Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 2ª-feira, 14/04/25

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Nesta Semana Santa, aprendamos com Maria. Que nossos gestos sejam cheios de perfume. Homilia de hoje – Liturgia da Missa de 2ª-feira, 14/04/25

Homilia de hoje – Missa de 2ª-feira, 14/04/25

Estamos agora no limiar da Páscoa. Seis dias antes da entrega total de Jesus, somos convidados a entrar com Ele na intimidade de uma casa, em Betânia, onde habita a amizade, o serviço e também o mistério. Ali, entre Marta, Maria e Lázaro, Jesus encontra acolhida. Mas ali também, a cruz já lança sua sombra.

Neste Evangelho, vemos Maria tomar um frasco de nardo puro, caríssimo, e derramá-lo sobre os pés de Jesus. Ela não diz palavra. Sua linguagem é o gesto. Um gesto exagerado, ousado, desconcertante. Um gesto que escandaliza Judas, mas que toca profundamente o coração do Senhor.

Jesus então a defende: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura.” Aqui, somos confrontados com algo grandioso. Maria antecipa, sem saber plenamente, o que será a unção do corpo morto de Jesus. Sua adoração não é apenas devoção. É profecia. É preparação. É amor que reconhece, mesmo no silêncio, que a morte está próxima — e que o amor não espera.

O perfume enche a casa. É sinal de algo que vai além do que os olhos veem. Como o corpo de Cristo será entregue por nós, assim aquele perfume se derrama, sem medidas, para ungir o Cordeiro que se aproxima do altar do sacrifício. Maria compreende, em profundidade espiritual, o que os discípulos ainda não entendem. Enquanto Judas calcula, ela se entrega. Enquanto ele questiona o valor do gesto, ela responde com o coração.

Deixa-a.” — diz Jesus. Há momentos em que o amor precisa apenas ser deixado acontecer. Sem controle. Sem julgamento. Sem cálculos. Maria se doa porque ama. E quem ama, enxerga além. Ela faz algo que parece inútil aos olhos do mundo, mas que se torna eternamente lembrado pela boca do próprio Cristo.

E o que isso diz a nós, hoje? Diz que a fé verdadeira não economiza perfume. Diz que a preparação para a Páscoa começa com gestos concretos de amor. Diz que Jesus se deixa tocar por quem reconhece, com reverência e entrega, que Ele caminha para a cruz — não como derrotado, mas como Rei que se oferece.

Meus irmãos, cada vez que amamos com gratuidade, que servimos em silêncio, que doamos sem esperar retorno, ungimos os pés de Cristo. Cada vez que deixamos o coração falar mais alto que o cálculo, a generosidade vencer o controle, o Espírito vencer a lógica humana — derramamos nardo sobre Aquele que nos amou até o fim.

Nesta Semana Santa, aprendamos com Maria. Que nossos gestos sejam cheios de perfume. Que não tenhamos medo de amar até o excesso. E que possamos, como ela, preparar o coração para acolher o Senhor em sua paixão, morte e ressurreição. Amém.