. Sirvamos com alegria. E, sobretudo, pratiquemos o que sabemos — para que, em Cristo, nossa alegria seja completa e nossa vida, sinal da Presença divina no mundo.

Amém.