Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 2ª-feira, 26/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 2ª-feira, 26/05/25
Caríssimos irmãos em Cristo, ao nos aproximarmos do coração da promessa de Jesus, ouvimos hoje uma das declarações mais intensas e delicadas do Evangelho de João: “O Espírito da Verdade, que procede do Pai, dará testemunho de mim.” Isso não é anúncio de consolo, é a arquitetura divina da missão da Igreja e o sopro da fidelidade de Deus sustentando os fiéis no meio das perseguições.
Antes de tudo, precisamos entender o que significa esse “Espírito da Verdade”. Não se trata de uma ideia abstrata ou de uma verdade filosófica fria. O Espírito é Pessoa que vem do Pai e é enviado pelo Filho. Ele brota do amor eterno entre o Pai e o Filho, e, como fogo que não consome, ilumina as consciências sem destruir as liberdades. Ele não inventa uma nova mensagem nem fala de si. Antes, Ele recorda, testemunha, revela o Cristo. Sempre o Cristo.

Jesus é o Senhor
Aliás, note que Jesus não diz que o Espírito falará “sobre” Ele, mas que dará testemunho. E aqui temos algo profundo. Testemunhar não é simplesmente ensinar. É tornar presente. É oferecer ao mundo a verdade do Cristo com a força de quem vive em comunhão com Ele. Assim como o sangue dos mártires grita nas pedras das catacumbas, o Espírito grita em nossos corações: “Jesus é o Senhor.”
Portanto, o testemunho do Espírito não se limita à palavra — é vida vivida. É perdão oferecido quando todos esperavam vingança, e quando o mundo propõe guerra. É a coragem de permanecer fiel quando a mentira parece vencer. Tudo isso nasce de uma certeza: o Espírito está conosco. E Ele testemunha para fora e também dentro de nós.
Dessa forma, não nos espantemos com a advertência de Jesus. O mundo, que não conhece o Pai nem o Filho, rejeita o testemunho. Expulsa. Condena. Mata em nome de uma verdade deformada. Mas, mesmo diante dessa realidade, o Espírito continua a agir. Quando o Evangelho é silenciado nas praças, Ele o anuncia no coração dos perseguidos. Quando os discípulos são calados pela espada, Ele grita nas entrelinhas da cruz.

O verdadeiro testemunho
Ainda mais, o Senhor nos prepara. Ele diz: “Eu vos disse estas coisas para que a vossa fé não seja abalada.” Não quer que sejamos pegos de surpresa. Quer que estejamos de pé. O Espírito não foi dado para nos tirar das tempestades, mas para nos manter firmes dentro delas. Porque o verdadeiro testemunho não nasce no conforto, mas na entrega. Não brota do palco, mas da fidelidade nas noites escuras.
Ao fim, que nosso testemunho, unido ao d’Ele, leve muitos a dizer com humildade: “Eu vi o Senhor. Eu ouvi sua voz. E por causa disso, agora eu creio”. Amém.