
Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 3ª-feira, 11/03/25
Homilia de hoje
Queridos irmãos e irmãs, hoje nos deparamos com a oração mais poderosa, mais bela e mais profunda que já foi ensinada: o Pai Nosso. Não é um conjunto de palavras bonitas para enfeitar nossa fé. É um chamado. Um convite de Cristo para entrarmos na intimidade do próprio Deus.
Mas atenção! Essa oração não pode ser repetida como um simples mantra, como uma fórmula mágica. Jesus já nos avisa: “Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos.” Ele não quer discursos vazios, quer coração.
A oração não é um teatro. Não é um contrato onde tentamos negociar com Deus. A oração é um diálogo entre Pai e filhos. E que Pai! Um Deus que nos conhece antes mesmo que abramos a boca. Um Deus que vê, que sente, que ama.
Agora, prestemos atenção em cada palavra dessa oração. Porque nelas está o segredo do coração de Deus e da nossa salvação.
“Pai Nosso que estás nos céus”
De cara, Jesus nos ensina que Deus não é um soberano distante, não é um juiz impiedoso, não é um patrão exigente. Ele é Pai. Mas não qualquer pai. Nosso Pai. De todos, sem exceção. O Pai do rico e do pobre, do santo e do pecador, do amigo e do inimigo.
Dizer “Pai Nosso” é abandonar o egoísmo, rasgar a vaidade. Não posso chamar Deus de Pai e desprezar meus irmãos. Se Ele é Pai, então somos todos filhos.
E Ele está nos céus. Não porque esteja longe, mas porque é maior do que tudo o que podemos imaginar. Um Pai que governa o universo e, ao mesmo tempo, se importa com cada lágrima que escorre no rosto de Seus filhos.
“Santificado seja o teu nome”
Aqui não estamos apenas pedindo para que o nome de Deus seja respeitado. Estamos dizendo: “Senhor, que a minha vida santifique o teu nome!”
E agora, eu pergunto: será que santificamos o nome de Deus no nosso dia a dia? Ou será que o desonramos com palavras duras, com julgamentos precipitados, com a falta de amor?
Santificar o nome de Deus é mais do que dizer “Senhor, Senhor”. É viver de forma que, ao olharem para nós, os outros vejam um reflexo da bondade do Pai.
“Venha o teu Reino”
Isso não é um desejo abstrato, uma ideia vaga sobre o futuro. É um clamor. Um grito de urgência. O Reino de Deus não é um lugar distante, lá no fim dos tempos. Ele começa aqui, agora, no coração de quem ama, de quem perdoa, de quem serve.
Mas atenção! Se pedimos que o Reino de Deus venha, precisamos perguntar: estamos abrindo espaço para Ele? Ou ainda estamos construindo nossos próprios reinos de orgulho, de vaidade, de egoísmo?
“Seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus”
Aqui, irmãos, está a grande luta da vida cristã. Porque, sejamos honestos: não queremos fazer a vontade de Deus. Queremos que Ele faça a nossa. Queremos que tudo aconteça do nosso jeito, no nosso tempo, conforme nossos planos.
Mas Jesus nos ensina a pedir: “Senhor, que a tua vontade seja a minha!”
E a vontade de Deus não é uma sentença de sofrimento. É um caminho de vida. Nem sempre fácil, mas sempre certo.
“O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”
Jesus nos ensina a pedir o pão. Mas vejam: o pão nosso. Não o meu, não o seu, mas o nosso.
Isso significa que, enquanto houver um irmão passando fome, essa oração continua sendo um chamado à partilha. Deus nos dá o pão, mas não para que o acumulemos, e sim para que o repartamos.
E esse pão não é só o alimento material. É também o pão da Palavra, o pão da Eucaristia, o pão do amor. E Ele nos ensina a pedir “hoje”, porque a graça de Deus é diária. Ele não nos dá o pão do ano todo, mas o de cada dia, para que confiemos n’Ele continuamente.
“Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”
Aqui, o pedido se transforma em condição. Queremos o perdão de Deus? Precisamos perdoar os outros.
E agora eu pergunto: como está nosso coração? Guardamos rancor? Alimentamos mágoas? Desejamos vingança?
Porque Jesus está dizendo: “Se você não perdoa, não peça perdão.”
Isso pode parecer duro, mas é libertador. Quem não perdoa vive preso. O perdão não apaga a dor do passado, mas abre caminho para um futuro de paz.
“Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal”
O inimigo ronda. E não vem de chifres e tridente. Vem disfarçado. No orgulho, no prazer desordenado, no desejo de poder.
Jesus nos ensina a pedir forças, porque Ele sabe que sozinhos não resistimos. Mas com Deus, vencemos.
E vejam como a oração termina: “Livra-nos do mal.” Não apenas do mal exterior, mas do pior de todos: o mal que nasce dentro de nós.
Oração que nos transforma
Queridos irmãos, o Pai Nosso não é uma oração qualquer. É um desafio. Um compromisso. Cada palavra nos chama a viver de maneira nova.
Chamar Deus de Pai exige que vivamos como filhos.
Pedir pelo Reino exige que sejamos sinais dele.
Pedir o pão exige que partilhemos.
Pedir o perdão exige que perdoemos.
Hoje, Jesus nos ensina a rezar. Mas não uma oração vazia, automática, sem alma. Ele nos ensina a nos transformar.
Que ao dizermos “Pai Nosso”, sejamos de fato filhos que honram o nome do Pai. E que ao dizermos “Seja feita a tua vontade”, tenhamos a coragem de viver como Ele quer.
E então, irmãos, a oração não será mais apenas palavras. Será vida. Amém!