
O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que o trair. Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 4ª-feira, 16/04/25
Homilia de hoje – Missa de 4ª-feira, 16/04/25
Hoje, o Evangelho nos conduz à véspera da paixão. O ambiente é a ceia. A mesa está posta. Os discípulos estão ali, com Jesus. Tudo parece comum — mas, por dentro, tudo treme. Porque Jesus quebra o silêncio com uma verdade cortante: “O Filho do Homem vai morrer.”
Não é um lamento. Não é uma queixa. É a aceitação consciente da missão. Ele sabe o que está para acontecer. Sabe da trama, da traição, do sofrimento. E mesmo assim, permanece. Jesus não foge. Ele vai ao encontro da cruz, não como vítima arrastada, mas como pastor que entrega a vida pelas suas ovelhas.
“Ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” — diz Jesus. Palavras duras, mas não de condenação. Palavras de dor. Porque Jesus não fala como juiz, mas como amigo ferido. Seu coração não quer a morte do traidor. Ele quer a conversão. Ele ainda oferece o pão. Ainda dá a chance. Ainda ama.
E no centro dessa ceia, dessa tensão, dessa escuridão prestes a cair, ressoa a profecia que se cumpre: o Filho do Homem vai morrer. Porque a Escritura precisa ser cumprida. Porque o amor não se acovarda. Porque a salvação do mundo passa pela obediência até o fim.
Jesus morre não porque foi derrotado. Mas porque decidiu vencer pelo amor. A cruz, escândalo para os homens, é glória aos olhos de Deus. A entrega do Filho não é fraqueza, é força. Não é o fim, é começo. Por isso, mesmo no anúncio da morte, há um prenúncio de vida.
Meus irmãos, o Filho do Homem vai morrer. Mas não sem antes lavar nossos pés, perdoar nossos pecados, estender a mão aos que caíram. Ele morre por nós. E espera, ainda hoje, nossa resposta.
O que faremos nós com esse amor? Vamos negá-lo? Vamos traí-lo? Ou vamos dizer com verdade: “Senhor, eu também te neguei tantas vezes… mas agora, eu quero seguir-te até a cruz, e além dela.” Amém.