Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 2ª-feira, 12/05/25

Homilia de hoje — Liturgia da Missa de 2ª-feira, 12/05/25
Sermão: “Eu sou a porta das ovelhas”
Amados irmãos e irmãs em Cristo, hoje, a Palavra eterna do Verbo encarnado ecoa com clareza luminosa: “Eu sou a porta das ovelhas.” Esta afirmação, à primeira vista simples, ressoa nas profundezas do mistério cristológico e eclesiológico. Não se trata aqui de uma metáfora qualquer. Trata-se da autocompreensão de Cristo como o Mediador único — Pontífice supremo — entre Deus e os homens (cf. 1Tm 2,5), como Aquele que se torna Ele mesmo a passagem, a entrada, a via de salvação.
Santo Agostinho, cuja sabedoria nutre a nossa tradição, diria que toda a alma humana deseja entrar no repouso da verdade, mas só encontra a entrada por Cristo. Pois Ele aponta o caminho e vai além: Ele é o Caminho. Não somente revela a verdade, Ele é a Verdade. E mais ainda: Ele é a Porta. Toda tentativa de acessar o redil por outro meio — seja pela soberba gnóstica, seja pelo moralismo legalista, seja pela autossuficiência moderna — é tentativa vã, porque não reconhece a humilde escada de Jacó: o Filho encarnado, que une céu e terra.

Vede, irmãos, como o Senhor fala da porta e do redil. O redil é a Igreja, uma comunhão protegida, onde as ovelhas ouvem a voz do Pastor. Mas não qualquer voz. Elas conhecem a sua voz. Aqui se revela a intimidade do conhecimento mútuo: Cristo nos conhece e nos chama pelo nome. O nome é mais do que um som — é identidade, é missão, é relação. Ele nos chama como quem molda o barro com ternura. E quem responde, encontra pastagem.
Mas para isso, é necessário entrar pela porta. A porta exige abaixar-se. Nenhum soberbo entra curvado. A cruz é a trave da porta estreita. Quem a evita, não entra. Quem a abraça, passa. Entrar por Cristo é passar pela sua Páscoa. É morrer com Ele para viver com Ele. É renunciar às vozes estranhas que nos seduzem com promessas de autonomia, prazer fácil ou doutrinas sem cruz.
Hoje, tantos querem fazer-se pastores, tantos querem conduzir o rebanho, mas não entram pela porta. Ignoram o Pastor verdadeiro. Querem ovelhas para si, não para Deus. Mas as ovelhas do Senhor não os seguem. Elas fogem da voz do mercenário. Porque aprenderam, na escuta do Evangelho e na fidelidade ao Magistério, a discernir a voz do Esposo.

“Io sum ostium ovium” — Eu sou a porta das ovelhas. É por meio de Cristo que o crente entra na vida verdadeira. É por Ele que se encontra o repouso prometido. E é nele que se realiza a comunhão dos santos. Fora dele, há somente dispersão.
Queridos filhos, a vida cristã não se reduz a cumprir normas ou evitar pecados. Ela consiste em viver em Cristo, por Cristo e com Cristo. Isso exige passar sempre de novo por essa porta: a oração, a humildade, a confissão, a caridade concreta. Não há atalho nem escapatória. Só Cristo salva e nos dá vida — a vida em abundância.
E o que é essa vida abundante? Não é conforto material, nem sucesso terreno. É a vida do Espírito, o consolo na dor, a fidelidade na provação, a paz que não depende das circunstâncias. É também a certeza de que pertencemos ao Redil do Cordeiro, guardados por um Pastor que deu a vida por nós.
Entremos, pois, pela porta. Entremos pela fé, sustentados pela graça. E ao entrar, não olhemos para trás. Pois do outro lado há pastagem, descanso e plenitude.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
