Homilia – Assunção — Missa de domingo, 17/08/25
Homilia: “A Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria – Primícias da Redenção”
(Solenidade da Assunção da Santíssima Virgem Maria)
Amados irmãos, hoje a Igreja inteira eleva o olhar ao céu para contemplar o mistério glorioso da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria. Então, hoje celebramos um privilégio pessoal de Maria, e também um sinal escatológico para toda a Igreja: nela já se cumpre aquilo que esperamos para nós.
A Igreja proclama com fé que Maria, ao concluir sua vida terrena, ascendeu em corpo e alma à glória celeste. O Papa Pio XII definiu solenemente essa verdade em 1950, fundamentando-a não em uma ideia isolada, mas na tradição viva que os Padres da Igreja cultivaram. Eles contemplaram Maria como a Arca da Aliança, incorruptível e livre da corrupção do sepulcro, por carregar o próprio Autor da vida.

Aspectos teológicos da Assunção
Teologicamente, a Assunção se enraíza em três fundamentos inseparáveis.
A maternidade divina. Aquele que nasceu do seio puríssimo de Maria é o Verbo eterno feito carne. Se o corpo de Cristo, fruto desse seio, não conheceu a corrupção, seria inconcebível que o corpo de sua Mãe, consagrado pela encarnação, fosse abandonado ao pó da terra. A união singular entre Mãe e Filho exige que, onde Ele está glorioso, ela também participe da mesma vitória.
A Imaculada Conceição. Maria, desde o primeiro instante de sua existência, foi preservada do pecado original. O salário do pecado é a morte e a corrupção, mas Maria, sem mancha, não podia permanecer sob o domínio da morte. Na lógica da redenção, o privilégio inicial da Imaculada culmina no privilégio final da Assunção.
A participação na vitória pascal de Cristo. Maria esteve unida ao seu Filho em toda a sua vida — na Anunciação, no nascimento em Belém, na vida oculta de Nazaré, no ministério público, e sobretudo aos pés da cruz. Se sofreu com Ele, unindo-se ao sacrifício redentor, também participa com Ele da glorificação. A Assunção não a separa de Cristo, mas a configura plenamente ao mistério pascal.

Três verdades práticas
A Assunção é um dogma mariano e especialmente, um anúncio e uma promessa para todos nós. Maria é ícone escatológico da Igreja. Nela vemos realizado, em antecipação, aquilo que esperamos na ressurreição final. Enquanto nós ainda peregrinamos entre dores e lutas, Maria já entrou na meta. Enquanto o nosso corpo ainda experimenta fraquezas e corrupção, o corpo glorioso dela proclama a vitória definitiva da graça.
Portanto, a Assunção nos ensina três verdades práticas:
A primeira é sobre a dignidade do corpo humano, pois em um mundo que muitas vezes despreza ou instrumentaliza o corpo, a Assunção proclama: o corpo é chamado à glória, não à degradação. Nosso corpo, templo do Espírito, não é descartável.
A segunda é sobre a esperança cristã, afinal, a morte não tem a última palavra, e o túmulo não é destino. O mesmo Deus que glorificou Maria em corpo e alma há de glorificar os que permanecem fiéis em Cristo.
Finalmente, a terceira é relacionada ao caminho da humildade e da fidelidade. Maria não chegou ao céu pela força, mas pela graça acolhida com docilidade. Sua grandeza está em ter-se feito serva. Assim, também nós, se quisermos partilhar da glória, devemos trilhar o caminho da fé obediente, da esperança perseverante e da caridade generosa.
Concluímos, portanto, ao contemplarmos hoje Maria elevada ao céu, vemos nela a Rainha coroada e a Mãe que nos espera. Ela nos mostra que a nossa vocação não é o fracasso nem a morte, mas a vida em plenitude. E nos convida: vivam já na terra como cidadãos do céu, para que também sejais participantes da glória eterna.
Assunta ao Céu, Mãe bendita, não nos esqueças, teus filhos ainda peregrinos. Guia-nos até Cristo, para que onde tu já estás, nós também possamos chegar. Amém.