Homilia de hoje — Domingo de Pentecostes, 08/06/25

Homilia de hoje — Domingo de Pentecostes, 08/06/25

Homilia de hoje – Liturgia da Missa de domingo - homilias.com.br

Homilia de hoje — Domingo de Pentecostes, 08/06/25

Irmãos e irmãs, hoje celebramos o Domingo de Pentecostes e somos convidados a mergulhar no mistério da vinda do Espírito Santo, aquele sopro vivificador que Cristo, ressuscitado, concede à sua Igreja.

Ao ler estas palavras do Evangelho de João (20,19-23), percebemos que, mesmo antes da efusão em Jerusalém, o Ressuscitado já dá aos discípulos um prenúncio da força divina que desceria sobre eles: “Puse-se no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco.’ […] ‘Como o Pai me enviou, também eu vos envio.’ E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo.’” É como se a primeira vinda do Senhor, naquela tarde de Páscoa, inaugurasse o grande Pentecostes, ges- tada no coração dos apóstolos trêmulos, encerrados em medo e angústia, mas prontos para serem transformados.

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<em>Decisões eficazes com a Matriz de Eisenhower</em>

Comunhão trinitária

Imaginem a sala escura, as portas fechadas por temor à perseguição; os discípulos mal ousam respirar, lembrando-se ainda dos açoites que Cristo sofrera e das palavras de que muitos iriam abandoná-lo. E eis que, no meio do silêncio febril, Ele mesmo — o Senhor glorioso, transpassado, mas ressuscitado — se faz presente. As mãos que mostravam tinham marcas de cravos, o lado, o sinal do amor até a morte; e essa presença muda toda a atmosfera.

O sopro, essa simples ação de aproximar os lábios, revela-se gesto criador, pois assim como Deus soprara o hálito da vida em Adão, agora o Ressuscitado infunde a vida nova em cada um deles. Desde João Evangelista até os posteriores mestres da teologia, todos viram nessa tríplice repetição da paz não mera saudação, mas sacramento de reconciliação e ícone do Espírito, que torna a comunidade renovada e participante da mesma comunhão trinitária.

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<em>O poder da autoconfiança Como vencer o medo e conquistar suas metas em 30 dias</em>

“Outro Cristo”

Depois de abençoá-los com a paz, Jesus pronuncia: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio.” Essa expressão, aparentemente simples, _ resume o mandato missionário que atravessa séculos: não se trata de uma comissão menor, mas de compartilhar a própria missão do Filho, enviado por amor ao Pai para reconciliar a humanidade. O discípulo, agora, é constituído “outro Cristo”: não na divindade, mas no mesmo Espírito que o capacita a viver o dom de si.

A liturgia patrística recorda que, no sopro pascal, há uma dinâmica trinitária: o Filho ressuscitado envia o Espírito para continuar a obra do Pai no coração da Igreja. A missão se faz, pois, com a força daquele mesmo Espírito que, no cenáculo, congrega corações dispersos.

Devoção a São José
<em>Devoção a São José </em>

E então, a profecia de Joel se cumpre: “Derramarei do meu Espírito sobre toda carne” (cf. Jo 3,5-8). Aqueles discípulos passaram de operários do medo a audaciosos pregadores do Reino. Recordemos Pedro na primeira pregação de Pentecostes (At 2): não há nervosismo, nem timidez; emerge ali a coragem de quem compreendeu que Cristo venceu o mundo.

A arquiteta de vidas, a divina Paracleta, lança luz sobre os discípulos e nos dá visão para perceber que a paz de Cristo não é ausência de conflitos, mas uma presença estabilizadora que, em meio às turbulências, nos impulsiona a continuar a obra redentora. O Espírito Santo, no Domingo de Pentecostes, não faz somente manifestações exteriores de línguas ou milagres; Ele configura o coração de cada cristão para uma adesão plena, inundando-o dos novos pentecostes que se renovam em cada Eucaristia.

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O sopro divino

Eis que agora o texto diz: “A quem perdoardes os pecados, a eles serão perdoados; a quem os retiverdes, serão retidos.” Aqui encontramos o cerne da autoridade concedida ao ministério apostólico, mas também a cada comunidade batizada que vive em comunhão com a sucessão dos apóstolos.

O sopro divino que Igreja recebe é, sobretudo, sopro de reconciliação: a presença amorosa de Cristo opera o milagre diário do perdão. Quando confessamos nossas fraquezas, somos alcançados pelo mesmo Espírito que soprou naquelas mãos transpassadas. A sed se torna poço de águas vivas, e curvamo-nos para confessar que, se há mancha de egoísmo, o sopro do Ressuscitado passa por nós para limar ódios e egoísmos. O ministério do perdão floresce assim, tornando-se imagem viva desse Pentecostes inicial.

Devoção a São José
<em>Devoção a São José </em>

Todos sentimos medo

Como podemos viver hoje esse testemunho? Primeiro, reconhecendo que a paz que o Senhor oferece não é estado de espírito tranquilo, mas confiança de que, mesmo no vale sombrio, o Espírito carrega cada temor. Todos sentimos medo: o medo de perder o emprego, o medo das doenças, o medo de rejeição. No entanto, se permitirmos que aquele sopro pascal nos atinja, veremos que cada ansiedade se torna eco de uma onda maior, a onda inabalável da graça.

Cada vez que recebemos o Espírito no batismo e no Crisma, somos chamuscados pela mesma brasa viva que aquecia o coração dos primeiros discípulos. E aquele frenesi de dores interior e dúvidas de fé se converte em brasa missionária: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio.”

Decisões eficazes com a Matriz de Eisenhower
<em>Decisões eficazes com a Matriz de Eisenhower</em>

Segundo, assumamos que o mandamento do amor não se reduz a palavras bonitas, mas a gestos concretos que denunciam a injustiça e promovem a reconciliação. Quando perdoamos o ofensor, somos instrumento do sopro divino que cura feridas. Sempre que damos de comer ao faminto, estendemos a mão de Cristo.

Cada recolher de esmola, cada visita ao enfermo ou ao preso é lugar privilegiado para a efusão do Espírito, pois onde o Ressuscitado se move em solidariedade, aquele sopro pascal se faz presente. O domingo de Pentecostes, portanto, não nos exime de lutar contra as estruturas de pecado, mas nos dá o impulso para que façamos isso com ternura e coragem espiritual, rompendo as barreiras de indiferença e consumismo.

Cristo Ressuscitado

Finalmente, lembremo-nos de que o Espírito nos congrega numa só fé, numa só esperança e num só batismo. Quando assistimos ao anúncio do Evangelho em tantas línguas diferentes, como narram os Atos, recordamos que a unidade cristã se constrói na diversidade dos dons.

Às vezes invejamos os carismas alheios — o dom da palavra, o dom da música litúrgica, o dom da arte sacra — mas o Espírito distribui carismas para o bem comum, e cada carisma é parte de um só corpo. Se há dissensões, o sopro de Pentecostes impele ao diálogo, à humildade, para que todo o batizado seja fiel a essa missão de configurar o mundo ao Cristo Ressuscitado.

“O Espírito do Senhor repousa sobre nós”

Que hoje, ao sairmos desta celebração, o sopro vivificador volte a tocar nossos corações, para não permanecermos medrosos e fechados, mas sejamos instrumentos vivos de reconciliação, testemunhas ardentes do amor que queima mais forte do que qualquer dúvida.

Sejamos, pois, comunidade de Pentecostes: gente que abraça as diferenças, que exalta em uníssono o Senhor e se faz uma só voz para testemunhar que o Cristo vivo, Ressuscitado, nos habita. E que o sopro desse mesmo Espírito nos leve a anunciar, por palavras e por obras, que “o Espírito do Senhor repousa sobre nós”, para que todo o mundo reconheça a força transformadora do Evangelho. Amém.