
Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 4ª-feira, 23/04/25
Homilia de hoje – Missa de 4ª-feira, 23/04/25
Cristo ressuscitou! Aleluia! Hoje a Palavra nos leva a um dos encontros mais tocantes do Ressuscitado: o caminho de Emaús. Dois discípulos caminham, desanimados, confusos, com os corações mergulhados em frustração. Tudo o que esperavam parecia ter morrido na cruz. A esperança deles tinha sido enterrada junto com Jesus.
Mas o Ressuscitado se aproxima. Ele caminha com eles. E eles não o reconhecem. Estão cegos, como nós também ficamos tantas vezes. Cegos pelas decepções, pela dor, pelas expectativas frustradas. Mas Jesus caminha ao nosso lado mesmo quando não o reconhecemos. Ele se faz presente na estrada da vida, mesmo no silêncio, mesmo quando parece distante.
Ele pergunta, escuta, provoca. Depois, começa a abrir as Escrituras. Explica tudo, desde Moisés até os profetas. E, pouco a pouco, o coração deles começa a aquecer. “Não ardia o nosso coração enquanto Ele nos falava pelo caminho?” — dirão mais tarde. A Palavra, quando é viva, faz isso: arde. Incendeia. Ressuscita por dentro.
Reconheceram-no ao partir o pão
Mas o reconhecimento pleno só acontece no gesto. Quando estão à mesa, Ele toma o pão, abençoa, parte e dá. E, nesse instante, os olhos se abrem. “Reconheceram-no ao partir o pão.” Não foi apenas na explicação das Escrituras, mas no gesto que refaz a memória da Última Ceia. O Ressuscitado se revela na Eucaristia. O pão partido é o sinal do Cristo vivo, entregue, presente.
E logo depois Ele desaparece. Porque já não precisam mais vê-Lo com os olhos do corpo. Agora sabem: Ele está. Ele vive, se dá. e permanece. E então, sem hesitar, voltam para Jerusalém. Aqueles mesmos que antes fugiam do lugar da dor, agora correm para lá como testemunhas da vida.
Meus irmãos, reconhecer Jesus ao partir o pão é o desafio e a graça da nossa fé. Ele está presente em cada celebração. Ele se parte por nós em cada Eucaristia. E cada vez que partimos o pão da solidariedade, da escuta, da reconciliação — Ele está lá. Porque a ressurreição não se vê apenas com os olhos. Ela se experimenta no coração que arde e nas mãos que partilham.
Hoje, peçamos essa graça: olhos que saibam ver, mesmo quando tudo parece escuro; corações que saibam arder, mesmo quando tudo parece frio; pés que saibam voltar para a comunidade, mesmo quando a estrada parecer longa.
Porque o Senhor está vivo. E continua a se dar. E continua a nos surpreender. No caminho. Na Palavra. No pão partido. Amém.