Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 3ª-feira, 20/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 3ª-feira, 20/05/25

Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 3ª-feira - homilias.com.br

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 3ª-feira, 20/05/25

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

Caríssimos irmãos em Cristo, hoje, com a alma curvada diante do Mistério e o coração aquecido pela Palavra, somos convidados a contemplar uma promessa de Nosso Senhor que, à primeira vista, parece simples, mas que carrega em si um abismo de sabedoria divina. “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo.”

O mundo fala de paz. Mas o mundo mente. Ele oferece acordos frágeis, silêncios tensos entre guerras, distrações para a alma ferida. A paz do mundo é como neblina: aparece, mas logo se desfaz. Jesus, porém, nos dá a Sua paz — e aqui reside um abismo teológico que exige fé viva e razão iluminada pela graça.

Cristo está às vésperas de Sua Paixão quando pronuncia essas palavras. Ele sabe que os discípulos sentirão medo, abandono, confusão. E por isso antecipa o consolo: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.”

Essa paz não é ausência de conflito — é presença de Deus. Santo Agostinho, nosso mestre no entendimento das Escrituras, dizia que “a paz é a tranquilidade da ordem.” Não a ordem imposta por força humana, mas a ordem estabelecida por Deus no coração do homem: Deus em primeiro lugar, o próximo amado com justiça, e o eu submetido ao amor verdadeiro.

Quando Jesus diz: “vou, mas voltarei a vós”, Ele não está somente falando do retorno após a ressurreição. Ele aponta para a promessa do Espírito Santo, para Sua presença sacramental na Eucaristia, e para Sua vinda gloriosa no fim dos tempos. Ele vai ao Pai, mas não nos deixa órfãos.

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Inferioridade do Filho?

No versículo 28, Jesus afirma: “O Pai é maior do que eu.” Ora, isto nunca significou uma inferioridade ontológica — pois, como ensina Agostinho, no De Trinitate, o Filho é da mesma substância do Pai, consubstancial, eterno, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.

Mas Jesus fala aqui da Sua condição humana. Ele se submeteu, Ele se fez servo, para revelar que o amor verdadeiro é obediência. E Ele o diz para crermos quando tudo parecer desmoronar: “Disse-vos isto, agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós acrediteis.”

Não há teologia verdadeira sem cruz. E não há paz verdadeira sem fé. Cristo entrega Sua paz no mesmo momento em que caminha para o Getsêmani. Ele está sendo entregue, mas é Ele quem se entrega. O mundo pensa que tem poder — Pilatos pensava. Judas pensava. O “chefe deste mundo” pensava. Mas Cristo afirma: “Ele não tem poder sobre mim.”

Caros irmãos, Santo Agostinho dizia que o coração do homem é inquieto enquanto não repousa em Deus. E só repousa quem vive na graça, quem vive em estado de amizade com Deus. A paz que Jesus nos dá é a paz do Cordeiro obediente, não a paz do mundo conformado.

Essa paz não é um anestésico. É uma força, uma estabilidade interior que vem do Espírito Santo. Essa Paz é a certeza de que estamos onde deveríamos estar, mesmo quando tudo à nossa volta desaba.

Ao dizer que ama o Pai e faz o que o Pai lhe ordenou, Jesus nos mostra o caminho da verdadeira paz: a obediência ao amor de Deus. Não à força do mundo ou aos apetites desordenados. Mas à vontade santa de um Pai que quer a salvação de Seus filhos.

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A Paz é Cristo

Amados, a paz que Jesus nos dá não é um sentimento — é uma Pessoa. É Ele. Recebê-lo é receber a paz. Negá-lo é condenar-se à agitação perpétua.

Se queremos paz no lar, paz na Igreja, paz na alma — não a busquemos em acordos humanos, mas no altar, na confissão, no silêncio diante do Santíssimo. A paz começa quando o coração se curva a Cristo.

Que Nossa Senhora, Rainha da Paz, interceda por nós. E que nesta Santa Missa possamos acolher, como os discípulos no Cenáculo, a paz que brota do lado aberto do Salvador.

Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.