683-1065 | CAPÍTULO TERCEIRO
683-1065 | CAPÍTULO TERCEIRO
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
SEGUNDA SECÇÃO
A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO TERCEIRO
CREIO NO ESPÍRITO SANTO
683. «Ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” a não ser pela acção do Espírito Santo» (1Cor 12, 3). «Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “Abbá! Pai!’» (Gl 4, 6). Este conhecimento da fé só é possível no Espírito Santo. Para estar em contacto com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo. É Ele que nos precede e suscita em nós a fé. Em virtude do nosso Baptismo, primeiro sacramento da fé, a Vida, que tem a sua fonte no Pai e nos é oferecida no Filho, é-nos comunicada, íntima e pessoalmente, pelo Espírito Santo na Igreja:
O Baptismo «dá-nos a graça do novo nascimento em Deus Pai, por meio do Filho no Espírito Santo. Porque aqueles que têm o Espírito de Deus são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho: mas o Filho apresenta-os ao Pai, e o Pai dá-lhes a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém tem acesso ao Pai, porque o conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus faz-se pelo Espírito Santo»(1).
684. O Espírito Santo, pela sua graça, é o primeiro no despertar da nossa fé e na vida nova que consiste em conhecer o Pai e Aquele que Ele enviou, Jesus Cristo (2). No entanto, Ele é o último na revelação das Pessoas da Santíssima Trindade. São Gregário de Nazianzo, «o Teólogo», explica esta progressão pela pedagogia da «condescendência» divina:
«O Antigo Testamento proclamava manifestamente o Pai e mais obscuramente o Filho. O Novo manifestou o Filho e fez entrever a divindade do Espírito. Agora, porém, o próprio Espírito vive connosco e manifesta-se a nós mais abertamente. Com efeito, quando ainda não se confessava a divindade do Pai, não era prudente proclamar abertamente o Filho: e quando a divindade do Filho ainda não era admitida, não era prudente acrescentar o Espírito Santo como um fardo suplementar, para empregar uma expressão um tanto ousada […] É por avanços e progressões “de glória em glória ” que a luz da Trindade brilhará em mais esplendorosas claridades» (3).
685. Crer no Espírito é, portanto, professar que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, «adorado e glorificado com o Pai e o Filho» (4). É por isso que tratamos do mistério divino do Espírito Santo na «teologia» trinitária. Portanto, aqui só trataremos do Espírito Santo no âmbito da «economia» divina.
686. O Espírito Santo age juntamente com o Pai e o Filho, desde o princípio até à consumação do desígnio da nossa salvação. Mas é nestes «últimos tempos», inaugurados com a Encarnação redentora do Filho, que Ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa. Então, esse desígnio divino, consumado em Cristo, «Primogénito» e Cabeça da nova criação, poderá tomar corpo na humanidade pelo Espírito derramado: a Igreja, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne, a vida eterna.
ARTIGO 8
«CREIO NO ESPÍRITO SANTO»
687. «Ninguém conhece o que há em Deus, senão o Espírito de Deus» (1 Cor 2, 11). Ora, o seu Espírito, que O revela, faz-nos conhecer Cristo, seu Verbo, sua Palavra viva; mas não Se diz a Si próprio. Aquele que «falou pelos profetas» (5) faz-nos ouvir a Palavra do Pai. Mas a Ele, nós não O ouvimos. Não O conhecemos senão no movimento em que Ele nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-Lo na fé. O Espírito de verdade, que nos «revela» Cristo, «não fala de Si próprio» (6). Tal escondimento, propriamente divino, explica porque é que «o mundo não O pode receber, porque não O vê nem O conhece», enquanto aqueles que crêem em Cristo O conhecem, porque habita com eles e está neles (Jo 14, 17).
688. A Igreja, comunhão viva na fé dos Apóstolos que ela transmite, é o lugar do nosso conhecimento do Espírito Santo:
— Nas Escrituras, que Ele inspirou:
— na Tradição, de que os Padres da Igreja são testemunhas sempre actuais;
— no Magistério da Igreja, que Ele assiste;
— na liturgia sacramental, através das suas palavras e dos seus símbolos, em que o Espírito Santo nos põe em comunhão com Cristo;
— na oração, em que Ele intercede por nós;
— nos carismas e ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;
— nos sinais de vida apostólica e missionária;
— no testemunho dos santos, nos quais Ele manifesta a sua santidade e continua a obra da salvação.
I. A missão conjunta do Filho e do Espírito
689. Aquele que o Pai enviou aos nossos corações, o Espírito do seu Filho (7), é realmente Deus. Consubstancial ao Pai e ao Filho, é d’Eles inseparável, tanto na vida íntima da Trindade como no seu dom de amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade, vivificante, consubstancial e indivisível, a fé da Igreja professa também a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia o seu Verbo, envia sempre o seu Espírito: missão conjunta na qual o Filho e o Espírito Santo são distintos mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo quem aparece, Ele que é a Imagem visível de Deus invisível; mas é o Espírito Santo quem O revela.
690. Jesus é Cristo, «ungido», porque o Espírito é d’Ele a Unção; e tudo quanto acontece a partir da Encarnação, decorre desta plenitude (8). Finalmente, quando Cristo é glorificado (9), pode, por sua vez, enviar de junto do Pai, o Espírito, aos que crêem n’Ele: comunica-lhes a sua glória (10), quer dizer, o Espírito Santo que O glorifica (11). A missão conjunta desenvolver-se-á, a partir desse momento, nos filhos adoptados pelo Pai no Corpo do seu Filho: a missão do Espírito de adopção consistirá em uni-los a Cristo e fazê-los viver n’ Ele:
«A unção sugere… que não há nenhuma distância entre o Filho e o Espírito. Com efeito, do mesmo modo que entre a superfície do corpo e a unção do óleo, nem a razão nem os sentidos encontram qualquer entremeio, assim é imediato o contacto do Filho com o Espírito, de tal modo que aquele que vai tomar contacto com o Filho pela fé, tem que contactar primeiro com o óleo. Com efeito, não há pane alguma que esteja despida do Espírito Santo. É por isso que a confissão do Senhorio do Filho se faz no Espírito Santo para aqueles que a recebem, pois o Espírito vem, de todos os lados, ao encontro daqueles que se aproximam pela fé» (12).
II. O nome, as designações e os símbolos do Espírito Santo
O NOME PRÓPRIO DO ESPÍRITO SANTO
691. «Espírito Santo», tal á o nome próprio d’Aquele que adoramos e glorificamos com o Pai e o Filho. A Igreja recebeu este nome do Senhor e professa-o no Baptismo dos seus novos filhos (13).
O termo «Espírito» traduz o termo hebraico « Ruah» que, na sua primeira acepção, significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza precisamente a imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente d’Aquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino (14). Por outro lado, Espírito e Santo são atributos divinos comuns às três Pessoas divinas. Mas, juntando os dois termos, a Escritura, a Liturgia e a linguagem teológica designam a Pessoa inefável do Espírito Santo, sem equívoco possível com os outros empregos dos termos «espírito» e «santo».
AS DESIGNAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO
692. Jesus, ao anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, chama-Lhe o «Paráclito», que, à letra, quer dizer: «aquele que é chamado para junto», ad vocatus (Jo 14, 16. 26; 15, 26; 16, 7). «Paráclito» traduz-se habitualmente por «Consolador», sendo Jesus o primeiro consolador (15). O próprio Senhor chama ao Espírito Santo «o Espírito da verdade» (16).
693. Além do seu nome próprio, que é o mais empregado nos Actos dos Apóstolos e nas epístolas, encontramos em S. Paulo as designações: Espírito da promessa (Gl 3, 14; Ef 1, 13), Espírito de adopção (Rm 8, 15: Gl 4, 6), Espírito de Cristo (Rm 8, 9), Espírito do Senhor (2 Cor 3, 17). Espírito de Deus (Rm 8, 9. 14; 15, 19; 1 Cor 6, 11; 7, 40), e em S. Pedro, Espírito de glória (1 Pe 4, 14).
OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO
694. A água. O simbolismo da água é significativo da acção do Espírito Santo no Baptismo, pois que, após a invocação do Espírito Santo, ela torna-se o sinal sacramental eficaz do novo nascimento. Do mesmo modo que a gestação do nosso primeiro nascimento se operou na água, assim a água baptismal significa realmente que o nosso nascimento para a vida divina nos é dado no Espírito Santo. Mas, «baptizados num só Espírito», «a todos nos foi dado beber de um único Espírito» (1 Cor 12, 13): portanto, o Espírito é também pessoalmente a Agua viva que brota de Cristo crucificado (17) como da sua fonte, e jorra em nós para a vida eterna (18).
695. A unção. O simbolismo da unção com óleo é também significativo do Espírito Santo, a ponto de se tomar o seu sinónimo (19). Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da Confirmação, que justamente nas Igrejas Orientais se chama «Crismação». Mas, para lhe apreender toda a força, temos de voltar à primeira unção realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo («Messias» em hebraico) significa «ungido» pelo Espírito de Deus. Houve «ungidos» do Senhor na antiga Aliança (20), sobretudo o rei David (21). Mas Jesus é o ungido de Deus de maneira única: a humanidade que o Filho assume é totalmente «ungida pelo Espírito Santo». Jesus é constituído «Cristo» pelo Espírito Santo (22). A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo O anuncia como Cristo aquando do seu nascimento (23) e leva Simeão a ir ao templo ver o Cristo do Senhor (24). É Ele que enche Cristo (25) e cujo poder emana de Cristo nos seus actos de cura e salvamento (26). Finalmente, é Ele que ressuscita Jesus de entre os mortos (27). Então, plenamente constituído «Cristo» na sua humanidade vencedora da morte (28), Jesus difunde em profusão o Espírito Santo, até que «os santos» constituam, na sua união à humanidade do Filho de Deus, o «homem adulto à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13), «o Cristo total», para empregar a expressão de Santo Agostinho (29).
696. O fogo. Enquanto a água significava o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo, o fogo simboliza a energia transformadora dos actos do Espírito Santo. O profeta Elias, que «apareceu como um fogo e cuja palavra queimava como um facho ardente» (Sir 48, 1), pela sua oração faz descer o fogo do céu sobre o sacrifício do monte Carmelo (30), figura do fogo do Espírito Santo, que transforma aquilo em que toca. João Baptista, que «irá à frente do Senhor com o espírito e a força de Elias» (Lc 1, 17), anuncia Cristo como Aquele que «há-de baptizar no Espírito Santo e no fogo» (Lc 3, 16), aquele Espírito do qual Jesus dirá: «Eu vim lançar fogo sobre a terra e só quero que ele se tenha ateado!» (Lc 12, 49). É sob a forma de línguas, «uma espécie de línguas de fogo», que o Espírito Santo repousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de Si (31). A tradição espiritual reterá este simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da acção do Espírito Santo (32). «Não apagueis o Espírito!» (1 Ts 5, 19).
697. A nuvem e a luz. Estes dois símbolos são inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo. Desde as teofanias do Antigo Testamento, a nuvem, umas vezes escura, outras luminosa, revela o Deus vivo e salvador, velando a transcendência da sua glória: a Moisés no monte Sinai (33), na tenda da reunião (34) e durante a marcha pelo deserto (35); a Salomão, aquando da dedicação do templo (36). Ora estas figuras são realizadas por Cristo no Espírito Santo. É Ele que desce sobre a Virgem Maria e a cobre «com a sua sombra», para que conceba e dê à luz Jesus (37). No monte da transfiguração, é Ele que «sobrevém na nuvem que cobriu da sua sombra» Jesus, Moisés e Elias, Pedro, Tiago e João, nuvem da qual se fez ouvir uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o meu Eleito, escutai-O!”» (Lc 9, 35). E, enfim, a mesma nuvem que «esconde Jesus aos olhos» dos discípulos no dia da Ascensão (38) e que O revelará como Filho do Homem na sua glória, no dia da sua vinda (39).
698. O selo é um símbolo próximo do da unção. Com efeito, foi a Cristo que «Deus marcou com o seu selo» (Jo 6, 27) e é n’Ele que o Pai nos marca também com o seu selo» (40). Porque indica o efeito indelével da unção do Espírito Santo nos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem, a imagem do selo («sphragis») foi utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o «carácter» indelével, impresso por estes três sacramentos, que não podem ser repetidos.
699. A mão. É pela imposição das mãos que Jesus cura os doentes (41) e abençoa as crianças (42). O mesmo farão os Apóstolos, em seu nome (43). Ainda mais: é pela imposição das mãos dos Apóstolos que o Espírito Santo é dado (44). A Epístola aos Hebreus coloca a imposição das mãos no número dos «artigos fundamentais» do seu ensino (45). Este sinal da efusão omnipotente do Espírito Santo, guarda-o a Igreja nas suas epicleses sacramentais.
700. O dedo. «É pelo dedo de Deus que Jesus expulsa os demónios» (46). Se a Lei de Deus foi escrita em tábuas de pedra «pelo dedo de Deus» (Ex 31, 18), a «carta de Cristo», entregue ao cuidado dos Apóstolos, «é escrita com o Espírito de Deus vivo: não em placas de pedra, mas em placas que são corações de carne» (2 Cor 3, 3). O hino «Veni Creator Spiritus» invoca o Espírito Santo como «digitus paternae dexterae» — «Dedo da mão direita do Pai» (47).
701. A pomba. No final do dilúvio (cujo simbolismo tem a ver com o Baptismo), a pomba solta por Noé regressa com um ramo verde de oliveira no bico, sinal de que a terra é outra vez habitável /48). Quando Cristo sobe das águas do seu baptismo, o Espírito Santo, sob a forma duma pomba, desce e paira sobre Ele (49). O Espírito desce e repousa no coração purificado dos baptizados. Em certas igrejas, a sagrada Reserva eucarística é conservada num relicário metálico em forma de pomba (o columbarium) suspenso sobre o altar. O símbolo da pomba para significar o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã.
III. O Espírito e a Palavra de Deus, no tempo das promessas
702. Desde o princípio até à «plenitude do tempo» (50), a missão conjunta do Verbo e do Espírito do Pai permanece oculta, mas está actuante. O Espírito de Deus prepara o tempo do Messias: e um e outro, ainda não plenamente revelados, já são prometidos com o fim de serem esperados e acolhidos quando da sua manifestação. É por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento (51) perscruta nele (52) o que o Espírito, «que falou pelos profetas» (53), nos quer dizer acerca de Cristo.
Por «profetas», a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo inspirou no anúncio vivo e na redacção dos Livros santos, tanto do Antigo como do Novo Testamento. A tradição judaica distingue a Lei (os cinco primeiros livros ou Pentateuco), os Profetas (os livros ditos históricos e proféticos) e os Escritos (sobretudo sapienciais, em particular os Salmos) (54).
NA CRIAÇÃO
703. A Palavra de Deus e o seu Espírito estão na origem do ser e da vida de todas as criaturas (55).
É próprio do Espírito Santo reinar, santificar e animar a criação, porque Ele é Deus consubstancial ao Pai e ao Filho […]. Pertence-Lhe o poder sobre a vida, porque, sendo Deus, guarda a criação no Pai pelo Filho (56).
704. «Quanto ao homem, foi com as suas próprias mãos (quer dizer, com o Filho e o Espírito Santo) que Deus o moldou […] e sobre a carne moldada desenhou a sua própria forma, de modo que, mesmo o que havia de ser visível, tivesse a forma divina» (57) .
O ESPÍRITO DA PROMESSA
705. Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem permanece «à imagem de Deus», à imagem do Filho, mas está «privado da glória de Deus» (58) , privado da «semelhança». A promessa feita a Abraão inaugura a «economia da salvação», no termo da qual o próprio Filho assumirá «a imagem»(59) e restaurá-la-á na «semelhança» com o Pai, voltando a dar-lhe a glória, o Espírito «que dá a vida».
706. Contra toda a esperança humana, Deus promete a Abraão uma descendência, como fruto da fé e do poder do Espírito Santo (60). Nessa descendência serão abençoadas todas as nações da terra (61). Essa descendência será o Cristo (62) no qual a efusão do Espírito Santo fará «a unidade dos filhos de Deus dispersos» (63). Comprometendo-Se por juramento (64), Deus obriga-Se, desde logo, ao dom do seu Filho muito-amado (65) e ao dom do «Espírito Santo prometido, que constitui o título de garantia da nossa herança para a redenção do povo que Deus adquiriu para Si mesmo» (66).
NAS TEOFANIAS E NA LEI
707. As teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, dos patriarcas a Moisés e de Josué até às visões que inauguram a missão dos grandes profetas. A Tradição cristã sempre reconheceu que, nestas teofanias, o Verbo de Deus Se deixava ver e ouvir, ao mesmo tempo revelado e «velado», na nuvem do Espírito Santo.
708. Esta pedagogia de Deus manifesta-se especialmente no dom da Lei (67). A Lei foi dada como um «pedagogo» para conduzir o povo a Cristo (68). Mas a sua impotência para salvar o homem, privado da «semelhança» divina e o conhecimento acrescido que ela dá do pecado (69) suscitam o desejo do Espírito Santo. Os gemidos dos Salmos são disso testemunho.
NO REINO E NO EXÍLIO
709. A Lei, sinal da promessa e da Aliança, deveria reger o coração e as instituições do povo nascido da fé de Abraão. «Se ouvirdes realmente a minha voz, se guardardes a minha Aliança […], sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação consagrada» (Ex 19, 5-6) (70) . Mas depois de David, Israel sucumbe à tentação de se tornar um reino como as outras nações. Ora o Reino, objecto da promessa feita a David (71) , será obra do Espírito Santo: pertencerá aos que são pobres segundo o Espírito.
710. O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança levam à morte: é o Exílio, aparentemente o fracasso das promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e o princípio duma restauração prometida, mas segundo o Espírito. Era preciso que o povo de Deus sofresse esta purificação (72). O exílio traz já a sombra da cruz no desígnio de Deus; e o «resto» dos pobres que regressa do Exílio é uma das figuras mais transparentes da Igreja.
A EXPECTATIVA DO MESSIAS E DO SEU ESPÍRITO
711. «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19): duas linhas proféticas vão ser traçadas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres (73), que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de Jerusalém» (Lc 2, 25.38).
Vimos mais atrás como Jesus cumpriu as profecias que Lhe diziam respeito. Limitamo-nos agora àquelas em que aparece mais clara a relação entre o Messias e o seu Espírito.
712. Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do Emanuel (74) (quando Isaías […] teve a visão da glória» de Cristo: Jo 12, 41), particularmente em Is 11, 1-2:
«Naquele dia,
sairá um ramo do tronco de Jessé
e um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor».
713. Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do Servo (75). Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira como Ele derramará o Espírito Santo para dar vida à multidão: não a partir do exterior, mas assumindo a nossa «condição de servo» (Fl 2, 7). Tomando sobre Si a nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida.
714. É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa-Nova, apropriando-Se desse passo de Isaías (Lc 4, 18-19) (76) :
«O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu.
Enviou-Me a anunciar a Boa-Nova aos que sofrem,
para curar os desesperados,
para anunciar a libertação aos exilados
e a liberdade aos prisioneiros,
para proclamar o ano da graça do Senhor».
715. Os textos proféticos, respeitantes directamente ao envio do Espírito Santo, são oráculos em que Deus fala ao coração do seu povo na linguagem da promessa, com os acentos do «amor e da fidelidade» (77), cujo cumprimento São Pedro proclamará na manhã do Pentecostes (78)». Segundo estas promessas, nos «últimos tempos» o Espírito do Senhor há-de renovar o coração dos homens, gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.
716. O povo dos «pobres» (79) , dos humildes e dos mansos, totalmente entregues aos desígnios misteriosos do seu Deus, o povo dos que esperam a justiça, não dos homens mas do Messias, tal é, afinal, a grande obra da missão oculta do Espírito Santo, durante o tempo das promessas, para preparar a vinda de Cristo. É a qualidade do seu coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos salmos. Nestes pobres, o Espírito prepara para o Senhor «um povo bem disposto» (80).
IV. O Espírito de Cristo na plenitude do tempo
JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BAPTISTA
717. «Apareceu um homem, enviado por Deus, que tinha o nome de João» (Jo 1, 6). João é «cheio do Espírito Santo já desde o seio materno» (Lc 1, 15) (81), pelo próprio Cristo que a Virgem acabava de conceber por obra e graça do Espírito Santo. A « visitação» de Maria a Isabel tornou-se, assim, «visita de Deus ao seu povo» (82).
718. João é «Elias que devia vir» (83). O fogo do Espírito habita nele e fá-lo «correr à frente» (como «precursor») do Senhor que chega. Em João o Precursor, o Espírito Santo acaba de «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1, 17).
719. João é «mais do que um profeta» (84). Nele, o Espírito Santo consuma o «falar pelos profetas». João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias (85). Anuncia como iminente a consolação de Israel; é ele a «voz» do Consolador que vai chegar (86). Tal como fará o Espírito da verdade, «ele vem como testemunha, para dar testemunho da Luz» (Jo 1, 7) (87). A respeito de João, o Espírito cumpre assim as «indagações dos profetas» e o «desejo» dos anjos (88): «Aquele sobre Quem vires o Espírito Santo descer e permanecer, é Ele que baptiza no Espírito Santo. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus […] Eis o Cordeiro de Deus!» (Jo 1, 33-36).
720. Finalmente, com João Baptista, o Espírito Santo inaugura, em prefiguração, aquilo que vai realizar com e em Cristo: restituir ao homem «a semelhança» divina. O baptismo de João era para o arrependimento: o Baptismo na água e no Espírito será um novo nascimento (89).
«ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA»
721. Maria, a santíssima Mãe de Deus, sempre virgem, é a obra-prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do tempo. Pela primeira vez no desígnio da salvação e porque o seu Espírito a preparou, o Pai encontra a morada na qual o seu Filho e o seu Espírito podem habitar entre os homens. É neste sentido que a Tradição da Igreja muitas vezes lê, em relação a Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria (90): Maria é cantada e apresentada na Liturgia como «o Trono da Sabedoria». Nela começam a manifestar-se as «maravilhas de Deus», que o Espírito vai realizar em Cristo e na Igreja:
722. O Espírito Santo preparou Maria pela sua graça. Convinha que fosse «cheia de graça» a Mãe d’Aquele em Quem «habita corporalmente a plenitude da divindade» (Cl 2, 9). Ela foi, por pura graça, concebida sem pecado, como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o dom inefável do Omnipotente. É a justo título que o anjo Gabriel a saúda como «Filha de Sião»: «Ave» (= «Alegra-te») (91). É a acção de graças de todo o povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz subir até ao Pai, no Espírito Santo, com o seu cântico (92) , quando já portadora, em si, do Filho eterno.
723. Em Maria, o Espírito Santo realiza o desígnio benevolente do Pai. É pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus. A sua virgindade torna-se fecundidade única, pelo poder do Espírito e da fé (93).
724. Em Maria, o Espírito Santo manifesta o Filho do Pai feito Filho da Virgem. Ela é a sarça ardente da teofania definitiva: cheia do Espírito Santo, mostra o Verbo na humildade da sua carne; e é aos pobres (94) e às primícias das nações (95) que Ela O dá a conhecer.
725. Finalmente, por Maria, o Espírito começa a pôr em comunhão com Cristo os homens que são «objecto do amor benevolente de Deus» (96); e os humildes são sempre os primeiros a recebé-Lo: os pastores, os magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os primeiros discípulos.
726. No termo desta missão do Espírito, Maria torna-se a «Mulher», a nova Eva «mãe dos vivos», Mãe do «Cristo total» (97). É como tal que Ela está presente com os Doze, «num só coração, assíduos na oração» (Act 1, 14), no alvorecer dos «últimos tempos», que o Espírito vai inaugurar na manhã do Pentecostes, com a manifestação da Igreja.
JESUS CRISTO
727. Toda a missão do Filho e do Espírito Santo, na plenitude do tempo, está contida no facto de o Filho ser o ungido do Espírito do Pai, desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias.
Todo o segundo capítulo do Símbolo da Fé deve ser lido a esta luz. Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do Espírito Santo. Aqui mencionaremos somente o que se refere à promessa do Espírito Santo feita por Jesus, e à sua doação pelo Senhor glorificado.
728. Jesus não revela plenamente o Espírito Santo enquanto Ele próprio não for glorificado pela sua morte e ressurreição. No entanto, sugere-O pouco a pouco, mesmo no seu ensino às multidões, quando revela que a sua carne será alimento para a vida do mundo (98). Insinua-O também a Nicodemos (99) , à samaritana (100) e aos que tomam parte na festa dos Tabernáculos (101). Aos seus discípulos, fala d’Ele abertamente a propósito da oração (102) e do testemunho que devem dar (103).
729. Só quando chega a Hora em que vai ser glorificado, é que Jesus promete a vinda do Espírito Santo, pois a sua morte e ressurreição serão o cumprimento da promessa feita aos antepassados (104). O Espírito da verdade, o outro Paráclito, será dado pelo Pai a pedido de Jesus; será enviado pelo Pai em nome de Jesus; Jesus O enviará de junto do Pai, porque do Pai procede. O Espírito Santo virá, nós O conheceremos, Ele ficará connosco para sempre, habitará connosco; há-de ensinar-nos tudo, há-de lembrar-nos tudo o que Cristo nos disse e dará testemunho d’Ele; conduzir-nos-á à verdade total e glorificará a Cristo. Quanto ao mundo, confundi-lo-á em matéria de pecado, de justiça e de julgamento.
730. Chega, por fim, a «Hora de Jesus» (105) : Jesus entrega o seu espírito nas mãos do Pai (106) , no momento em que pela sua morte vence a morte, de tal modo que, «ressuscitado dos mortos pela glória do Pai» (Rm 6, 4), logo dá o Espírito Santo «soprando» sobre os discípulos (107). A partir dessa «Hora», a missão de Cristo e do Espírito torna-se a missão da Igreja: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21) (108).
V. O Espírito e a Igreja nos últimos tempos
O PENTECOSTES
731. No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo que Se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito (109).
732. Neste dia, revelou-Se plenamente a Santíssima Trindade. A partir deste dia, o Reino anunciado por Cristo abre-se aos que n’Ele crêem. Na humildade da carne e na fé, eles participam já na comunhão da Santíssima Trindade. Pela sua vinda, que não cessará jamais, o Espírito Santo faz entrar no mundo nos «últimos tempos», no tempo da Igreja, no Reino já herdado mas ainda não consumado:
«Nós vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, porque foi Ela que nos salvou» (110).
O ESPÍRITO SANTO – DOM DE DEUS
733. «Deus é Amor» (1 Jo 4, 8.16) e o Amor é o primeiro dom, que contém todos os outros. Este amor «derramou-o Deus nos nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5).
734. Uma vez que estamos mortos, ou pelo menos feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do Amor é a remissão dos nossos pecados. E é a comunhão do Espírito Santo (2 Cor 13, 13) que, na Igreja, restitui aos baptizados a semelhança divina perdida pelo pecado.
735. Ele dá-nos então as «arras» ou as «primícias» da nossa herança (111): a própria vida da Santíssima Trindade, que consiste em amar «como Ele nos amou» (112). Este amor (a caridade de que se fala em 1 Cor 13) é o princípio da vida nova em Cristo, tornada possível graças ao facto de termos «recebido uma força vinda do alto, a do Espírito Santo»(Act 1, 8).
736. É graças a esta força do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira Vide far-nos-á dar «os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 22-23). «O Espírito é a nossa vida»: quanto mais renunciarmos a nós próprios (113), mais «caminharemos segundo o Espírito» (114):
«Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adopção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna» (115).
O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA
737. A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, doravante, os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito Santo: o Espírito prepara os homens e adianta-se-lhes com a sua graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor ressuscitado, lembra-lhes a sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da sua morte e da sua ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, principalmente na Eucaristia, com o fim de os reconciliar, de os pôr em comunhão com Deus, para os fazer dar «muito fruto» (116).
738. Assim, a missão da Igreja não se acrescenta à de Cristo e do Espírito Santo, mas é o sacramento dela: por todo o seu ser e em todos os seus membros, é enviada para anunciar e testemunhar, actualizar e derramar o mistério da comunhão da Santíssima Trindade (será este o objecto do próximo artigo):
«Nós todos, que recebemos o único e mesmo Espírito, quer dizer, o Espírito Santo, fundimo-nos entre nós e com Deus. Porque, embora sejamos numerosos separadamente, e Cristo faça com que o Espírito do Pai e seu habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz pessoalmente à unidade os que são distintos entre si […] e faz com que todos apareçam n’Ele como sendo um só. E assim como o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se encontra formem um só corpo, penso que, do mesmo modo, o Espírito de Deus, que habita em todos, único e indivisível, os leva todos à unidade espiritual» (117).
739. Uma vez que o Espírito Santo é a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do corpo, quem O derrama nos seus membros para os alimentar, os curar, os organizar nas suas mútuas funções, os vivificar, os enviar a dar testemunho, os associar à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros do seu corpo o seu Espírito Santo e santificador (será este o objecto da segunda parte do Catecismo).
740. Estas «maravilhas de Deus», oferecidas aos crentes nos sacramentos da Igreja, dão os seus frutos na vida nova em Cristo, segundo o Espírito (será este o objecto da terceira parte do Catecismo).
741. «Também o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26). O Espírito Santo, artífice das obras de Deus, é o Mestre da oração (será este o objecto da quarta parte do Catecismo).
Resumindo
742. «E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “Abbá!” Pai!» (Gl 4, 6).
743. Desde o princípio até à consumação do tempo, quando Deus envia o seu Filho, envia sempre o seu Espírito: a missão dos dois é conjunta e inseparável.
744. Na plenitude dos tempos, o Espírito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda de Cristo ao povo de Deus. Pela acção do Espírito Santo n ‘Ela, o Pai dá ao mundo o Emanuel, «Deus connosco» (Mt 1, 23).
745. O Filho de Deus é consagrado Cristo (Messias) pela unção do Espírito Santo, na sua Encarnação (118).
746. Pela sua morte e ressurreição, Jesus foi constituído Senhor e Cristo na glória (119). Da sua plenitude, Ele derrama o Espírito Santo sobre os Apóstolos e sobre a Igreja.
747. O Espírito Santo, que Cristo-cabeça derrama sobre os seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja. Ela é o sacramento da comunhão da Santíssima Trindade com os homens.
ARTIGO 9
«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»
748. «A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar todos os homens com a sua luz que resplandece no rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a toda a criatura» (120). É com estas palavras que começa a «Constituição Dogmática sobre a Igreja» do II Concilio do Vaticano. Desse modo, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos relativos a Jesus Cristo. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Ela é, segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, comparável à lua, cuja luz é toda reflexo da do sol.
749. O artigo sobre a Igreja depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito Santo, que o precede. «Com efeito, depois de ter mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o dador de toda a santidade, nós confessamos agora que foi Ele quem dotou de santidade a Igreja» (121). A Igreja é, segundo a expressão dos Padres, o lugar «onde floresce o Espírito» (122).
750. Crer que a Igreja é «santa» e «católica», e que é «una» e «apostólica» (como acrescenta o Símbolo Niceno-Constantinopolitano), é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos fazemos profissão de crer a Igreja santa («Credo… Ecclesiam»), e não na Igreja, para não confundir Deus com as suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que Ele próprio pôs na sua Igreja (123).
PARÁGRAFO 1
A IGREJA NO DESÍGNIO DE DEUS
I. Os nomes e as imagens da Igreja
751. A palavra «Igreja» («ekklesía», do verbo grego «ek-kalein» = «chamar fora») significa «convocação». Designa as assembleias do povo em geral (124) de carácter religioso. É o termo frequentemente utilizado no Antigo Testamento grego para a assembleia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembleia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu povo santo (125). Ao chamar-se «Igreja», a primeira comunidade dos que acreditaram em Cristo reconhece-se herdeira dessa assembleia. Nela, Deus «convoca» o seu povo de todos os confins da terra. O termo « Kyriakê», de onde derivaram «church», «Kirche», significa «aquela que pertence ao Senhor».
752. Na linguagem cristã, a palavra «Igreja» designa a assembleia litúrgica (126), mas também a comunidade local (127) ou toda a comunidade universal dos crentes (128). Estes três significados são, de facto, inseparáveis. «A Igreja» é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Ela existe nas comunidades locais e realiza-se como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo, e é assim que ela própria se torna Corpo de Cristo.
OS SÍMBOLOS DA IGREJA
753. Na Sagrada Escritura, encontramos grande quantidade de imagens e figuras ligadas entre si, mediante as quais a Revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tomadas do Antigo Testamento constituem variantes duma ideia de fundo, que é a de «povo de Deus». No Novo Testamento (129), todas estas imagens encontram um novo centro, pelo facto de Cristo Se tomar «a Cabeça» deste povo (130) que é, desde então, o seu corpo. A volta deste centro, agrupam-se imagens «tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimónio» (131).
754. «Assim a Igreja é o redil, cuja única e necessária porta é Cristo (132). E também o rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor (133) e cujas ovelhas, ainda que governadas por pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom Pastor e Príncipe dos pastores (134), o qual deu a vida pelas suas ovelhas (135)» (136) .
755 «A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (137). Nesse campo cresce a oliveira antiga, de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e realizará a reconciliação de judeus e gentios (138). Ela foi plantada pelo celeste Agricultor como uma vinha eleita (139). A verdadeira Videira é Cristo: é Ele que dá vida e fecundidade aos sarmentos, isto é, a nós que, pela Igreja, permanecemos n’Ele, e sem o Qual nada podemos fazer (140)» (141).
756. «A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (142). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: Act 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (143), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (144), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (145); tabernáculo de Deus com os homens (146); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém. Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (147). Esta cidade, S. João contemplou-a “descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo” (Ap 21, 1-2)» (148).
757. «A Igreja é também chamada “Jerusalém do Alto” e “nossa mãe” (Gl 4, 26) (149); é também descrita como a Esposa imaculada do Cordeiro sem mancha (150), a qual Cristo “amou, pela qual Se entregou para a santificar” (Ef 5, 25-26), que uniu a Si por um vínculo indissolúvel, e à qual, sem cessar, “alimenta e presta cuidados” (Ef 5, 29)» (151).
II. Origem, fundação e missão da Igreja
758. Para perscrutar o mistério da Igreja, é conveniente meditar primeiro sobre a sua origem no desígnio da Santíssima Trindade e sobre a sua progressiva realização na história.
UM DESÍGNIO NASCIDO NO CORAÇÃO DO PAI
759. «O eterno Pai, que pelo libérrimo e insondável desígnio da sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens participação da vida divina», para a qual a todos convida em seu Filho: «E, aos que crêem em Cristo, decidiu convocá-los na santa Igreja». Esta «família de Deus» constituiu-se e realizou-se gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai: de facto, a Igreja «prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga Aliança, foi constituída no fim dos tempos, e manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos» (152).
A IGREJA – PREFIGURADA DESDE A ORIGEM DO MUNDO
760. «O mundo foi criado em ordem à Igreja», diziam os cristãos dos primeiros tempos (153). Deus criou o mundo em ordem à comunhão na sua vida divina, comunhão que se realiza pela “convocação” dos homens em Cristo, e esta “convocação” é a Igreja. A Igreja é o fim de todas as coisas (154). Até as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, não foram permitidas por Deus senão como ocasião e meio de pôr em acção toda a força do seu braço, toda a medida do amor que queria dar ao mundo:
«Assim como a vontade de Deus é um acto e se chama mundo, do mesmo modo a sua intenção é a salvação dos homens e chama-se Igreja» (155).
A IGREJA – PREPARADA NA ANTIGA ALIANÇA
761. A reunião do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e entre si. A reunião da Igreja é, por assim dizer, a reacção de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente no seio de todos os povos: «Em qualquer nação, quem O teme e pratica a justiça, é aceite por Ele» (Act 10, 35) (156).
762. A preparação remota da reunião do povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que há-de vir a ser o pai de um grande povo (157). A preparação imediata começa com a eleição de Israel como povo de Deus (158). Pela sua eleição, Israel deve ser o sinal da reunião futura de todas as nações (159). Mas já os profetas acusam Israel de ter quebrado a aliança, comportando-se como uma prostituta (160). Eles anunciam uma Aliança nova e eterna (161). «Esta Aliança nova, instituiu-a Cristo» (162).
A IGREJA – INSTITUÍDA POR JESUS CRISTO
763. Pertence ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação do seu Pai; tal é o motivo da sua «missão» (163). «O Senhor Jesus deu início à sua Igreja, pregando a boa-nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras» (164). Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus. A Igreja «é o Reino de Cristo já presente em mistério» (165).
764. «Este Reino manifesta-se aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo» (166), Acolher a palavra de Jesus é «acolher o próprio Reino» (167). O germe e começo do Reino é o «pequeno rebanho» (Lc 12, 32) daqueles que Jesus veio congregar ao seu redor e dos quais Ele próprio é o Pastor (168). Eles constituem a verdadeira família de Jesus (169). Aqueles que assim juntou em redor de si, ensinou uma nova «maneira de agir», mas também uma oração própria (170).
765. O Senhor Jesus dotou a sua comunidade duma estrutura que permanecerá até ao pleno acabamento do Reino. Temos, antes de mais, a escolha dos Doze, com Pedro como chefe (171). Representando as doze tribos de Israel (172), são as pedras do alicerce da nova Jerusalém (173). Os Doze (174) e os outros discípulos (175) participam da missão de Cristo, do seu poder, mas também da sua sorte (176). Com todos estes actos, Cristo prepara e constrói a sua Igreja.
766. Mas a Igreja nasceu principalmente do dom total de Cristo pela nossa salvação, antecipado na instituição da Eucaristia e realizado na cruz. «Tal começo e crescimento da Igreja exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado» (177). Porque «foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja» (178). Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (179).
A IGREJA – MANIFESTADA PELO ESPÍRITO SANTO
767. «Consumada a obra que o Pai confiou ao Filho para cumprir na terra, no dia de Pentecostes foi enviado o Espírito Santo para que santificasse continuamente a Igreja» (180). Foi então que «a Igreja foi publicamente manifestada diante duma grande multidão» e «teve o seu início a difusão do Evangelho entre os gentios, por meio da pregação» (181). Porque é «convocação» de todos os homens à salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária, enviada por Cristo a todas as nações, para de todas fazer discípulos (182).
768. Para que a Igreja possa realizar a sua missão, o Espírito Santo «enriquece-a e guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos» (183). Pelo que a Igreja, enriquecida com os dons do seu fundador e guardando fielmente os seus preceitos de caridade, de humildade e de abnegação, recebe a missão de anunciar e instaurar o Reino de Cristo e de Deus em todos os povos, e constitui o germe e o princípio deste mesmo Reino na terra» (184).
A IGREJA – CONSUMADA NA GLÓRIA
769. «A Igreja […] só na glória celeste alcançará a sua realização acabada» (185), aquando do regresso glorioso de Cristo. Até esse dia, «a Igreja avança na sua peregrinação por entre as perseguições do mundo e das consolações de Deus» (186). Vivendo na terra, ela tem consciência de viver no exílio, longe do Senhor (187) e suspira pelo advento do Reino em plenitude, pela hora em que «espera e deseja juntar-se ao seu Rei na glória» (188). A consumação da Igreja – e através dela, do mundo – na glória, não se fará sem grandes provações. Só então é que «todos os justos, desde Adão, “desde o justo Abel até ao último eleito”, se encontrarão reunidos na Igreja universal junto do Pai» (189).
III. O mistério da Igreja
770. A Igreja está na história, mas, ao mesmo tempo, transcende-a. Só «com os olhos da fé» (190) é que se pode ver na sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina.
A IGREJA – AO MESMO TEMPO VISÍVEL E ESPIRITUAL
771. «Cristo, mediador único, constitui e continuamente sustenta sobre a terra, como um todo visível, a sua Igreja santa, comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça». A Igreja é, simultaneamente:
– «sociedade dotada de órgãos hierárquicos e corpo místico de Cristo»;
– «agrupamento visível e comunidade espiritual»;
– «Igreja terrestre e Igreja ornada com os bens celestes».
Estas dimensões constituem, em conjunto, «uma única realidade complexa, formada pelo duplo elemento humano e divino» (191).
É próprio da Igreja ser «simultaneamente humana e divina, visível e dotada de elementos invisíveis, empenhada na acção e dada à contemplação, presente no mundo e, todavia, peregrina; mas de tal forma que o que nela é humano se deve ordenar e subordinar ao divino, o visível ao invisível, a acção à contemplação, e o presente à cidade futura que buscamos» (192).
«Humildade! Sublimidade! Tenda de Cedar e santuário de Deus; habitação terrena e palácio celeste; casa de barro e corte real; corpo mortal e templo de luz; enfim, objecto de desprezo para os orgulhosos e esposa de Cristo! Ela é morena mas bela, ó filhas de Jerusalém; ela que, empalidecida pela fadiga e sofrimento dum longo exílio, tem, no entanto, por ornamento a beleza celeste» (193).
A IGREJA – MISTÉRIO DA UNIÃO DOS HOMENS COM DEUS
772. É na Igreja que Cristo realiza e revela o seu próprio mistério, como a meta do desígnio de Deus: «recapitular tudo n’Ele» (Ef 1, 10). São Paulo chama «grande mistério» (Ef 5, 32) à união esponsal de Cristo e da Igreja. Porque está unida a Cristo como a seu esposo (194), a própria Igreja, por seu turno, se torna mistério (195). E é contemplando nela este mistério, que S. Paulo exclama: «Cristo em vós — eis a esperança da glória!» (Cl 1, 27).
773. Na Igreja, esta comunhão dos homens com Deus pela «caridade, que não passa jamais» (1 Cor 13, 8), é o fim que comanda tudo quanto nela é meio sacramental, ligado a este mundo que passa (196). «A sua estrutura está completamente ordenada à santidade dos membros de Cristo. E a santidade aprecia-se em função do “grande mistério”, em que a esposa responde com a dádiva do seu amor ao dom do Esposo» (197). Nesta santidade que é o mistério da Igreja, Maria precede-nos todos como «a Esposa sem mancha nem ruga» (198). E é por isso que «a dimensão mariana da Igreja precede a sua dimensão petrina» (199).
A IGREJA – SACRAMENTO UNIVERSAL DA SALVAÇÃO
774. A palavra grega mysterion foi traduzida em latim por dois termos: mysterium e sacramentum. Na segunda interpretação, o termo sacramentum exprime prevalentemente o sinal visível da realidade oculta da salvação, indicada pelo termo mysterium. Neste sentido, o próprio Cristo é o mistério da salvação: «Nem há outro mistério senão Cristo (200). A obra salvífica da sua humanidade santa e santificadora é o sacramento da salvação, que se manifesta e actua nos sacramentos da Igreja (que as Igrejas do Oriente chamam também «os santos mistérios»). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos pelos quais o Espírito Santo derrama a graça de Cristo, que é a Cabeça, na Igreja que é o seu Corpo. A Igreja possui, pois, e comunica a graça invisível que significa: e é neste sentido analógico que é chamada «sacramento».
775 «A Igreja em Cristo é como que o sacramento ou sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano» (201). Ser sacramento da união íntima do homem com Deus, eis a primeira finalidade da Igreja. E porque a comunhão dos homens entre si radica na união com Deus, a Igreja é, também, o sacramento da unidade do género humano. Nela, esta unidade já começou, pois reúne homens «de toda a nação, raça, povo e língua» (Ap 7, 9). A Igreja é, ao mesmo tempo, «sinal e instrumento» da plena realização desta unidade, que ainda há-de vir.
776. Como sacramento, a Igreja é instrumento de Cristo. «É assumida por Ele como instrumento da redenção universal»(202), «o sacramento universal da salvação»(203), pelo qual o mesmo Cristo «manifesta e simultaneamente actualiza o mistério do amor de Deus pelos homens»(204). É o «projecto visível do amor de Deus para com a humanidade»(205), segundo o qual Deus quer «que todo o género humano forme um só povo de Deus, se una num só Corpo de Cristo e se edifique num só templo do Espírito Santo»(206).
Resumindo:
777. A palavra «Igreja» significa «convocação». Designa a assembleia daqueles que a Palavra de Deus convoca para formar o seu povo, e que, alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam, eles próprios, Corpo de Cristo.
778. A Igreja é, ao mesmo tempo, caminho e meta do desígnio de Deus: prefigurada na criação, preparada na antiga Aliança, fundada pelas palavras e actos de Jesus Cristo, realizada pela sua Cruz redentora e pela sua ressurreição, manifesta-se como mistério de salvação pela efusão do Espírito Santo. Será consumada na glória do céu como assembleia de todos os resgatados da terra (207).
779. A Igreja é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. É una, mas formada por um duplo elemento: humano e divino. Aí reside o seu mistério, que só a fé pode acolher.
780. A Igreja é, neste mundo, o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos homens.
PARÁGRAFO 2
A IGREJA – POVO DE DEUS,
CORPO DE CRISTO, TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO
I. A Igreja – Povo de Deus
781. «Em todos os tempos e em todas as nações foi agradável a Deus aquele que O teme e pratica a justiça. No entanto, aprouve a Deus salvar e santificar os homens não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo que O conhecesse na verdade e O servisse na santidade. Foi por isso que escolheu Israel para ser o seu povo, estabeleceu com ele uma aliança e instruiu-o progressivamente manifestando-se a Si mesmo e os desígnios da Sua vontade na história desse povo, e santificando-o para Si. Mas tudo isso aconteceu como preparação da Aliança nova e perfeita, que seria concluída em Cristo […]. Esta nova Aliança instituiu-a Cristo no seu Sangue, chamando um povo, proveniente de judeus e pagãos, a juntar-se na unidade, não segundo a carne, mas no Espírito» (208).
As CARACTERÍSTICAS DO POVO DE DEUS
782. O povo de Deus possui características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história:
– é o povo de Deus: Deus não é propriedade de nenhum povo; mas adquiriu para Si um povo constituído por aqueles que outrora não eram um povo: «raça eleita, sacerdócio real, nação santa» (1 Pe 2, 9);
– vem-se a ser membro deste povo, não pelo nascimento físico, mas pelo «nascimento do Alto», «da água e do Espírito» (Jo 3, 3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Baptismo;
– este povo tem por Cabeça Jesus Cristo (o Ungido, o Messias): porque a mesma unção, o Espírito Santo, flui da Cabeça por todo o Corpo, este é o «povo messiânico»;
– «a condição deste povo é a dignidade da liberdade dos filhos de Deus: nos seus corações, como num templo, reside o Espírito Santo» (209);
– «a sua lei é o mandamento novo, de amar como o próprio Cristo nos amou (210)»; é a lei «nova» do Espírito Santo (211);
– a sua missão é ser o sal da terra e a luz do mundo (212). «Constitui para todo o género humano o mais forte gérmen de unidade, esperança e salvação» (213);
– o seu destino, finalmente, é «o Reino de Deus, o qual, começado na terra pelo próprio Deus, se deve dilatar cada vez mais, até ser também por Ele consumado no fim dos séculos» (214).
UM POVO SACERDOTAL, PROFÉTICO E REAL
783. Jesus Cristo é Aquele que o Pai ungiu com o Espírito Santo e constituiu «sacerdote, profeta e rei». Todo o povo de Deus participa destas três funções de Cristo, com as responsabilidades de missão e de serviço que delas resultam (215).
784. Ao entrar no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo, participa-se na vocação única deste povo: na sua vocação sacerdotal – «Cristo Senhor, sumo-sacerdote escolhido de entre os homens, fez do povo novo «um reino de sacerdotes para o seu Deus e Pai». Na verdade, pela regeneração e pela unção do Espírito Santo, os baptizados são consagrados para serem uma casa espiritual, um sacerdócio santo (216).
785. «O povo santo de Deus participa também da função profética de Cristo», sobretudo pelo sentido sobrenatural da fé, que é o de todo o povo, leigos e hierarquia, quando «adere indefectivelmente à fé transmitida aos santos de uma vez por todas» (217),aprofunda o conhecimento da mesma, e se torna testemunha de Cristo no meio deste mundo.
786. Finalmente, o povo de Deus participa na função real de Cristo. Cristo exerce a sua realeza atraindo a Si todos os homens pela sua morte e ressurreição (218). Cristo, Rei e Senhor do universo, fez-Se o servo de todos, pois «não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate pela multidão» (Mt 20, 28). Para o cristão, «reinar é servi-Lo» (219), em especial «nos pobres e nos que sofrem, nos quais a Igreja reconhece a imagem do seu Fundador pobre e sofredor (220). O povo de Deus realiza a sua «dignidade real» na medida em que viver de acordo com esta vocação de servir com Cristo.
«De todos os regenerados em Cristo, o sinal da cruz faz reis, a unção do Espírito Santo consagra sacerdotes, para que, independentemente do serviço particular do nosso ministério, todos os cristãos espirituais no uso da razão se reconheçam membros desta estirpe real e participantes da função sacerdotal. De facto, que há de tão real para uma alma como governar o seu corpo na submissão a Deus? E que há de tão sacerdotal como oferecer ao Senhor uma consciência pura, imolando no altar do seu coração as vítimas sem mancha da piedade?» (221).
II. A Igreja – Corpo de Cristo
A IGREJA É COMUNHÃO COM JESUS
787. Desde o princípio, Jesus associou os discípulos à sua vida (222). Revelou-lhes o mistério do Reino (223): deu-lhes parte na sua missão, na sua alegria (224) e nos seus sofrimentos (225). Jesus fala duma comunhão ainda mais íntima entre Ele e os que O seguem: «Permanecei em Mim, como Eu em vós […]. Eu sou a cepa, vós os ramos» (Jo 15, 4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real entre o seu próprio Corpo e o nosso: «Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em Mim e Eu nele» (Jo 6, 56).
788. Quando a sua presença visível lhes foi tirada, Jesus não deixou órfãos os discípulos (226). Prometeu-lhes ficar com eles até ao fim dos tempos (227), e enviou-lhes o seu Espírito (228). A comunhão com Jesus tornou-se, de certo modo, mais intensa: «Comunicando o seu Espírito aos seus irmãos, por Ele reunidos de todas as nações, constituiu-os seu Corpo Místico» (229).
789. A comparação da Igreja com um corpo lança uma luz particular sobre a ligação íntima existente entre a Igreja e Cristo. Ela não está somente reunida à volta d’Ele: está unificada n’Ele, no seu Corpo. Na Igreja, Corpo de Cristo, são de salientar mais especificamente três aspectos: a unidade de todos os membros entre si, pela união a Cristo; Cristo, Cabeça do Corpo; a Igreja, Esposa de Cristo.
«UM SÓ CORPO»
790. Os crentes que respondem à Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo, ficam estreitamente unidos a Cristo: «Neste Corpo, a vida de Cristo difunde-se nos crentes, unidos pelos sacramentos, dum modo misterioso e real, a Cristo sofredor e glorificado» (230), Isto verifica-se particularmente no Baptismo, que nos une à morte e ressurreição de Cristo (231), e na Eucaristia, pela qual, «participando realmente no Corpo de Cristo», somos elevados à comunhão com Ele e entre nós (232).
791. Mas a unidade do Corpo não anula a diversidade dos membros: «Na edificação do Corpo de Cristo existe diversidade de membros e funções. É o mesmo Espírito que distribui os seus vários dons, segundo a sua riqueza e as necessidades dos ministérios para utilidade da Igreja» (233). A unidade do Corpo Místico produz e estimula a caridade entre os fiéis: «Daí que, se algum membro padece, todos os membros sofrem juntamente; e se algum membro recebe honras, todos se alegram» (234). Em suma, a unidade do Corpo Místico triunfa sobre todas as divisões humanas: «Todos vós que fostes baptizados em Cristo, fostes revestidos de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; porque todos vós sois um só, em Cristo Jesus» (Gl 3, 27-28).
«A CABEÇA DESTE CORPO É CRISTO»
792. Cristo «é a Cabeça do Corpo que é a Igreja» (Cl 1, 18). Ele é o Princípio da criação e da Redenção. Elevado à glória do Pai, «tem em tudo a primazia» (Cl 1, 18), principalmente sobre a Igreja, por meio da qual estende o seu reinado sobre tudo quanto existe.
793. Une-nos à sua Páscoa: todos os membros se devem esforçar por se parecerem com Ele, «até que Cristo Se forme neles» (Gl 4, 19). «É para isso que nós somos introduzidos nos mistérios da sua vida […], associados aos seus sofrimentos como o corpo à cabeça, unidos à sua paixão para ser unidos à sua glória» (235).
794. Provê ao nosso crescimento (236): a fim de crescermos em tudo para Aquele que é a Cabeça (237), Cristo distribui no seu Corpo, a Igreja, os dons e os serviços pelos quais mutuamente nos ajudamos no caminho da salvação.
795. Cristo e a Igreja são, pois, o «Cristo total» (Christus totus). A Igreja é una com Cristo. Os santos têm desta unidade uma consciência muito viva:
«Congratulemo-nos, pois, e dêmos graças pelo facto de nos termos tornado não apenas cristãos, mas o próprio Cristo. Estais a compreender, irmãos, a graça que Deus nos fez, dando-nos Cristo por Cabeça? Admirai e alegrai-vos: nós tornámo-nos Cristo. Com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça e nós os membros, o homem completo é Ele e nós […]. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros. Que quer dizer: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja» (238).
«Redemptor noster unam se personam cum sanctam Ecelesiam, quam assumpsit, exhibuit – O nosso Redentor apresentou-Se a Si próprio como uma única pessoa unida à santa Igreja, que Ele assumiu» (239).
«Caput et membra, quasi una persona mystica – Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só e mesma pessoa mística» (240).
Uma palavra de Santa Joana d’Arc aos seus juízes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom-senso do crente: «De Jesus Cristo e da Igreja eu penso que são um só, e não há que levantar dificuldades a esse respeito» (241).
A IGREJA É A ESPOSA DE CRISTO
796. A unidade de Cristo e da Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção entre ambos, numa relação pessoal. Este aspecto é, muitas vezes, expresso pela imagem do esposo e da esposa. O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos profetas e anunciado por João Baptista (242). O próprio Senhor Se designou como «o Esposo» (Mc 2, 19) (243). E o Apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel, membro do seu Corpo, como uma esposa «desposada» com Cristo Senhor, para formar com Ele um só Espírito (244). Ela é a Esposa imaculada do Cordeiro imaculado (245) que Cristo amou, pela qual Se entregou «para a santificar» (Ef 5, 26), que associou a Si por uma aliança eterna, e à qual não cessa de prestar cuidados como ao Seu próprio Corpo (246).
«Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos […]. Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: «Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: «Já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal […] «Diz-se “Esposo” enquanto Cabeça e “esposa” enquanto Corpo» (247).
III. A Igreja – Templo do Espírito Santo
797. «O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o Corpo de Cristo, que é a Igreja» (248). «É ao Espírito de Cristo, como a um princípio oculto, que se deve atribuir o facto de todas as partes do Corpo estarem unidas, tanto entre si como com a Cabeça suprema, pois Ele está todo na Cabeça, todo no Corpo, todo em cada um dos seus membros» (249). É o Espírito Santo que faz da Igreja «o templo do Deus vivo» (2 Cor 6, 16) (250):
«De facto, foi à própria Igreja que o dom de Deus foi confiado […]. Nela foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, arras da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e escada da nossa ascensão para Deus […]. Porque onde está a Igreja, aí está também o Espírito de Deus; e onde está o Espírito de Deus, aí está a Igreja e toda a graça» (251).
798. O Espírito Santo é «o princípio de toda a acção vital e verdadeiramente salvífica em cada uma das diversas partes do Corpo» (252), Ele realiza, de múltiplas maneiras, a edificação de todo o Corpo na caridade (253): pela Palavra de Deus, «que tem o poder de construir o edifício» (Act 20, 32); mediante o Baptismo, pelo qual forma o Corpo de Cristo (254); pelos sacramentos, que fazem crescer e curam os membros de Cristo; pela «graça dada aos Apóstolos que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons» (255); pelas virtudes que fazem agir segundo o bem; enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas «carismas») pelos quais Ele torna os fiéis «aptos e disponíveis para assumir os diferentes cargos e ofícios proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja» (256).
OS CARISMAS
799. Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, directa ou indirectamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo.
800. Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. De facto, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (257).
801. Nesse sentido será sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja. «A eles compete, de modo especial, não extinguir o Espírito, mas tudo examinar para reter o que é bom» (258), de modo que todos os carismas, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o «bem comum» (1 Cor 12, 7) (259).
Resumindo:
802. Jesus Cristo «entregou-Se por nós, a fim de nos resgatar de toda a iniquidade e de purificar e constituir um povo de sua exclusiva posse» (Tt 2, 14).
803. «Vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido» (1 Pe 2, 9).
804. Entra-se no povo de Deus pela fé e pelo Baptismo. «Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus» (260), para que, em Cristo, «os homens constituam uma só família e um único povo de Deus» (261).
805. A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito e pela sua acção nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui como seu Corpo a comunidade dos crentes.
806. Na unidade deste Corpo, existe diversidade de membros e de funções. Mas todos os membros estão unidos uns aos outros, particularmente àqueles que sofrem, aos pobres e aos perseguidos.
807. A Igreja é este Corpo, cuja Cabeça é Cristo: ela vive d’Ele, n’Ele e para Ele; e Ele vive com ela e nela.
808. A Igreja é a Esposa de Cristo: Ele amou-a e entregou-Se por ela. Purificou-a pelo seu sangue. Fez dela a mãe fecunda de todos os filhos de Deus.
809. A Igreja é o Templo do Espírito Santo. O Espírito é como que a alma do Corpo Místico, princípio da sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza dos seus dons e carismas.
810. «A Igreja universal aparece, assim, como “um povo que vai buscar a sua unidade à unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”» (262).
PARÁGRAFO 3
A IGREJA É UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA
811. «Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica» (263). Estes quatro atributos, inseparavelmente ligados entre si (264) indicam traços essenciais da Igreja e da sua missão. A Igreja não os confere a si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, concede à sua Igreja que seja una, santa, católica e apostólica, e é ainda Ele que a chama a realizar cada uma destas qualidades.
812. Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades da sua fonte divina. Mas as manifestações históricas das mesmas são sinais que também falam claro à razão humana. «A Igreja, lembra o I Concílio do Vaticano, em razão da sua santidade, da sua unidade católica, da sua invicta constância, é, por si mesma, um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova incontestável da sua missão divina» (265).
I. A Igreja é una
«O SAGRADO MISTÉRIO DA UNIDADE DA IGREJA» (266)
813. A Igreja é una, graças à sua fonte: «O supremo modelo e princípio deste mistério é a unidade na Trindade das pessoas, dum só Deus, Pai e Filho no Espírito Santo» (267). A Igreja é una graças ao seu fundador: «O próprio Filho encarnado […] reconciliou todos os homens com Deus pela sua Cruz, restabelecendo a unidade de todos num só povo e num só Corpo» (268). A Igreja é una graças à sua «alma»: «O Espírito Santo que habita nos crentes e que enche e rege toda a Igreja, realiza esta admirável comunhão dos fiéis e une-os todos tão intimamente em Cristo que é o princípio da unidade da Igreja» (269). Pertence, pois, à própria essência da Igreja que ela seja una:
«Que admirável mistério! Há um só Pai do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja» (270).
814. Desde a origem, no entanto, esta Igreja apresenta-se com uma grande diversidade, proveniente ao mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas que os recebem. Na unidade do povo de Deus, juntam-se as diversidades dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma diversidade de dons, de cargos, de condições e de modos de vida. «No seio da comunhão da Igreja existem legitimamente Igrejas particulares, que gozam das suas tradições próprias» (271). A grande riqueza desta diversidade não se opõe à unidade da Igreja. No entanto, o pecado e o peso das suas consequências ameaçam constantemente o dom da unidade. Também o Apóstolo se viu na necessidade de exortar a que se guardasse «a unidade do Espírito pelo vínculo da paz» (Ef 4, 3).
815. Quais são os vínculos da unidade? «Acima de tudo, a caridade, que é o vínculo da perfeição» (Cl 3, 14). Mas a unidade da Igreja peregrina é assegurada também por laços visíveis de comunhão:
– a profissão duma só fé, recebida dos Apóstolos;
– a celebração comum do culto divino, sobretudo dos sacramentos;
– a sucessão apostólica pelo sacramento da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus (272).
816. «A única Igreja de Cristo […] é aquela que o nosso Salvador, depois da ressurreição, entregou a Pedro, com o encargo de a apascentar, confiando também a ele e aos outros apóstolos a sua difusão e governo […]. Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele» (273).
O decreto do II Concílio do Vaticano sobre o Ecumenismo explicita: «Com efeito, só pela Igreja Católica de Cristo, que é “meio geral de salvação”, é que se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação. Na verdade, foi apenas ao colégio apostólico, de que Pedro é o chefe, que, segundo a nossa fé, o Senhor confiou todas as riquezas da nova Aliança, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que sejam plenamente incorporados todos os que, de certo modo, pertencem já ao povo de Deus» (274).
817. De facto, «nesta Igreja de Deus una e única, já desde os primórdios surgiram algumas cisões, que o Apóstolo censura asperamente como condenáveis. Nos séculos posteriores, porém, surgiram dissensões mais amplas. Importantes comunidades separaram-se da plena comunhão da Igreja Católica, às vezes por culpa dos homens duma e doutra parte» (275). As rupturas que ferem a unidade do Corpo de Cristo (a saber: a heresia, a apostasia e o cisma) (276) devem-se aos pecados dos homens:
«Ubi peccata, ibi est multitudo, ibi schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi singularitas, ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una — Onde há pecados, aí se encontra a multiplicidade, o cisma, a heresia, o conflito. Mas onde há virtude, aí se encontra a unicidade e aquela união que faz com que todos os crentes tenham um só coração e uma só alma» (277).
818. Os que hoje nascem em comunidades provenientes de tais rupturas, «e que vivem a fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da divisão. A Igreja Católica abraça-os com respeito e caridade fraterna […]. Justificados pela fé recebida no Baptismo, incorporados em Cristo, é a justo título que se honram com o nome de cristãos e os filhos da Igreja Católica reconhecem-nos legitimamente como irmãos no Senhor» (278).
819. Além disso, existem fora das fronteiras visíveis da Igreja Católica, «muitos elementos de santificação e de verdade» (279): «a Palavra de Deus escrita, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade, outros dons interiores do Espírito Santo e outros elementos visíveis» (280). O Espírito de Cristo serve-Se destas Igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação, cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos estes bens provêm de Cristo e a Ele conduzem (281) e por si mesmos reclamam «a unidade católica» (282).
A CAMINHO DA UNIDADE
820. A unidade, «Cristo a concedeu à sua Igreja desde o princípio. Nós cremos que ela subsiste, sem possibilidade de ser perdida, na Igreja Católica, e esperamos que cresça de dia para dia até à consumação dos séculos» (283). Cristo dá sempre à sua Igreja o dom da unidade. Mas a Igreja deve orar e trabalhar constantemente para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela. Foi por esta intenção que Jesus orou na hora da sua paixão e não cessa de orar ao Pai pela unidade dos seus discípulos: «…Que todos sejam um. Como Tu, ó Pai, és um em Mim e Eu em Ti, assim também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste» (Jo 17, 21). O desejo de recuperar a unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito Santo (284).
821. Para lhe corresponder de modo adequado, exige-se:
– uma renovação permanente da Igreja, numa maior fidelidade à sua vocação. Essa renovação é a força do movimento a favor da unidade (285);
– a conversão do coração, «com o fim levar uma vida mais pura segundo o Evangelho» (286), pois o que causa as divisões é a infidelidade dos membros ao dom de Cristo;
– a oração em comum, porque «a conversão do coração e a santidade de vida. unidas às orações, públicas e privadas, pela unidade dos cristãos, devem ser tidas como a alma de todo o movimento ecuménico, e com razão podem chamar-se ecumenismo espiritual» (287);
– o mútuo conhecimento fraterno (288);
– a formação ecuménica dos fiéis, e especialmente dos sacerdotes (289);
– o diálogo entre os teólogos, e os encontros entre os cristãos das diferentes Igrejas e comunidades (290);
– a colaboração entre cristãos nos diversos domínios do serviço dos homens »(291).
822. A preocupação com realizar a união «diz respeito a toda a Igreja, fiéis e pastores» (292). Mas também se deve «ter consciência de que este projecto sagrado da reconciliação de todos os cristãos na unidade duma só e única Igreja de Cristo, ultrapassa as forças e capacidades humanas». Por isso, pomos toda a nossa esperança «na oração de Cristo pela Igreja, no amor do Pai para connosco e no poder do Espírito Santo» (293).
II. A Igreja é santa
823. «A Igreja é […], aos olhos da fé, indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é proclamado «o único Santo», com o Pai e o Espírito, amou a Igreja como sua esposa, entregou-Se por ela para a santificar, uniu-a a Si como seu Corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo para glória de Deus» (294). A Igreja é, pois, «o povo santo de Deus» (295), e os seus membros são chamados «santos» (296).
824. A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele. Por Ele e n’Ele toma-se também santificante. «Todas as obras da Igreja tendem, como seu fim, (297) para a santificação dos homens em Cristo e para a glorificação de Deus». É na Igreja que se encontra «a plenitude dos meios de salvação» (298). É nela que «nós adquirimos a santidade pela graça de Deus» (299).
825. «Na terra, a Igreja está revestida duma verdadeira, ainda que imperfeita, santidade» (300). Nos seus membros, a santidade perfeita é ainda algo a adquirir: «Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um pelo seu caminho» (301).
826. A caridade é a alma da santidade à qual todos são chamados: «É ela que dirige todos os meios de santificação, lhes dá alma e os conduz ao seu fim»(302):
«Compreendi que, se a Igreja tinha um corpo composto de diferentes membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe faltava: compreendi que a igreja tinha um coração, e que esse coração estava ardendo de amor. Compreendi que só o Amor fazia agir os membros da Igreja; que se o Amor se apagasse, os apóstolos já não anunciariam o Evangelho, os mártires recusar-se-iam a derramar o seu sangue… Compreendi que o Amor encerra todas as vocações, que o Amor é tudo, que abarca todos os tempos e lugares … numa palavra, que ele é Eterno» (303).
827. «Enquanto que Cristo, santo e inocente, sem mancha, não conheceu o pecado, mas veio somente expiar os pecados do povo, a Igreja, que no seu próprio seio encerra pecadores, é simultaneamente santa e chamada a purificar-se, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação» (304). Todos os membros da Igreja, inclusive os seus ministros, devem reconhecer-se pecadores (305). Em todos eles, o joio do pecado encontra-se ainda misturado com a boa semente do Evangelho até ao fim dos tempos (306). A Igreja reúne, pois, em si, pecadores abrangidos pela salvação de Cristo, mas ainda a caminho da santificação:
A Igreja «é santa, não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo» (307).
828. Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solenemente que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está nela, e ampara a esperança dos fiéis, propondo-lhes os santos como modelos e intercessores (308). «Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nos momentos mais difíceis da história da Igreja (309)». «A santidade é a fonte secreta e o padrão infalível da sua actividade apostólica e do seu dinamismo missionário» (310).
829. «Na pessoa da Santíssima Virgem, a Igreja alcançou já aquela perfeição, sem mancha nem ruga, que lhe é própria. Mas os fiéis de Cristo têm ainda de trabalhar para crescer em santidade, vencendo o pecado. Por isso, levantam os olhos para Maria»(311): nela, a Igreja é já plenamente santa.
III. A Igreja é católica
QUE QUER DIZER «CATÓLICA»?
830. A palavra «católico» significa «universal» no sentido de «segundo a totalidade» ou «segundo a integridade». A Igreja é católica num duplo sentido:
É católica porque Cristo está presente nela: «onde está Jesus Cristo, aí está a Igreja Católica» (312). Nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça (313), o que implica que ela receba d’Ele a «plenitude dos meios de salvação» (314) que Ele quis: confissão de fé recta e completa, vida sacramental integral e ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes (315) e sê-lo-á sempre até ao dia da Parusia.
831. É católica, porque Cristo a enviou em missão à universalidade do género humano (316):
«Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus. Por isso, permanecendo uno e único, este povo está destinado a estender-se a todo o mundo e por todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou a natureza humana na unidade e decidiu enfim reunir na unidade os seus filhos dispersos […]. Este carácter de universalidade que adorna o povo de Deus é dom do próprio Senhor. Graças a tal dom, a Igreja Católica tende a recapitular, eficaz e perpetuamente, a humanidade inteira, com todos os bens que ela contém, sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito (317).
CADA UMA DAS IGREJAS PARTICULARES É «CATÓLICA»
832. «A Igreja de Cristo está verdadeiramente presente em todas as legítimas comunidades locais de fiéis que, unidas aos seus pastores, recebem, também elas, no Novo Testamento, o nome de Igrejas […]. Nelas, os fiéis são reunidos pela pregação do Evangelho de Cristo e é celebrado o mistério da Ceia do Senhor […]. Nestas comunidades, ainda que muitas vezes pequenas e pobres ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica» (318).
833. Entende-se por Igreja particular, que é em primeiro lugar a diocese (ou «eparquia»), uma comunidade de fiéis cristãos em comunhão de fé e de sacramentos com o seu bispo, ordenado na sucessão apostólica (319). Estas Igrejas particulares «são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja Católica una e única» (320).
834. As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma de entre elas: a Igreja Romana, «que preside à caridade» (321). «Com esta Igreja, mais excelente por causa da sua origem, deve necessariamente estar de acordo toda a Igreja, isto é, os fiéis de toda a parte» (322). «Desde que o Verbo Encarnado desceu até nós, todas as Igrejas cristãs de todo o mundo tiveram e têm a grande Igreja que vive aqui (em Roma)como única base e fundamento, porque, segundo as próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela» (323).
835. «A Igreja universal não deve ser entendida como simples somatório ou, por assim dizer, federação de Igrejas particulares […]. Mas é antes a Igreja, universal por vocação e missão, que lançando raiz numa variedade de terrenos culturais, sociais e humanos, toma em cada parte do mundo aspectos e formas de expressão diversos» (324). A rica variedade de normas disciplinares, ritos litúrgicos, patrimónios teológicos e espirituais, próprios das Igrejas locais, «mostra da forma mais evidente, pela sua convergência na unidade, a catolicidade da Igreja indivisa» (325).
QUEM PERTENCE À IGREJA CATÓLICA?
836. «Todos os homens são chamados […] à unidade católica do povo de Deus; de vários modos a ela pertencem, ou para ela estão ordenados, tanto os fiéis católicos como os outros que também acreditam em Cristo e, finalmente, todos os homens sem excepção, que a graça de Deus chama à salvação» (326):
837. «Estão plenamente incorporados na sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos, e que, além disso, pelos laços da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, estão unidos no todo visível da Igreja, com Cristo que a dirige por meio do Sumo Pontífice e dos bispos. Mas a incorporação não garante a salvação àquele que, por não perseverar na caridade, está no seio da Igreja «de corpo» mas não «de coração» (327).
838. «Com aqueles que, tendo sido baptizados, têm o belo nome de cristãos, embora não professem integralmente a fé ou não guardem a unidade de comunhão com o sucessor de Pedro, a Igreja sabe-se unida por múltiplas razões» (328). «Aqueles que crêem em Cristo e receberam validamente o Baptismo encontram-se numa certa comunhão, embora imperfeita, com a Igreja Católica» (329). Quanto às Igrejas Ortodoxas, esta comunhão é tão profunda «que bem pouco lhes falta para atingir a plenitude, que permita uma celebração comum da Eucaristia do Senhor» (330).
A IGREJA E OS NÃO-CRISTÃOS
839. «Aqueles que ainda não receberam o Evangelho estão também, de uma de ou outra forma, ordenados ao povo de Deus» (331):
A relação da Igreja com o Povo Judaico. A Igreja, povo de Deus na nova Aliança, ao perscrutar o seu próprio mistério, descobre o laço que a une ao povo judaico (332), «a quem Deus falou primeiro» (333). Ao invés das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já uma resposta à revelação de Deus na antiga Aliança. É ao povo judaico que «pertencem a adopção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas […] e os patriarcas; desse povo Cristo nasceu segundo a carne» (Rm 9, 4-5); porque «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29).
840. Aliás, quando se considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo povo de Deus tendem para fins análogos: a esperança da vinda (ou do regresso) do Messias. Mas a esperança é, dum lado, a do regresso do Messias, morto e ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus: do outro, a da vinda no fim dos tempos do Messias, cujos traços permanecem velados – expectativa acompanhada pelo drama da ignorância ou do falso conhecimento de Cristo Jesus.
841. Relações da Igreja com os muçulmanos. «O desígnio de salvação envolve igualmente os que reconhecem o Criador, entre os quais, em primeiro lugar, os muçulmanos que declarando guardar a fé de Abraão, connosco adoram o Deus único e misericordioso que há-de julgar os homens no último dia» (334).
842. A ligação da Igreja com as religiões não cristãs é, antes de mais, a da origem e do fim comuns do género humano:
«De facto, todos os povos formam uma única comunidade; têm uma origem única, pois Deus fez que toda a raça humana habitasse à superfície da terra; têm também um único fim último, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e desígnio de salvação se estendem a todos, até que os eleitos sejam reunidos na cidade santa» (335).
843. A Igreja reconhece nas outras religiões a busca, «ainda nas sombras e sob imagens», do Deus desconhecido mas próximo, pois é Ele quem a todos dá vida, respiração e todas as coisas e quer que todos os homens se salvem. Assim, a Igreja considera tudo quanto nas outras religiões pode encontrar-se de bom e verdadeiro, «como uma preparação evangélica e um dom d’Aquele que ilumina todo o homem, para que, finalmente, tenha a vida» (336).
844. Mas no seu comportamento religioso, os homens revelam também limites e erros que desfiguram neles a imagem de Deus:
«Muitas vezes, enganados pelo Maligno, transviaram-se nos seus raciocínios, trocando a verdade de Deus pela mentira. Preferindo o serviço da criatura ao do Criador, ou vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, expuseram-se ao desespero final» (337).
845. Foi para reunir de novo todos os seus filhos, desorientados e dispersos pelo pecado, que o Pai quis reunir toda a humanidade na Igreja do seu Filho. A Igreja é o lugar onde a humanidade deve reencontrar a sua unidade e a salvação. Ela é «o mundo reconciliado» (338); é a nau que «navega segura neste mundo, ao sopro do Espírito Santo, sob a vela panda da Cruz do Senhor» (339). Segundo uma outra imagem, querida aos Padres da Igreja, ela é figurada pela arca de Noé, a única que salva do dilúvio (340).
«FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO»
846. Como deve entender-se esta afirmação, tantas vezes repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de modo positivo, significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça pela Igreja que é o seu Corpo:
O santo Concílio «ensina, apoiado na Sagrada Escritura e na Tradição, que esta Igreja, peregrina na terra, é necessária à salvação. De facto, só Cristo é mediador e caminho de salvação. Ora, Ele torna-Se-nos presente no seu Corpo, que é a Igreja. Ao afirmar-nos expressamente a necessidade da fé e do Baptismo, Cristo confirma-nos, ao mesmo tempo, a necessidade da própria Igreja, na qual os homens entram pela porta do Baptismo. É por isso que não se podem salvar aqueles que, não ignorando que Deus, por Jesus Cristo, fundou a Igreja Católica como necessária, se recusam a entrar nela ou a nela perseverar» (341).
847. Esta afirmação não visa aqueles que, sem culpa da sua parte, ignoram Cristo e a sua igreja:
«Com efeito, também podem conseguir a salvação eterna aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, no entanto procuram Deus com um coração sincero e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a sua vontade conhecida através do que a consciência lhes dita» (342).
848. «Muito embora Deus possa, por caminhos só d’Ele conhecidos, trazer à fé, «sem a qual é impossível agradar a Deus» (343), homens que, sem culpa sua, ignoram o Evangelho, a Igreja tem o dever e, ao mesmo tempo, o direito sagrado, de evangelizar» (344) todos os homens.
A MISSÃO – UMA EXIGÊNCIA DA CATOLICIDADE DA IGREJA
849. O mandato missionário. «Enviada por Deus às nações, para ser o sacramento universal da salvação, a Igreja, em virtude das exigências íntimas da sua própria catolicidade e em obediência ao mandamento do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens» (345). «Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28, 19-20).
850. A origem e o fim da missão. O mandato missionário do Senhor tem a sua fonte primeira no amor eterno da Santíssima Trindade: «Por sua natureza, a Igreja peregrina é missionária, visto ter a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo» (346). E o fim último da missão consiste em fazer todos os homens participantes na comunhão existente entre o Pai e o Filho, no Espírito de amor (347).
851. O motivo da missão. É ao amor de Deus por todos os homens que, desde sempre, a Igreja vai buscar a obrigação e o vigor do seu ardor missionário: «Porque o amor de Cristo nos impele…» (2 Cor 5, 14) (348). Com efeito, «Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2, 4). Deus quer a salvação de todos, mediante o conhecimento da verdade. A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito da verdade estão já no caminho da salvação. Mas a Igreja, à qual a mesma verdade foi confiada, deve ir ao encontro dos que a procuram para lha levar. É por acreditar no desígnio universal da salvação que a Igreja deve ser missionária.
852. Os caminhos da missão. «O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo» (349). É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta «continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres. É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte – morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição» (350). É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos» (351).
853. Porém, no seu peregrinar, a Igreja também faz a experiência da «distância que separa a mensagem de que é portadora, da fraqueza humana daqueles a quem este Evangelho é confiado» (352). Só avançando pelo caminho «da penitência e da renovação» (353) e entrando «pela porta estreita da Cruz» (354) é que o povo de Deus pode expandir o Reino de Cristo (355). Com efeito, «assim como foi na pobreza e na perseguição que Cristo realizou a redenção, assim também a Igreja é chamada a seguir pelo mesmo caminho, para comunicar aos homens os frutos da salvação» (356).
854. Pela sua própria missão, «a Igreja faz a caminhada de toda a humanidade e partilha a sorte terrena do mundo. Ela é como que o fermento e, por assim dizer, a alma da sociedade humana, chamada a ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus» (357). O esforço missionário exige, portanto, paciência. Começa pelo anúncio do Evangelho aos povos e grupos que ainda não acreditam em Cristo (358); prossegue no estabelecimento de comunidades cristãs, que sejam «sinais da presença de Deus no mundo» (359) e na fundação de Igrejas locais (360); compromete-se num processo de inculturação, para incarnar o Evangelho nas culturas dos povos (361); e também não deixará de conhecer alguns fracassos. «Pelo que diz respeito aos homens, aos grupos humanos e aos povos, a Igreja só a pouco e pouco os atinge e penetra, assim os assumindo na plenitude católica» (362).
855. A missão da Igreja requer um esforço em ordem à unidade dos cristãos (363). «De facto, as divisões entre cristãos impedem a Igreja de realizar a plenitude da catolicidade que lhe é própria, naqueles seus filhos que, sem dúvida, lhe pertencem pelo Baptismo, mas que se encontram separados da plenitude da comunhão com ela. Mais ainda: para a própria Igreja, torna-se mais difícil exprimir, sob todos os seus aspectos, a plenitude da catolicidade na própria realidade da sua vida» (364).
856. A tarefa missionária implica um diálogo respeitoso com aqueles que ainda não aceitam o Evangelho (365). Os crentes podem tirar proveito para si mesmos deste diálogo, aprendendo a conhecer melhor «tudo quanto de verdade e graça se encontrava já entre os povos, como que por uma secreta presença de Deus» (366). Se anunciam a Boa-Nova aos que a ignoram, é para consolidar, completar e elevar a verdade e o bem que Deus espalhou entre os homens e os povos, e para os purificar do erro e do mal, «para glória de Deus, confusão do demónio e felicidade do homem» (367).
IV. A Igreja é apostólica
857. A Igreja é apostólica, porque está fundada sobre os Apóstolos. E isso em três sentidos:
– foi e continua a ser construída sobre o «alicerce dos Apóstolos» (Ef 2, 20 (368)), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo (369);
– guarda e transmite, com a ajuda do Espírito Santo que nela habita, a doutrina (370), o bom depósito, as sãs palavras recebidas dos Apóstolos (371);
-continua a ser ensinada, santificada e dirigida pelos Apóstolos até ao regresso de Cristo, graças àqueles que lhes sucedem no ofício pastoral: o colégio dos bispos, «assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja»:
«Pastor eterno, não abandonais o vosso rebanho, mas sempre o guardais e protegeis por meio dos santos Apóstolos, para que seja conduzido através dos tempos, pelos mesmos chefes que pusestes à sua frente como representantes do vosso Filho, Jesus Cristo» (373).
A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
858. Jesus é o enviado do Pai. Desde o princípio do seu ministério, «chamou para junto de Si os que Lhe aprouve […] e deles estabeleceu Doze, para andarem consigo e para os enviar a pregar» (Mc 3, 13-14). A partir de então, eles serão os seus «enviados» (é o que significa a palavra grega apostoloi). Neles, Jesus continua a sua própria missão: «Tal como o Pai Me enviou, assim Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21) (374). O seu ministério é, pois, a continuação da própria missão de Jesus: «Quem vos acolhe, acolhe-Me a Mim», disse Ele aos Doze (Mt 10, 40) (375).
859. Jesus uniu-os à missão que Ele próprio recebera do Pai: «assim como o Filho não pode fazer nada por Si mesmo» (Jo 5, 19.30), mas tudo recebe do Pai que O enviou, assim também aqueles que Jesus envia nada podem fazer sem Ele (376); d’Ele recebem o mandato da missão e o poder de o cumprir. Os apóstolos de Cristo sabem, portanto, que são qualificados por Deus como «ministros de uma Aliança nova» (2 Cor 3, 6), «ministros de Deus» (2 Cor 6, 4), «embaixadores de Cristo» (2 Cor 5, 20), «servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus» (1 Cor 4, 1).
860. No múnus dos Apóstolos há um aspecto intransmissível: serem as testemunhas escolhidas da ressurreição do Senhor e os alicerces da Igreja. Mas há também um aspecto da sua missão que permanece. Cristo prometeu estar com eles até ao fim dos tempos (377). «A missão divina confiada por Jesus aos Apóstolos é destinada a durar até ao fim dos séculos, uma vez que o Evangelho que devem transmitir é, para a Igreja, princípio de toda a sua vida em todos os tempos. Por isso é que os Apóstolos tiveram o cuidado de instituir […] sucessores» (378).
OS BISPOS, SUCESSORES DOS APÓSTOLOS
861. «Para que a missão que lhes fora confiada pudesse ser continuada depois da sua morte, os Apóstolos, como que por testamento, mandataram os seus cooperadores imediatos para levarem a cabo a sua tarefa e consolidarem a obra por eles começada, encomendando-lhes a guarda do rebanho em que o Espírito Santo os tinha instituído para apascentar a Igreja de Deus. Assim, instituíram homens nestas condições e tudo dispuseram para que, após a sua morte, outros homens provados tomassem conta do seu ministério» (379).
862. «Do mesmo modo que o encargo confiado pelo Senhor singularmente a Pedro, o primeiro dos Apóstolos, e destinado a ser transmitido aos seus sucessores, é um múnus permanente, assim também é permanente o múnus confiado aos Apóstolos de serem pastores da Igreja, múnus cuja perenidade a ordem sagrada dos bispos deve garantir». Por isso, a Igreja ensina que, «em virtude da sua instituição divina, os bispos sucedem aos Apóstolos como pastores da Igreja, de modo que quem os ouve, ouve a Cristo e quem os despreza, despreza a Cristo e Aquele que enviou Cristo» (380).
O APOSTOLADO
863. Toda a Igreja é apostólica, na medida em que, através dos sucessores de Pedro e dos Apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem. Toda a Igreja é apostólica, na medida em que é «enviada» a todo o mundo. Todos os membros da Igreja, embora de modos diversos, participam deste envio. «A vocação cristã é também, por natureza, vocação para o apostolado». E chamamos «apostolado» a «toda a actividade do Corpo Místico» tendente a «alargar o Reino de Cristo à terra inteira» (381).
864. «Sendo Cristo, enviado do Pai, a fonte e a origem de todo o apostolado da Igreja», é evidente que a fecundidade do apostolado, tanto dos ministros ordenados como dos leigos, depende da sua união vital com Cristo (382). Segundo as vocações, as exigências dos tempos e os vários dons do Espírito Santo, o apostolado toma as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade, haurida principalmente na Eucaristia, «que é como que a alma de todo o apostolado» (383).
865. A Igreja é una, santa, católica e apostólica na sua identidade profunda e última, porque é nela que existe desde já, e será consumado no fim dos tempos, «o Reino dos céus», «o Reino de Deus» (384), que veio até nós na Pessoa de Cristo e que cresce misteriosamente no coração dos que n’Ele estão incorporados, até à sua plena manifestação escatológica. Então, todos os homens por Ele resgatados e n’ Ele tornados «santos e imaculados na presença de Deus no amor» (385), serão reunidos como o único povo de Deus, «a Esposa do Cordeiro» (386), «a Cidade santa descida do céu, de junto de Deus, trazendo em si a glória do mesmo Deus» (387). E «a muralha da cidade assenta sobre doze alicerces, cada um dos quais tem o nome de um dos Doze apóstolos do Cordeiro» (Ap 21, 14).
Resumindo:
866. A Igreja é una: tem um só Senhor, professa uma só fé, nasce dum só Baptismo e forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito, em vista duma única esperança (388), no termo da qual todas as divisões serão superadas.
867. A Igreja é santa: é seu autor o Deus santíssimo; Cristo, seu Esposo, por ela Se entregou para a santificar; vivifica-a o Espírito de santidade. Embora encerra pecadores no seu seio, ela é «a sem-pecado feita de pecadores». Nos santos brilha a sua santidade; em Maria, ela é já totalmente santa.
868. A Igreja é católica: anuncia a totalidade da fé, tem à sua disposição e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens; abrange todos os tempos; «é, por sua própria natureza, missionária» (389).
869. A Igreja é apostólica: está edificada sobre alicerces duradouros, que são «os Doze apóstolos do Cordeiro» (390); é indestrutível (391); é infalivelmente mantida na verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e dos outros apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o colégio dos bispos.
870. «A única Igreja de Cristo, da qual professamos no Credo que é una, santa, católica e apostólica, […] é na Igreja Católica que subsiste, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos que estão em comunhão com ele, embora numerosos elementos de santificação e de verdade se encontrem fora das suas estruturas» (392).
PARÁGRAFO 4
OS FIÉIS DE CRISTO:
HIERARQUIA, LEIGOS, VIDA CONSAGRADA
871. «Fiéis são aqueles que, por terem sido incorporados em Cristo pelo Baptismo, foram constituídos em povo de Deus e por este motivo se tornaram, a seu modo, participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo e, segundo a própria condição, são chamados a exercer a missão que Deus confiou à Igreja para esta realizar no mundo» (393).
872. «Devido à sua regeneração em Cristo, existe entre todos os fiéis verdadeira igualdade no concernente à dignidade e à actuação, pela qual todos eles cooperam para a edificação do Corpo de Cristo, segundo a condição e a função próprias de cada um» (394).
873. As próprias diferenças que o Senhor quis que existissem entre os membros do seu Corpo servem a sua unidade e missão. Porque «há na Igreja diversidade de ministérios, mas unidade de missão. Cristo confiou aos Apóstolos e aos seus sucessores o encargo de ensinar, santificar e governar em seu nome e pelo seu poder. Mas os leigos, feitos participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo, assumem na Igreja e no mundo a parte que lhes toca naquilo que é a missão de todo o povo de Deus» (395). Por fim, «de ambos estes grupos [hierarquia e leigos] existem fiéis que, pela profissão dos conselhos evangélicos […], se consagram a Deus de modo peculiar, e contribuem para a missão salvífica da Igreja» (396).
I. A constituição hierárquica da Igreja
PORQUÊ O MINISTÉRIO ECLESIAL?
874. A fonte do ministério na Igreja é o próprio Cristo. Foi Ele que o instituiu e lhe deu autoridade e missão, orientação e finalidade.
«Cristo Senhor, para apascentar e aumentar continuamente o povo de Deus, instituía na sua Igreja vários ministérios, para bem de todo o Corpo. Com efeito, os ministros que estão dotados do poder sagrado estão ao serviço dos seus irmãos, para que todos quantos pertencem ao povo de Deus […] alcancem a salvação» (397).
875. «Como hão-de acreditar naquele de quem não ouviram falar? E como hão-de ouvir falar, sem que alguém o anuncie? E como hão-de anunciar, se não forem enviados?» (Rm 10, 14-15). Ninguém, nenhum indivíduo ou comunidade, pode anunciar a si mesmo o Evangelho. «A fé surge da pregação» (Rm 10, 17). Por outro lado, ninguém pode dar a si próprio o mandato e a missão de anunciar o Evangelho. O enviado do Senhor fala e actua, não por autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como membro da comunidade, mas falando à comunidade em nome de Cristo. Ninguém pode conferir a si mesmo a graça; ela deve ser-lhe dada e oferecida. Isto supõe ministros da graça, autorizados e habilitados em nome de Cristo. É d’Ele que os bispos e presbíteros recebem a missão e a faculdade (o «poder sagrado») de agir na pessoa de Cristo Cabeça e os diáconos a força de servir o povo de Deus na «diaconia» da Liturgia, da Palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e com o seu presbitério. A este ministério, no qual os enviados de Cristo fazem e dão, por graça de Deus, o que por si mesmos não podem fazer nem dar, a tradição da Igreja chama «sacramento». O ministério da Igreja é conferido por um sacramento próprio.
876. Intrinsecamente ligado à natureza sacramental do ministério eclesial está o seu carácter de serviço. Com efeito, inteiramente dependentes de Cristo, que lhes dá missão e autoridade, os ministros são verdadeiramente «servos de Cristo» (398), à imagem do mesmo Cristo que por nós livremente tomou «a forma de servo» (Fl 2, 7). E uma vez que a palavra e a graça, de que são ministros, não são deles, mas de Cristo que lhas confiou para os outros, eles tornar-se-ão livremente servos de todos (399).
877. Do mesmo modo, pertence à natureza sacramental do ministério eclesial que ele tenha um carácter colegial. De facto, desde o princípio do seu ministério, o Senhor Jesus instituiu os Doze, «gérmenes do novo Israel e ao mesmo tempo origem da hierarquia sagrada» (400). Escolhidos juntamente, também juntamente foram enviados, e a sua unidade fraterna estará ao serviço da comunhão fraterna de todos os fiéis. Será como um reflexo e um testemunho da comunhão das pessoas divinas (401). Por isso, todo o bispo exerce o seu ministério no seio do colégio episcopal e em comunhão com o bispo de Roma, sucessor de Pedro e chefe do mesmo colégio; e todos os presbíteros exercem o seu ministério no seio do presbyterium da diocese, sob a direcção do seu bispo.
878. Finalmente, pertence à natureza sacramental do ministério eclesial que ele tenha um carácter pessoal. Se os ministros de Cristo actuam em comunhão, fazem-no sempre também de modo pessoal. Cada qual é chamado pessoalmente –: «Tu, segue-Me» (Jo 21, 22)(402) – para ser, na missão comum, uma testemunha pessoal, pessoalmente responsável perante Aquele que lhe confere a missão, agindo «na pessoa d’Ele» e em favor das pessoas: «Eu te baptizo em nome do Pai…»; «Eu te absolvo…».
879. O ministério sacramental na Igreja é, pois, um serviço exercido em nome de Cristo. Tem um carácter pessoal e uma forma colegial. Isto verifica-se nos vínculos que ligam o colégio episcopal e o seu chefe, o sucessor de Pedro, bem como na relação entre a responsabilidade pastoral do bispo pela sua Igreja particular e a solicitude comum do colégio episcopal pela Igreja universal.
O COLÉGIO EPISCOPAL E O SEU CHEFE, O PAPA
880. Cristo, ao instituir os Doze, «deu-lhes a forma dum corpo colegial, quer dizer, dum grupo estável, e colocou á sua frente Pedro, escolhido de entre eles» (403). «Assim como, por instituição do Senhor, Pedro e os outros apóstolos formam um só colégio apostólico, assim de igual modo o pontífice romano, sucessor de Pedro, e os bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos entre si» (404).
881. Foi só de Simão, a quem deu o nome de Pedro, que o Senhor fez a pedra da sua Igreja. Confiou-lhe as chaves desta (405) e instituiu-o pastor de todo o rebanho (406). «Mas o múnus de ligar e desligar, que foi dado a Pedro, também foi dado, sem dúvida alguma, ao colégio dos Apóstolos unidos ao seu chefe» (407). Este múnus pastoral de Pedro e dos outros apóstolos pertence aos fundamentos da Igreja e é continuado pelos bispos sob o primado do Papa.
882. O Papa, bispo de Roma e sucessor de S. Pedro, «é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, tanto os bispos como a multidão dos fiéis» (408). Com efeito, em virtude do seu cargo de vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, o pontífice romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer» (409).
883. «O colégio ou corpo episcopal não tem autoridade a não ser em união com o pontífice romano […] como sua cabeça». Como tal, este colégio é «também sujeito do poder supremo e pleno sobre toda a Igreja, poder que, no entanto, só pode ser exercido com o consentimento do pontífice romano» (410).
884. «O colégio dos bispos exerce de modo solene o poder sobre toda a Igreja no concílio ecuménico» (411). Mas «não há concilio ecuménico se não for, como tal, confirmado, ou pelo menos aceite, pelo sucessor de Pedro» (412).
885. «Pela sua múltipla composição, este colégio exprime a variedade e a universalidade do povo de Deus: enquanto reunido sob uma só cabeça, revela a unidade do rebanho de Cristo» (413).
886. «Cada bispo, individualmente, é o princípio e o fundamento da unidade na sua respectiva Igreja particular» (414). Como tal, «exerce a sua autoridade pastoral sobre a porção do povo de Deus que lhe foi confiada» (415), assistido pelos presbíteros e diáconos. Mas, como membro do colégio episcopal, cada qual participa na solicitude por todas as Igrejas (416), dever que exerce, antes de mais, «governando bem a sua própria Igreja como porção da Igreja universal», contribuindo assim «para o bem de todo o Corpo Místico, que é também o corpo das Igrejas» (417). Esta solicitude há-de abranger, de modo particular, os pobres (418), os perseguidos por causa da fé e ainda os missionários espalhados por toda a terra.
887. As Igrejas particulares vizinhas e de cultura homogénea formam províncias eclesiásticas ou conjuntos mais vastos, chamados patriarcados ou regiões (419). Os bispos destes conjuntos podem reunir-se em sínodos ou concílios provinciais. «Igualmente, hoje, as conferências episcopais podem prestar uma ajuda múltipla e fecunda, em ordem à realização concreta do espírito colegial» (420).
O OFÍCIO DE ENSINAR
888. Os bispos, com os presbíteros seus cooperadores, «têm como primeiro dever anunciar o Evangelho de Deus a todos os homens» (421), conforme a ordem do Senhor; (422). Eles são «os arautos da fé», que trazem a Cristo novos discípulos, e os «doutores autênticos» da fé apostólica, «munidos da autoridade de Cristo» (423).
889. Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos Apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação na sua própria infalibilidade, Ele que é a Verdade. Pelo «sentido sobrenatural da fé», o povo de Deus «adere de modo indefectível à fé», sob a conduta do Magistério vivo da Igreja (424).
890. A missão do Magistério está ligada ao carácter definitivo da Aliança instaurada por Deus em Cristo com o seu povo. Deve protegê-lo dos desvios e falhas, e garantir-lhe a possibilidade objectiva de professar, sem erro, a fé autêntica. O múnus pastoral do Magistério está, assim, ordenado a velar por que o povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para cumprir este serviço. Cristo dotou os pastores do carisma da infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício de tal carisma pode revestir-se de diversas modalidades:
891. «Desta infalibilidade goza o pontífice romano, chefe do colégio episcopal, por força do seu ofício, quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis, e encarregado de confirmar na fé os seus irmãos, proclama, por um acto definitivo, um ponto de doutrina respeitante à fé ou aos costumes […]. A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo dos bispos, quando exerce o seu Magistério supremo em união com o sucessor de Pedro», sobretudo num concílio ecuménico (425) Quando, pelo seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa «para crer como sendo revelada por Deus» (426) como doutrina de Cristo, «deve-se aderir na obediência da fé a tais definições» (427). Esta infalibilidade abarca tudo quanto abarca o depósito da Revelação divina
892. A assistência divina é também dispensada aos sucessores dos Apóstolos, quando ensinam em comunhão com o sucessor de Pedro, e de modo particular ao bispo de Roma, pastor de toda a Igreja, quando, mesmo sem chegarem a uma definição infalível e sem se pronunciar de «modo definitivo», no exercício do seu Magistério ordinário, propõem uma doutrina que leva a uma melhor inteligência da Revelação em matéria de fé e de costumes. A este ensinamento ordinário devem os fiéis «prestar o assentimento religioso do seu espírito» (429), o qual, embora distinto do assentimento da fé, é, no entanto, seu prolongamento.
O OFÍCIO DE SANTIFICAR
893. O bispo tem igualmente «a responsabilidade de dispensar a graça do sumo sacerdócio» (430), em particular na Eucaristia, que oferece pessoalmente ou cuja celebração pelos presbíteros seus cooperadores ele garante. É que a Eucaristia é o centro da vida da Igreja particular. O bispo e os presbíteros santificam a Igreja com a sua oração e o seu trabalho, bem como pelo ministério da Palavra e dos sacramentos. E também a santificam com o seu exemplo, actuando «não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho» (1 Pe 5, 3). Assim «chegarão, com o rebanho que lhes está confiado, à vida eterna» (431).
O OFÍCIO DE GOVERNAR
894. «Os bispos dirigem as suas Igrejas particulares, como vigários e legados de Cristo, mediante os seus conselhos, incitamentos e exemplos; mas também com a sua autoridade e com o seu poder sagrado» (432), que, no entanto, devem exercer para edificação naquele espírito de serviço que é próprio o do seu Mestre (433).
895. «Este poder, que eles exercem pessoalmente em nome de Cristo, é um poder próprio, ordinário e imediato. O seu exercício, contudo, está regulado em definitivo pela autoridade suprema da Igreja» (434). Mas os bispos não devem ser considerados como vigários do Papa; a autoridade ordinária e imediata deste sobre toda a Igreja, não anula, pelo contrário, confirma e defende, a daqueles. A autoridade episcopal deve exercer-se em comunhão com toda a Igreja, sob a direcção do Papa.
896. O Bom Pastor há-de ser o modelo e a «forma» do múnus pastoral do bispo. Consciente das suas fraquezas, «o bispo pode mostrar-se indulgente para com os ignorantes e os transviados. Não se furte a atender os que de si dependem, rodeando-os de carinho, como a verdadeiros filhos […]. Quanto aos fiéis, devem viver unidos ao seu bispo como a Igreja a Jesus Cristo e Jesus Cristo ao Pai» (435).
«Segui todos o bispo, como Jesus Cristo o Pai; e o presbitério como se fossem os Apóstolos; quanto aos diáconos, respeitai-os como à lei de Deus. Ninguém faça, à margem do bispo, nada do que diga respeito à Igreja» (436).
II. Os fiéis leigos
897. «Por leigos entendem-se aqui todos os cristãos com excepção dos membros da ordem sacra ou do estado religioso reconhecido pela Igreja, isto é, os fiéis que, incorporados em Cristo pelo Baptismo, constituídos em povo de Deus e feitos participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, exercem, pela parte que lhes toca, na Igreja e no mundo, a missão de todo o povo cristão» (437).
A VOCAÇÃO DOS LEIGOS
898. «A vocação própria dos leigos consiste precisamente em procurar o Reino de Deus ocupando-se das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus […]. Pertence-lhes, de modo particular, iluminar e orientar todas as realidades temporais a que estão estreitamente ligados, de tal modo que elas sejam realizadas e prosperem constantemente segundo Cristo, para glória do Criador e Redentor» (438).
899. A iniciativa dos cristãos leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de inventar meios para impregnar, com as exigências da doutrina e da vida cristã, as realidades sociais, políticas e económicas. Tal iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja:
«Os fiéis leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja: por eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade. Por isso, eles, sobretudo, devem ter uma consciência cada vez mais clara, não somente de que pertencem à Igreja, mas de que são Igreja, isto é, comunidade dos fiéis na terra sob a direcção do chefe comum, o Papa, e dos bispos em comunhão com ele. Eles são Igreja» (439).
900. Porque, como todos os fiéis, são por Deus encarregados do apostolado, em virtude do Baptismo e da Confirmação, os leigos têm o dever e gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra. Este dever é ainda mais urgente quando só por eles podem os homens receber o Evangelho e conhecer Cristo. Nas comunidades eclesiais, a sua acção é tão necessária que, sem ela, o apostolado dos pastores não pode, a maior parte das vezes, alcançar pleno efeito (440).
A PARTICIPAÇÃO DOS LEIGOS NA FUNÇÃO SACERDOTAL DE CRISTO
901. «Em virtude da sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, os leigos recebem a vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos cada vez mais abundantes. De facto, todas as suas actividades, orações, iniciativas apostólicas, a sua vida conjugal e familiar, o seu trabalho de cada dia, os seus lazeres do espírito e do corpo, se forem vividos no Espírito de Deus, e até as provações da vida se pacientemente suportadas, tudo se transforma em “sacrifício espiritual, agradável a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe 2, 5). Na celebração eucarística, todas estas oblações se unem à do Corpo de Senhor, para serem piedosamente oferecidas ao Pai. É assim que os leigos, como adoradores que em toda a parte se comportam santamente, consagram a Deus o próprio mundo» (441).
902. Os pais participam dum modo particular no múnus da santificação, «vivendo em espírito cristão a vida conjugal e cuidando da educação cristã dos filhos» (442).
903. Os leigos, se têm as qualidades requeridas, podem ser admitidos de modo estável aos ministérios de leitor e de acólito (443). «Onde as necessidades da Igreja o aconselharem, por falta de ministros, os leigos, mesmo que não sejam leitores nem acólitos, podem suprir alguns ofícios destes, como os de exercer o ministério da Palavra, presidir às orações litúrgicas, conferir o Baptismo e distribuir a sagrada Comunhão, segundo as prescrições do Direito» (444).
A SUA PARTICIPAÇÃO NA FUNÇÃO PROFÉTICA DE CRISTO
904. «Cristo […] realiza a sua missão profética não só através da hierarquia […], mas também por meio dos leigos. Para isso os constituiu testemunhas, e lhes concedeu o sentido da fé e a graça da Palavra» (445):
«Ensinar alguém, para o trazer à fé, […] é dever de todo o pregador e, mesmo, de todo o crente» (446).
905. Os leigos realizam a sua missão profética também pela evangelização, «isto é, pelo anúncio de Cristo, concretizado no testemunho da vida e na palavra». Para os leigos, «esta acção evangelizadora […] adquire um carácter específico e uma particular eficácia, por se realizar nas condições ordinárias da vida secular» (447).
«Este apostolado não consiste só no testemunho da vida: o verdadeiro apóstolo procura todas as ocasiões de anunciar Cristo pela palavra, tanto aos não-crentes […] como aos fiéis» (448).
906. Aqueles de entre os fiéis leigos que disso forem capazes e que para tal se formarem, podem também prestar o seu concurso à formação catequética (449), ao ensino das ciências sagradas (450) e aos meios de comunicação social (451).
907. «Os fiéis, segundo a ciência, a competência e a proeminência de que desfrutam, têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja e de a exporem aos restantes fiéis, salva a integridade da fé e dos costumes, a reverência devida aos pastores, e tendo em conta a utilidade comum e a dignidade das pessoas» (452).
A SUA PARTICIPAÇÃO NA FUNÇÃO REAL DE CRISTO
908. Fazendo-se obediente até à morte (453), Cristo comunicou aos seus discípulos o dom de régia liberdade, para que «com abnegação de si mesmos e santidade de vida, vençam em si próprios o reino do pecado» (454).
«Aquele que submete o corpo e governa a sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é senhor de si mesmo; pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa: é livre e independente e não se deixa cativar por uma escravidão culpável» (455).
909. «Além disso, também pela união das suas forças, devem os leigos sanear as instituições e as condições de vida no mundo, quando estas tendem a levar ao pecado, para que todas se conformem com as regras da justiça e favoreçam a prática da virtude, em vez de a impedirem. Agindo assim, impregnarão de valor moral a cultura e as obras humanas (456).
910. «Os leigos também podem sentir-se ou serem chamados a colaborar com os pastores no serviço da comunidade eclesial, trabalhando pelo crescimento e vida da mesma, exercendo ministérios muito variados, segundo a graça e os carismas que ao Senhor aprouver comunicar-lhes» (457).
911. Na Igreja, «os fiéis leigos podem cooperar no exercício do poder de governo, segundo as normas do direito» (458). É o caso da sua presença nos concílios particulares (459) nos sínodos diocesanos (460) e nos conselhos pastorais (461) do exercício da função pastoral duma paróquia (462) da colaboração nos conselhos para os assuntos económicos (463); da participação nos tribunais eclesiásticos (464); etc.
912. Os fiéis devem «distinguir cuidadosamente os direitos e deveres que lhes competem como membros da Igreja, daqueles que lhes dizem respeito como membros da sociedade humana. Procurem harmonizar uns e outros, lembrando-se de que em todos os assuntos temporais se devem guiar pela sua consciência cristã, pois nenhuma actividade humana, mesmo de ordem temporal, pode subtrair-se ao domínio de Deus» (465).
913. «Assim, todo e qualquer leigo, em virtude dos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja “segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4, 7)» (466).
III. A vida consagrada
914. «O estado de vida constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está, no entanto, incontestavelmente ligado à sua vida e santidade» (467).
CONSELHOS EVANGÉLICOS, VIDA CONSAGRADA
915. Os conselhos evangélicos são, na sua multiplicidade, propostos a todos os discípulos de Cristo. A perfeição da caridade, a que todos os fiéis são chamados, comporta, para aqueles que livremente assumem o chamamento à vida consagrada, a obrigação de praticar a castidade no celibato por amor do Reino, a pobreza e a obediência. É a profissão destes conselhos, num estado de vida estável reconhecido pela Igreja, que caracteriza a «vida consagrada» a Deus (468).
916. A partir daí, o estado de vida consagrada aparece como uma das maneiras de viver uma consagração «mais íntima», radicada no Baptismo e totalmente dedicada a Deus (469). Na vida consagrada, os fiéis propõem‑se, sob a moção do Espírito Santo, seguir Cristo mais de perto, entregar‑se a Deus amado acima de todas as coisas e, procurando a perfeição da caridade ao serviço do Reino, ser na Igreja sinal e anúncio da glória do mundo que há-de vir (470).
UMA GRANDE ÁRVORE, DE FRONDOSA RAMAGEM
917. «Tal como uma árvore se ramifica maravilhosa e variadamente no campo do Senhor, a partir de uma semente lançada por Deus, assim surgiram diversas formas de vida solitária ou comum, e várias famílias religiosas que vêm aumentar a riqueza espiritual, tanto em proveito dos seus próprios membros como no de todo o Corpo de Cristo» (471).
918. «Desde as origens da Igreja, houve homens e mulheres que se propuseram, pela prática dos conselhos evangélicos, seguir mais livremente Cristo e imitá-Lo de modo mais fiel. Cada qual a seu modo. Levaram uma vida consagrada a Deus. Muitos de entre eles, sob o impulso do Espírito Santo, viveram na solidão; outros fundaram famílias religiosas que a Igreja de bom grado acolheu e aprovou com a sua autoridade» (472).
919. Os bispos devem esforçar-se sempre por discernir os novos dons de vida consagrada, confiados pelo Espírito Santo à sua Igreja. A aprovação de novas formas de vida consagrada é reservada à Sé Apostólica (473).
A VIDA EREMÍTICA
920. Os eremitas nem sempre fazem profissão pública dos três conselhos evangélicos; mas, «por meio de um mais estrito apartamento do mundo, do silêncio na solidão, da oração assídua e da penitência, consagram a sua vida ao louvor de Deus e à salvação do mundo» (474).
921. Os eremitas manifestam o aspecto interior do mistério da Igreja que é a intimidade pessoal com Cristo. Oculta aos olhos dos homens, a vida do eremita é pregação silenciosa d’Aquele a Quem entregou a sua vida. Cristo é tudo para ele. É uma vocação especial para encontrar no deserto, no próprio combate espiritual, a glória do Crucificado.
AS VIRGENS E AS VIÚVAS CONSAGRADAS
922. Já desde os tempos apostólicos, apareceram virgens (475) e viúvas cristãs (476), chamadas pelo Senhor a unirem-se a Ele sem partilha, numa maior liberdade de coração, de corpo e de espírito, que tomaram a decisão, aprovada pela Igreja, de viver, respectivamente, no estado de virgindade ou de castidade perpétua, «por amor do Reino dos céus» (Mt 19, 12).
923. As virgens, «emitindo o santo propósito de seguir mais de perto a Cristo, são consagradas a Deus pelo Bispo diocesano segundo o rito litúrgico aprovado, desposam-se misticamente com Cristo Filho de Deus e dedicam-se ao serviço da Igreja» (477). Por este ritual solene (consecratio virginum – consagração das virgens), a «virgem é constituída como pessoa consagrada, sinal transcendente do amor da Igreja a Cristo, imagem escatológica da Esposa celeste e da vida futura» (478).
924. «Próxima das outras formas de vida consagrada» (479), a ordem das virgens estabelece a mulher que vive no mundo (ou a monja) na oração, na penitência, no serviço dos seus irmãos e no trabalho apostólico, segundo o estado e carismas respectivos concedidos a cada uma (480). As virgens consagradas podem associar-se para observarem mais fielmente os seus propósitos (481).
A VIDA RELIGIOSA
925. Nascida no Oriente, nos primeiros séculos do cristianismo (482), e vivida em institutos canonicamente erectos pela Igreja (483), a vida religiosa distingue-se das outras formas de vida consagrada pelo aspecto cultual, pela profissão pública dos conselhos evangélicos, pela vida fraterna em comum e pelo testemunho dado a respeito da união de Cristo e da Igreja (484).
926. A vida religiosa faz parte do mistério da Igreja. É um dom que a Igreja recebe do seu Senhor, e que oferece, como um estado de vida estável, ao fiel chamado por Deus à profissão dos conselhos. Assim, a Igreja pode, ao mesmo tempo, manifestar Cristo e reconhecer-se como Esposa do Salvador. A vida religiosa é convidada a significar, nas suas variadas formas, a própria caridade de Deus, em linguagem do nosso tempo.
927. Todos os religiosos, isentos ou não (485), têm o seu lugar entre os cooperadores do bispo diocesano na sua função pastoral (486). A implantação e a expansão missionária da Igreja requerem a presença da vida religiosa em todas as suas formas, desde os começos da evangelização (487). «A história confirma os grandes méritos das famílias religiosas na propagação da fé e na formação de novas Igrejas, desde as antigas instituições monásticas e as Ordens medievais, até às congregações modernas» (488).
OS INSTITUTOS SECULARES
928. «Instituto secular é o instituto de vida consagrada, em que os fiéis, vivendo no século, se esforçam por atingir a perfeição da caridade e por contribuir, sobretudo a partir de dentro, para a santificação do mundo» (489).
929. Os membros destes institutos, mediante uma «vida perfeita e inteiramente consagrada [a esta] santificação» (490), tomam parte na tarefa de evangelização da Igreja, «no mundo e a partir do mundo» (491), onde a sua presença actua «à maneira de fermento» (492). O seu testemunho de vida cristã visa ordenar segundo Deus as realidades temporais e impregnar o mundo com a força do Evangelho. Assumem, por vínculos sagrados, os conselhos evangélicos e mantêm entre si a comunhão e fraternidade próprias do seu teor de vida secular (493).
AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
930. Aproximam-se das diversas formas de vida consagrada, «as sociedades de vida apostólica, cujos membros, sem votos religiosos, prosseguem o fim apostólico próprio da sociedade e, vivendo em comum a vida fraterna, de acordo com a própria forma de vida, tendem, pela observância das constituições, à perfeição da caridade. Entre elas há sociedades, cujos membros […] assumem os conselhos evangélicos» segundo as suas constituições» (494).
CONSAGRAÇÃO E MISSÃO: ANUNCIAR O REI QUE VEM
931. Entregando-se a Deus amado sobre todas as coisas, aquele que pelo Baptismo já Lhe estava devotado, encontra-se, assim, mais intimamente consagrado ao serviço divino e dedicado ao bem da Igreja. Pelo estado de consagração a Deus, a Igreja manifesta Cristo e mostra como o Espírito Santo nela actua de modo admirável. Aqueles que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão, antes de mais, viver a sua consagração. «Visto estarem dedicados, em virtude da sua consagração, ao serviço da Igreja, têm obrigação de trabalhar, de modo especial, segundo a índole própria do instituto, na acção missionária» (495).
932. Na Igreja, que é como o sacramento, isto é, o sinal e o instrumento da vida de Deus, a vida consagrada surge como um sinal particular do mistério da Redenção. Seguir e imitar Cristo «mais de perto», manifestar «mais claramente» o seu aniquilamento, é entrar «mais profundamente» presente, no coração de Cristo, aos seus contemporâneos. Quem segue este caminho «mais estreito» estimula os seus irmãos pelo seu exemplo e «dá este esplêndido e sublime testemunho: o mundo não pode ser transfigurado e oferecido a Deus sem o espírito das bem-aventuranças» (496).
933. Quer este testemunho seja público, como no estado religioso, quer seja mais discreto ou mesmo secreto, a vinda de Cristo é, para todos os consagrados, a origem e a meta das suas vidas:
«Como o povo de Deus não tem na terra cidade permanente […], o estado religioso […] manifesta a todos os crentes a presença, já neste mundo, dos bens celestes; dá testemunho da vida nova e eterna adquirida pela redenção de Cristo e anuncia a ressurreição futura e a glória celeste» (497).
Resumindo:
934. «Por instituição divina, há na Igreja, entre os fiéis, ministros sagrados, também chamados, em direito, clérigos, sendo os outros chamados leigos». E há fiéis que, pertencendo a uma ou a outra destas duas categorias, se consagraram a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos e servem assim a missão da Igreja (498).
935. Para anunciar a fé e implantar o seu Reino, Cristo envia os Apóstolos e respectivos sucessores. Fá-los participantes da sua missão. É d’Ele que uns e outros recebem o poder de agir em seu nome.
936. 0 Senhor fez de Pedro o fundamento visível da sua Igreja. Deu-lhe as chaves dela. O bispo da Igreja de Roma, sucessor de S. Pedro, é «a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e pastor da Igreja universal neste mundo» (499).
937. 0 Papa «está revestido, por instituição divina, do poder supremo, plenário, imediato e universal para o governo das almas» (500).
938. Os bispos, estabelecidos pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos. São, «cada um por sua parte, princípio visível e fundamento da unidade nas suas Igrejas particulares» (501).
939. Ajudados pelos presbíteros seus cooperadores e pelos diáconos, os bispos têm o encargo de ensinar autenticamente a fé, celebrar o culto divino, sobretudo a Eucaristia, e governar a sua Igreja como verdadeiros pastores. Incumbe-lhes também o cuidado de todas as Igrejas, com e sob a orientação do Papa.
940. «Sendo próprio do estado dos leigos viverem a sua vida no meio do mundo e dos assuntos profanos, eles são chamados por Deus a exercer o seu apostolado no mundo à maneira de fermento, graças ao vigor do seu espírito cristão» (502).
941. Os leigos participam do sacerdócio de Cristo: cada vez mais unidos a Ele, desenvolvem a graça do Baptismo e da Confirmação em todas as dimensões da vida pessoal, familiar, social e eclesial, e assim realizam a vocação à santidade dirigida a todos os baptizados.
942. Graças à sua missão profética, os leigos «são também chamados a ser, em todas as circunstâncias e no próprio coração da comunidade humana, testemunhas de Cristo» (503).
943. Graças à sua missão real, os leigos têm o poder de vencer em si mesmos e no mundo o império do pecado, mediante a abnegação e a santidade de vida (504).
944. A vida consagrada a Deus caracteriza-se pela profissão pública dos conselhos evangélicos de pobreza, castidade e obediência, num estado de vida estável reconhecido pela Igreja.
945. Entregue a Deus, amado sobre todas as coisas, aquele que o Baptismo já a Ele tinha destinado, encontra-se, no estado de vida consagrada, mais intimamente votado ao serviço divino e dedicado ao bem de toda a Igreja.
PARÁGRAFO 5
A COMUNHÃO DOS SANTOS
946. Depois de ter confessado «a santa Igreja Católica», o Símbolo dos Apóstolos acrescenta «a comunhão dos santos». Este artigo é, em certo sentido, uma explicitação do anterior: pois «que é a Igreja senão a assembleia de todos os santos?» (505). A comunhão dos santos é precisamente a Igreja.
947. «Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem duns é comunicado aos outros […]. E assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. […] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça […]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja» (506). «Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum» (507).
948. A expressão «comunhão dos santos» tem, portanto, dois significados estreitamente ligados: «comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre as pessoas santas, sancti».
«Sancta sanctis! (O que é santo, para aqueles que são santos)». Assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais, no momento da elevação dos santos Dons antes do serviço da comunhão. Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo.
I. A comunhão dos bens espirituais
949. Na comunidade primitiva de Jerusalém, os discípulos «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42).
A comunhão na fé. A fé dos fiéis é a fé da Igreja recebida dos Apóstolos, tesouro de vida que se enriquece na medida em que é partilhada.
950. A comunhão nos sacramentos. «O fruto de todos os sacramentos pertence a todos. Os sacramentos, e sobretudo o Baptismo, que é como que a porta por onde os homens entram na Igreja, são outros tantos vínculos sagrados que os unem todos e os ligam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos é a comunhão dos sacramentos […];o nome de comunhão pode aplicar-se a cada um deles, porque cada um deles nos une a Deus […]. Mas este nome convém mais à Eucaristia do que a qualquer outro, porque é principalmente ela que consuma esta comunhão» (508).
951. A comunhão dos carismas: na comunhão da Igreja, o Espírito Santo «distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as ordens» para a edificação da Igreja (509). Ora, em cada um se manifestam os dons do Espírito, para o bem comum» (1 Cor 12, 7).
952. «Eles punham tudo em comum» (Act 4, 32): «Tudo o que o verdadeiro cristão possui, deve olhá-lo como um bem que lhe é comum com os demais, e deve estar sempre pronto e ser diligente para ir em socorro do pobre e da miséria do próximo» (510). O cristão é um administrador dos bens do Senhor (511).
953. A comunhão da caridade: na sanctorum communio, «nenhum de nós vive para si mesmo, e nenhum de nós morre para si mesmo» (Rm 14, 7). «Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro for honrado por alguém, todos os membros se alegram com ele. Vós sois Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe diz respeito» (1 Cor 12, 26-27). «A caridade não é interesseira» (1 Cor 13, 5) (512). O mais insignificante dos nossos actos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos, numa solidariedade com todos os homens, vivos ou defuntos, que se funda na comunhão dos santos. Pelo contrário, todo o pecado prejudica esta comunhão.
II. A comunhão entre a Igreja do céu e a da terra
954. Os três estados da Igreja. «Até que o Senhor venha na sua majestade e todos os seus anjos com Ele e, vencida a morte, tudo Lhe seja submetido, dos seus discípulos uns peregrinam na terra, outros, passada esta vida, são purificados, e outros, finalmente, são glorificados e contemplam “claramente Deus trino e uno, como Ele é”» (513):
«Todos, porém, comungamos, embora de modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de glória. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito, formam uma só Igreja e n’Ele estão unidos uns aos outros») (514).
955. «E assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo: mas antes, segundo a constante fé da Igreja, essa união é reforçada pela comunicação dos bens espirituais» (515).
956. A intercessão dos santos. «Os bem-aventurados, estando mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a Igreja na santidade […]. Eles não cessam de interceder a nosso favor, diante do Pai, apresentando os méritos que na terra alcançaram, graças ao Mediador único entre Deus e os homens, Jesus Cristo […]. A nossa fraqueza é assim grandemente ajudada pela sua solicitude fraterna» (516):
«Não choreis, que eu vos serei mais útil depois da morte e vos ajudarei mais eficazmente que durante a vida» (517).
«Quero passar o meu céu a fazer o bem sobre a terra» (518)
957. A comunhão com os santos. «Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus» (519).
«A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus; quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor: e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para com o seu Rei e Mestre. Assim nós possamos também ser seus companheiros e condiscípulos!» (520).
958. A comunhão com os defuntos. «Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do cristianismo, a memória dos defuntos; e, “porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados” (2 Mac 12, 46), por eles ofereceu também sufrágios» (521). A nossa oração por eles pode não só ajudá-los, mas também tornar mais eficaz a sua intercessão em nosso favor.
959. Na única família de Deus. «Todos os que somos filhos de Deus e formamos em Cristo uma família, ao comunicarmos uns com os outros na caridade mútua e no comum louvor da Santíssima Trindade, correspondemos à íntima vocação da Igreja» (522).
Resumindo:
960. A Igreja é «comunhão dos santos»: esta expressão designa, em primeiro lugar, as «coisas santas» (sancta) e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual «é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo» (523).
961. Este termo também designa a comunhão das «pessoas santas» (sancti) em Cristo, que «morreu por todos», de modo que o que cada um faz ou sofre por Cristo e em Cristo reverte em proveito de todos.
962. «Nós cremos na comunhão de todos os fiéis de Cristo: dos que peregrinam na terra, dos defuntos que estão levando a cabo a sua purificação e dos bem-aventurados do céu: formam todos uma só Igreja; e cremos que, nesta comunhão, o amor misericordioso de Deus e dos seus santos está sempre atento às nossas orações» (524).
PARÁGRAFO 6
MARIA – MÃE DE CRISTO
MÃE DA IGREJA
963. Depois de termos falado do papel da Virgem Maria no mistério de Cristo e do Espírito, é conveniente considerarmos agora o seu lugar no mistério da Igreja. «Efectivamente, a Virgem Maria […] é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor […]. Ao mesmo tempo, porém, é verdadeiramente “Mãe dos membros (de Cristo) […], porque cooperou com o seu amor para que na Igreja nascessem os fiéis, membros daquela Cabeça”» (525). «Maria, […] Mãe de Cristo e Mãe da Igreja» (526).
I. A maternidade de Maria em relação à Igreja
INTEIRAMENTE UNIDA A SEU FILHO…
964. O papel de Maria em relação à Igreja é inseparável da sua união com Cristo e decorre dela directamente. «Esta associação de Maria com o Filho na obra da salvação, manifesta-se desde a concepção virginal de Cristo até à sua morte» (527). Mas é particularmente manifesta na hora da sua paixão:
«A Bem-aventurada Virgem avançou na peregrinação de fé, e manteve fielmente a sua união como Filho até à Cruz, junto da qual esteve de pé, não sem um desígnio divino; padeceu acerbamente com o seu Filho único e associou-se com coração de mãe ao seu sacrifício, consentindo amorosamente na imolação da vítima que d’Ela nascera; e, por fim, foi dada por mãe ao discípulo pelo próprio Jesus Cristo, agonizante na Cruz, com estas palavras: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19, 26-27)» (528).
965. Depois da Ascensão do seu Filho, Maria «assistiu com suas orações aos começos da Igreja» (529). E, reunida com os Apóstolos e algumas mulheres, vemos «Maria implorando com as suas orações o dom daquele Espírito, que já na Anunciação a cobrira com a Sua sombra» (530).
… TAMBÉM NA SUA ASSUNÇÃO…
966. «Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada pelo Senhor como rainha, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte» (529). A Assunção da santíssima Virgem é uma singular participação na ressurreição do seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristãos:
«No teu parto guardaste a virgindade e na tua dormição não abandonaste a mundo, ó Mãe de Deus: alcançaste a fonte da vida. Tu que concebeste o Deus vivo e que, pelas tuas orações, hás-de livrar as nossas almas da morte» (532).
… ELA É NOSSA MÃE NA ORDEM DA GRAÇA
967. Pela sua plena adesão à vontade do Pai, à obra redentora do Filho e a todas as moções do Espírito Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Por isso, ela é «membro eminente e inteiramente singular da Igreja» (533) e constitui mesmo «a realização exemplar»,o typus, da Igreja (534).
968. Mas o seu papel em relação à Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. Ela «cooperou de modo inteiramente singular, com a sua fé, a sua esperança e a sua ardente caridade, na obra do Salvador, para restaurar nas almas a vida sobrenatural. É, por essa razão, nossa Mãe, na ordem da graça» (535).
969. «Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na anunciação e que manteve inabalável junto da Cruz, até à consumação perpétua de todos os eleitos. De facto, depois de elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna […]. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro e medianeira» (536).
970. «Mas a função maternal de Maria para com os homens, de modo algum ofusca ou diminui a mediação única de Cristo, mas antes manifesta a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salutar da Virgem santíssima […] deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia» (537). «Efectivamente, nenhuma criatura pode ser equiparada ao Verbo Encarnado e Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas, uma cooperação variada, que participa dessa fonte única» (538).
II. O culto à Santíssima Virgem
971. «Todas as gerações me hão-de proclamar ditosa» (Lc 1, 48): «a piedade da Igreja para com a santíssima Virgem pertence à própria natureza do culto cristão» (539). A santíssima Virgem «é com razão venerada pela Igreja com um culto especial. E, na verdade, a santíssima Virgem é, desde os tempos mais antigos, honrada com o título de “Mãe de Deus”, e sob a sua protecção se acolhem os fiéis implorando-a em todos os perigos e necessidades […]. Este culto […], embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração que se presta por igual ao Verbo Encarnado, ao Pai e ao Espírito Santo, e favorece-o poderosamente» (540). Encontra a sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus (541) e na oração mariana, como o santo rosário, «resumo de todo o Evangelho» (542).
III. Maria – ícone escatológico da Igreja
972. Depois de termos falado da Igreja, da sua origem, missão e destino, não poderíamos terminar melhor do que voltando a olhar para Maria, a fim de contemplar nela o que a Igreja é no seu mistério, na sua «peregrinação da fé», e o que será na pátria ao terminar a sua caminhada, onde a espera, na «glória da santíssima e indivisa Trindade» e «na comunhão de todos os santos» (543), Aquela que a mesma Igreja venera como Mãe do seu Senhor e como sua própria Mãe:
«Assim como, glorificada já em corpo e alma, a Mãe de Jesus é imagem e início da igreja que se há-de consumar no século futuro, assim também, brilha na terra como sinal de esperança segura e de consolação, para o povo de Deus ainda peregrino» (544).
Resumindo:
973. Ao pronunciar o «Fiat» da Anunciação e dando o seu consentimento ao mistério da Encarnação, Maria colabora desde logo com toda a obra a realizar por seu Filho. Ela é Mãe, onde quer que Ele seja Salvador e Cabeça do Corpo Místico.
974. Terminado o curso da sua vida terrena, a santíssima Virgem Maria foi elevada em corpo e alma para a glória do céu, onde participa já na glória da ressurreição do seu Filho, antecipando a ressurreição de todos os membros do Seu Corpo.
975. «Nós cremos que a santíssima Mãe de Deus, a nova Eva, a Mãe da Igreja, continua a desempenhar no céu o seu papel maternal para com os membros de Cristo» (545).
ARTIGO 10
«CREIO NA REMISSÃO DOS PECADOS»
976. O Símbolo dos Apóstolos liga a fé no perdão dos pecados à fé no Espírito Santo, mas também à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo ressuscitado lhes transmitiu o seu próprio poder divino de perdoar os pecados: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos» (Jo 20, 22-23).
(A segunda parte do Catecismo tratará expressamente do perdão dos pecados por meio do Baptismo, do sacramento da Penitência e dos outros sacramentos, sobretudo da Eucaristia. Por isso, basta evocar aqui brevemente alguns dados fundamentais).
I. Um só Baptismo para a remissão dos pecados
977. Nosso Senhor ligou o perdão dos pecados à fé e ao Baptismo: «Ide por todo o mundo e proclamai a Boa-Nova a todas as criaturas. Quem acreditar e for baptizado será salvo» (Mc 16, 15-16). O Baptismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos pecados, porque nos une a Cristo, que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação (546), a fim de que «também nós vivamos numa vida nova» (Rm 6, 4).
978. «No momento em que fazemos a nossa primeira profissão de fé, ao receber o santo Baptismo que nos purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e total que não fica absolutamente nada por apagar, quer da falta original, quer das faltas cometidas de própria vontade por acção ou omissão; nem qualquer pena a suportar para as expiar […]. Mas apesar disso, a graça do Baptismo não isenta ninguém de nenhuma das enfermidades da natureza. Pelo contrário, resta-nos ainda combater os movimentos da concupiscência, que não cessam de nos arrastar para o mal» (547).
979. Neste combate contra a inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante para evitar todas as feridas do pecado? «Portanto, se era necessário que a Igreja tivesse o poder de perdoar os pecados, era também necessário que o Baptismo não fosse para ela o único meio de se servir destas chaves do Reino dos céus que tinha recebido de Jesus Cristo; era necessário que fosse capaz de perdoar as faltas a todos os penitentes que tivessem pecado, até mesmo ao último dia da sua vida» (548).
980. É pelo sacramento da Penitência que o baptizado pode ser reconciliado com Deus e com a Igreja:
«Os Santos Padres tiveram razão quando chamaram à Penitência um “baptismo laborioso” (549). Este sacramento da Penitência é necessário para a salvação daqueles que caíram depois do Baptismo, tal como o próprio Baptismo o é para os que ainda não foram regenerados» (550).
II. O poder das chaves
981. Depois da ressurreição, Cristo enviou os seus Apóstolos «a anunciar a todos os povos o arrependimento em seu nome, com vista à remissão dos pecados» (Lc 24, 47). Este «ministério da reconciliação» (2 Cor 5, 18), não o cumprem os Apóstolos e os seus sucessores somente anunciando aos homens o perdão de Deus que nos foi merecido por Jesus Cristo, e chamando-os à conversão e à fé; mas também comunicando-lhes a remissão dos pecados pelo Baptismo e reconciliando-os com Deus e com a Igreja, graças ao poder das chaves recebido de Cristo:
A Igreja «recebeu as chaves do Reino dos céus, para que nela se faça a remissão dos pecados pelo Sangue de Cristo e a acção do Espírito Santo. É nesta Igreja que a alma, morta pelos pecados, recupera a vida para viver com Cristo, cuja graça nos salvou» (551).
982. Não há nenhuma falta, por mais grave que seja, que a santa Igreja não possa perdoar. «Nem há pessoa, por muito má e culpável que seja, a quem não deva ser proposta a esperança certa do perdão, desde que se arrependa verdadeiramente dos seus erros» (552). Cristo, que morreu por todos os homens, quer que na sua Igreja as portas do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que se afastar do pecado (553).
983. A catequese deve esforçar-se por despertar e alimentar, entre os fiéis, a fé na grandeza incomparável do dom que Cristo ressuscitado fez à sua Igreja: a missão e o poder de verdadeiramente perdoar os pecados, pelo ministério dos Apóstolos e seus sucessores:
«O Senhor quer que os seus discípulos tenham um poder imenso: Ele quer que os seus pobres servidores façam, em seu nome, tudo quanto Ele fazia quando vivia na terra» (554).
«Os sacerdotes receberam um poder que Deus não deu nem aos anjos nem aos arcanjos. […] Deus sanciona lá em cima tudo o que os sacerdotes fazem cá em baixo» (555).
«Se na Igreja não houvesse a remissão dos pecados, nada havia a esperar, não existiria qualquer esperança duma vida eterna, duma libertação eterna. Dêmos graças a Deus, que deu à sua Igreja um tal dom» (556).
Resumindo:
984. O Credo relaciona «o perdão dos pecados» com a profissão de fé no Espírito Santo. De facto, Cristo ressuscitado confiou aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados, quando lhes deu o Espírito Santo.
985. O Baptismo é o primeiro e principal sacramento para o perdão dos pecados: une-nos a Cristo morto e ressuscitado e dá-nos o Espírito Santo.
986. Por vontade de Cristo, a Igreja possui o poder de perdoar os pecados dos baptizados e exerce-o através dos bispos e dos presbíteros, de modo habitual no sacramento da Penitência.
987. «Na remissão dos pecados, os sacerdotes e os sacramentos são instrumentos mediante os quais nosso Senhor Jesus Cristo, único autor e dispensador da salvação, nos concede a remissão dos pecados e a graça da justificação» (557).
ARTIGO 11
«CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»
988. O Credo cristão — profissão da nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e na sua acção criadora, salvadora e santificadora — culmina na proclamação da ressurreição dos mortos no fim dos tempos, e na vida eterna.
989. Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia (558). Tal como a d’Ele, também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade:
«Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós» (Rm 8, 11) (559).
990. A palavra «carne» designa o homem na sua condição de fraqueza e mortalidade (560) «Ressurreição da carne» significa que, depois da morte, não haverá somente a vida da alma imortal, mas também os nossos «corpos mortais» (Rm 8, 11) retomarão a vida.
991. Crer na ressurreição dos mortos foi, desde o princípio, um elemento essencial da fé cristã. «A ressurreição dos mortos é a fé dos cristãos: é por crer nela que somos cristãos» (561):
«Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. […] Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram» (1 Cor 15, 12-14, 20).
I. A ressurreição de Cristo e a nossa ressurreição
REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA RESSURREIÇÃO
992. A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus ao seu povo. A esperança na ressurreição corporal dos mortos impôs-se como consequência intrínseca da fé num Deus criador do homem todo, alma e corpo. O Criador do céu e da terra é também Aquele que mantém fielmente a sua aliança com Abraão e a sua descendência. É nesta dupla perspectiva que começará a exprimir-se a fé na ressurreição. Nas suas provações, os mártires Macabeus confessam:
«O Rei do universo ressuscitar-nos-á para uma vida eterna, a nós que morremos pelas suas leis» (2 Mac 7, 9). «É preferível morrermos às mãos dos homens e termos a esperança em Deus de que havemos de ser ressuscitados por Ele» (2 Mac 7, 14) (562).
993. Os fariseus (563) e muitos contemporâneos do Senhor (564) esperavam a ressurreição. Jesus ensina-a firmemente. E aos saduceus, que a negavam, responde: «Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?» (Mc 12, 24). A fé na ressurreição assenta na fé em Deus, que «não é um Deus de mortos, mas de vivos» (Mc 12, 27).
994. Mas há mais: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: «Eu sou a Ressurreição e a Vida» (Jo 11, 25). É o próprio Jesus que, no último dia, há-de ressuscitar os que n’Ele tiverem acreditado (565), comido o seu Corpo e bebido o seu Sangue (566) Desde logo, Ele dá um sinal disto mesmo e uma garantia, restituindo a vida a alguns mortos (567) e preanunciando assim a sua própria ressurreição que, no entanto, será de ordem diferente. Jesus fala deste acontecimento único como do «sinal de Jonas» (568), do sinal do templo (569); Ele anuncia a sua ressurreição ao terceiro dia depois da morte (570).
995. Ser testemunha de Cristo é ser «testemunha da sua ressurreição» (Act 1, 22) (571), é «ter comido e bebido com Ele depois da sua ressurreição dos mortos» (Act 10, 41). A esperança cristã na ressurreição é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Nós ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele.
996. Desde o princípio, a fé cristã na ressurreição deparou com incompreensões e oposições (572). «Não há ponto em que a fé cristã encontre mais contradição do que o da ressurreição da carne» (573). É bastante comum a aceitação de que, depois da morte, a vida da pessoa humana continua de modo espiritual. Mas como acreditar que este corpo, tão manifestamente mortal, possa ressuscitar para a vida eterna?
COMO É QUE OS MORTOS RESSUSCITAM?
997. O que é ressuscitar? Na morte, separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, embora ficando à espera de se reunir ao seu corpo glorificado. Deus, na sua omnipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da ressurreição de Jesus.
998. Quem ressuscitará? Todos os homens que tiverem morrido: «Os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 29) (574).
999. Como? Cristo ressuscitou com o seu próprio corpo: «Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo» (Lc 24, 39); mas não regressou a uma vida terrena. De igual modo, n’Ele «todos ressuscitarão com o seu próprio corpo, com o corpo que agora têm» (575), mas esse corpo será «transformado em corpo glorioso» (576) em «corpo espiritual» (1 Cor 15, 44):
«Alguém poderia perguntar: “Como ressuscitam os mortos? Com que espécie de corpo voltam eles?” Insensato! O que tu semeias não volta à vida sem morrer. E o que semeias não é o corpo que há-de vir, é um simples grão […]. O que é semeado sujeito à corrupção ressuscita incorruptível; […] os mortos ressuscitarão incorruptíveis […]. É, de facto, necessário que este ser corruptível se revista de incorruptibilidade, que este ser mortal se revista de imortalidade» (1 Cor 15, 35-37. 42. 52-53).
1000. Este «como» ultrapassa a nossa imaginação e o nosso entendimento; só na fé se torna acessível. Mas a nossa participação na Eucaristia dá-nos já um antegozo da transfiguração do nosso corpo, operada por Cristo:
«Assim como, depois de ter recebido a invocação de Deus, o pão que vem da terra deixa de ser pão ordinário e é Eucaristia, constituída por duas coisas, uma terrena, outra celeste, do mesmo modo os nossos corpos, que participam na Eucaristia, já não são corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição» (577).
1001. Quando? Definitivamente o no último dia» (Jo 6, 39-40.44.54; 11, 24), «no fim do mundo» (578). Com efeito, a ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo:
«Ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do céu e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro» (1 Ts 4, 16).
RESSUSCITADOS COM CRISTO
1002. Se é verdade que Cristo nos há-de ressuscitar «no último dia», também é verdade que, de certo modo, nós já ressuscitámos com Cristo. De facto, braças ao Espírito Santo, a vida cristã é desde já, na terra, uma participação na morte e ressurreição de Cristo:
«Pelo Baptismo fostes sepultados com Cristo e também ressuscitastes com Ele, devido à fé que tivestes na força de Deus, que O ressuscitou dos mortos […]. Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do Alto, onde Cristo Se encontra sentado à direita de Deus» (Cl 2, 12; 3, 1).
1003. Unidos a Cristo pelo Baptismo, os crentes participam já realmente na vida celeste de Cristo ressuscitado (579). Mas esta vida continua «escondida com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). «Ele próprio nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus, em Cristo Jesus» (Ef 2, 6). Alimentados pelo seu Corpo na Eucaristia, nós pertencemos já ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos no último dia, havemos também de nos «manifestar com Ele na glória» (Cl 3, 4).
1004. À espera desse dia, o corpo e a alma do crente participam já na dignidade de ser «em Cristo». Daí a exigência do respeito para com o próprio corpo e também para com o corpo de outrem, particularmente quando sofre:
«O corpo […] é para o Senhor. E o Senhor é para o corpo. E Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos há-de ressuscitar a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? […] Não sabeis que não pertenceis a vós próprios? […]. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo» (1 Cor 6, 13-15. 19-20).
II. Morrer em Cristo Jesus
1005. Para ressuscitar com Cristo, temos de morrer com Cristo, temos «de nos exilar do corpo para habitarmos junto do Senhor» (2 Cor 5, 8). Nesta «partida» (580) que é a morte, a alma é separada do corpo. Voltará a juntar-se-lhe no dia da ressurreição dos mortos (581).
A MORTE
1006. «É em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa» (582). Num certo sentido, a morte do corpo é natural: mas sabemos pela fé que a morte é, de facto, «salário do pecado» (Rm 6, 23) (583). E para aqueles que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar na sua ressurreição (584).
1007. A morte é o termo da vida terrena. As nossas vidas são medidas pelo tempo no decurso do qual nós mudamos e envelhecemos. E como acontece com todos os seres vivos da terra, a morte surge como o fim normal da vida. Este aspecto da morte confere uma urgência às nossas vidas: a lembrança da nossa condição de mortais também serve para nos lembrar de que temos um tempo limitado para realizar a nossa vida:
«Lembra-te do teu Criador nos dias da mocidade […], antes que o pó regresse à terra, donde veio, e o espírito volte para Deus que o concedeu» (Ecl 12, 1.7).
1008. A morte é consequência do pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada Escritura (585) e da Tradição, o Magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por causa do pecado do homem (586). Embora o homem possuísse uma natureza mortal. Deus destinava-o a não morrer. A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus Criador e entrou no mundo como consequência do pecado (587). «A morte corporal, de que o homem estaria isento se não tivesse pecado» (588), é, pois, «o último inimigo» (1 Cor 15, 26) do homem a ter de ser vencido.
1009. A morte é transformada por Cristo. Jesus, Filho de Deus, também sofreu a morte, própria da condição humana. Mas apesar da repugnância que sentiu perante ela (589), assumiu-a num acto de submissão total e livre à vontade do Pai. A obediência de Jesus transformou em bênção a maldição da morte (590).
O SENTIDO DA MORTE CRISTÃ
1010. Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. «Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Fl 1, 21). «É digna de fé esta palavra: se tivermos morrido com Cristo, também com Ele viveremos» (2 Tm 2, 11). A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Baptismo, o cristão já «morreu com Cristo» sacramentalmente para viver uma vida nova; se morremos na graça de Cristo, a morte física consuma este «morrer com Cristo» e completa assim a nossa incorporação n’Ele, no seu acto redentor:
«É bom para mim morrer em (eis) Cristo Jesus, mais do que reinar dum extremo ao outro da terra. É a Ele que eu procuro, Ele que morreu por nós: é a Ele que eu quero, Ele que ressuscitou para nós. Estou prestes a nascer […]. Deixai-me receber a luz pura: quando lá tiver chegado, serei um homem» (591).
1011. Na morte, Deus chama o homem a Si. É por isso que o cristão pode experimentar, em relação à morte, um desejo semelhante ao de S. Paulo: «Desejaria partir e estar com Cristo» (Fl 1, 23). E pode transformar a sua própria morte num acto de obediência e amor para com o Pai, a exemplo de Cristo (592):
«O meu desejo terreno foi crucificado: […] há em mim uma água viva que dentro de mim murmura e diz: “Vem para o Pai”» (593).
«Ansiosa por ver-te, desejo morrer» (594).
«Eu não morro, entro na vida» (595).
1012. A visão cristã da morte (596) é expressa de modo privilegiado na liturgia da Igreja:
«Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma: e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna» (597).
1013. A morte é o fim da peregrinação terrena do homem, do tempo de graça e misericórdia que Deus lhe oferece para realizar a sua vida terrena segundo o plano divino e para decidir o seu destino último. Quando acabar «a nossa vida sobre a terra, que é só uma» (598), não voltaremos a outras vidas terrenas. «Os homens morrem uma só vez» (Heb 9, 27). Não existe «reencarnação» depois da morte.
1014. A Igreja exorta-nos a prepararmo-nos para a hora da nossa morte («Duma morte repentina e imprevista, livrai-nos, Senhor»: antiga Ladainha dos Santos), a pedirmos à Mãe de Deus que rogue por nós «na hora da nossa morte» (Oração da Ave-Maria) e a confiarmo-nos a S. José, padroeiro da boa morte:
«Em todos os teus actos em todos os teus pensamentos, havias de te comportar como se devesses morrer hoje. Se tivesses boa consciência, não terias grande receio da morte. Mais vale acautelares-te do pecado do que fugir da morte. Se hoje não estás preparado, como o estarás amanhã?» (599).
«Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã a morte corporal, à qual nenhum homem vivo pode escapar. Ai daqueles que morrem em pecado mortal: Bem-aventurados os que ela encontrar a cumprir as tuas santíssimas vontades, porque a segunda morte não lhes fará mal» (600).
Resumindo:
1015. «Caro salutis est cardo – A carne é o fulcro da salvação» (601). Nós cremos em Deus, que é o Criador da carne; cremos no Verbo que Se fez carne para remir a carne; cremos na ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.
1016. Pela morte, a alma é separada do corpo; mas, na ressurreição, Deus restituirá a vida incorruptível ao nosso corpo transformado, reunindo-o à nossa alma. Tal como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós ressuscitaremos no último dia.
1017. «Nós cremos na verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora» (602). No entanto, semeia-se no túmulo um corpo corruptível e ressuscita um corpo incorruptível (603) um «corpo espiritual» (1 Cor 15, 44).
1018. Em consequência do pecado original, o homem deve sofrer a morte corporal, «de que estaria isento, se não tivesse pecado» (604).
1019. Jesus, Filho de Deus, sofreu livremente a morte por nós, numa submissão total e livre à vontade de Deus seu Pai. Pela sua morte, Ele venceu a morte, abrindo assim a todos os homens a possibilidade da salvação.
ARTIGO 12
«CREIO NA VIDA ETERNA»
1020. O cristão, que une a sua própria morte à de Jesus, encara a morte como chegada até junto d’Ele, como entrada na vida eterna. A Igreja, depois de, pela última vez, ter pronunciado sobre o cristão moribundo as palavras de perdão da absolvição de Cristo e de, pela última vez, o ter marcado com uma unção fortificante e lhe ter dado Cristo, no Viático, como alimento para a viagem, fala-lhe com estas doces e confiantes palavras:
«Parte deste mundo, alma cristã, em nome de Deus Pai omnipotente, que te criou, em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo, que por ti sofreu, em nome do Espírito Santo, que sobre ti desceu; chegues hoje ao lugar da paz e a tua morada seja no céu, junto de Deus, na companhia da Virgem Maria. Mãe de Deus, de São José e de todos os Anjos e Santos de Deus […]. Confio-te ao Criador para que voltes Àquele que te formou do pó da terra. Venham ao encontro de ti, que estás a partir desta vida, Santa Maria, os Anjos e todos os Santos […]. Vejas o teu Redentor face a face e gozes da contemplação de Deus pelos séculos dos séculos» (605).
I. O juízo particular
1021. A morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo (606). O Novo Testamento fala do juízo, principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na sua segunda vinda. Mas também afirma, reiteradamente, a retribuição imediata depois da morte de cada qual, em função das suas obras e da sua fé. A parábola do pobre Lázaro (607) e a palavra de Cristo crucificado ao bom ladrão (608), assim como outros textos do Novo Testamento (609), falam dum destino final da alma (610), o qual pode ser diferente para umas e para outras.
1022. Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através duma purificação (611), quer para entrar imediatamente na felicidade do céu (612), quer para se condenar imediatamente para sempre (613).
«Ao entardecer desta vida, examinar-te-ão no amor» (614).
II. O céu
1023. Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão «tal como Ele é» (1 Jo 3, 2), «face a face» (1 Cor 13, 12) (615):
«Com a nossa autoridade apostólica, definimos que, por geral disposição divina, as almas de todos os santos mortos antes da paixão de Cristo […] e as de todos os outros fiéis que morreram depois de terem recebido o santo Baptismo de Cristo e nas quais nada havia a purificar no momento da morte, ou ainda daqueles que, se no momento da morte houve ou ainda há qualquer coisa a purificar, acabaram por o fazer […] mesmo antes de ressuscitarem em seus corpos e do Juízo universal – e isto depois da Ascensão ao céu do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo –, estiveram, estão e estarão no céu, associadas ao Reino dos céus e no paraíso celeste, com Cristo, na companhia dos santos anjos. E depois da paixão e morte de nosso Senhor Jesus Cristo, essas almas viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e face a face, sem a mediação de qualquer criatura» (616).
1024. Esta vida perfeita com a Santíssima Trindade, esta comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e todos os bem-aventurados, chama-se «céu». O céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
1025. Viver no céu é «estar com Cristo» (617). Os eleitos vivem «n’Ele»; mas n’Ele conservam, ou melhor, encontram a sua verdadeira identidade, o seu nome próprio (618):
«Porque a vida consiste em estar com Cristo, onde está Cristo, aí está a vida, aí está o Reino» (619).
1026. Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu. A vida dos bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção operada por Cristo, que associa à sua glorificação celeste aqueles que n’Ele acreditaram e permaneceram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados n’Ele.
1027. Este mistério de comunhão bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo ultrapassa toda a compreensão e toda a representação. A Sagrada Escritura fala-nos dele por imagens: vida, luz, paz, banquete de núpcias, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém celeste, paraíso: aquilo que «nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou pelo pensamento do homem, Deus o preparou para aqueles que O amam» (1 Cor 2, 9).
1028. Em virtude da sua transcendência, Deus não pode ser visto tal como é, senão quando Ele próprio abrir o seu mistério à contemplação imediata do homem e lhe der capacidade para O contemplar. Esta contemplação de Deus na sua glória celeste é chamada pela Igreja «visão beatífica»:
«Qual não será a tua glória e a tua felicidade quando fores admitido a ver a Deus, a ter a honra de participar nas alegrias da salvação e da luz eterna, na companhia de Cristo Senhor teu Deus, […] gozar no Reino dos céus, na companhia dos justos e dos amigos de Deus, das alegrias da imortalidade alcançada!» (620).
1029. Na glória do céu, os bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus, em relação aos outros homens e a toda a criação. Eles já reinam com Cristo. Com Ele «reinarão pelos séculos dos séculos» (Ap 22, 5) (621).
III. A purificação final ou Purgatório
1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu.
1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador:
«Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfémia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir» (625).
1032. Esta doutrina apoia-se também na prática da oração pelos defuntos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos defuntos:
«Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Job foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627) por que duvidar de que as nossas oferendas pelos defuntos lhes levam alguma consolação? […] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (628).
IV. O Inferno
1033. Não podemos estar em união com Deus se não escolhermos livremente amá-Lo. Mas não podemos amar a Deus se pecarmos gravemente contra Ele, contra o nosso próximo ou contra nós mesmos: «Quem não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia o seu irmão é um homicida: ora vós sabeis que nenhum homicida tem em si a vida eterna» (1 Jo 3, 14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que seremos separados d’Ele, se descurarmos as necessidades graves dos pobres e dos pequeninos seus irmãos (629). Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus, significa permanecer separado d’Ele para sempre, por nossa própria livre escolha. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra «Inferno».
1034. Jesus fala muitas vezes da «gehena» do «fogo que não se apaga» (630) reservada aos que recusam, até ao fim da vida, acreditar e converter-se, e na qual podem perder-se, ao mesmo tempo, a alma e o corpo (631). Jesus anuncia, em termos muitos severos, que «enviará os seus anjos que tirarão do seu Reino […] todos os que praticaram a iniquidade, e hão-de lançá-los na fornalha ardente»(Mt 13, 41-42), e sobre eles pronunciará a sentença: «afastai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt 25, 41).
1035. A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do Inferno, «o fogo eterno» (632). A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode ter a vida e a felicidade para que foi criado e a que aspira.
1036. As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo ao sentido de responsabilidade com que o homem deve usar da sua liberdade, tendo em vista o destino eterno. Constituem, ao mesmo tempo, um apelo urgente à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por eles. Que estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que os encontram!» (Mt 7, 13-14):
«Como não sabemos o dia nem a hora, é preciso que, segundo a recomendação do Senhor, vigiemos continuamente, a fim de que, no termo da nossa vida terrena, que é só uma, mereçamos entrar com Ele para o banquete de núpcias e ser contados entre os benditos, e não sejamos lançados, como servos maus e preguiçosos, no fogo eterno, nas trevas exteriores, onde “haverá choro e ranger de dentes”» (633).
1037. Deus não predestina ninguém para o Inferno (634). Para ter semelhante destino, é preciso haver uma aversão voluntária a Deus (pecado mortal) e persistir nela até ao fim. Na liturgia eucarística e nas orações quotidianas dos seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus, «que não quer que ninguém pereça, mas que todos se convertam» (2 Pe 3, 9):
«Aceitai benignamente, Senhor, a oblação que nós, vossos servos, com toda a vossa família, Vos apresentamos. Dai a paz aos nossos dias livrai-nos da condenação eterna e contai-nos entre os vossos eleitos» (635).
V. O Juízo final
1038. A ressurreição de todos os mortos, «justos e pecadores» (Act 24, 15), há-de preceder o Juízo final. Será «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão-de ouvir a sua voz e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 28-29). Então Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos […]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. […] Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46).
1039. É perante Cristo, que é a Verdade, que será definitivamente posta descoberto a verdade da relação de cada homem com Deus (636). O Juízo final revelará, até às suas últimas consequências, o que cada um tiver feito ou deixado de fazer de bem durante a sua vida terrena:
«Todo o mal que os maus fazem é registado – e eles não o sabem. No dia em que “Deus virá e não se calará” (Sl 50, 3) […]. Então, Ele Se voltará para os da sua esquerda: “Na terra, dir-lhes-á, Eu tinha posto para vós os meus pobrezinhos, Eu, Cabeça deles, estava no céu sentado à direita do Pai – mas na terra os meus membros tinham fome: o que vós tivésseis dado aos meus membros, teria chegado à Cabeça. Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra, constituí-os vossos portadores para trazerem as vossas boas obras ao meu tesouro. Vós nada depositastes nas mãos deles: por isso nada encontrais em Mim”» (637).
1040. O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora, só Ele decide sobre a sua vinda. Pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele pronunciará então a sua palavra definitiva sobre toda a história. Nós ficaremos a saber o sentido último de toda a obra da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais a sua providência tudo terá conduzido para o seu fim último. O Juízo final revelará como a justiça de Deus triunfa de todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte (638).
1041. A mensagem do Juízo final é um apelo à conversão, enquanto Deus dá ainda aos homens «o tempo favorável, o tempo da salvação» (2 Cor 6, 2). Ela inspira o santo temor de Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a «feliz esperança» (Tt 2, 13) do regresso do Senhor, que virá «para ser glorificado nos seus santos, e admirado em todos os que tiverem acreditado» (2 Ts 1, 10).
VI. A esperança dos novos céus e da nova terra
1042. No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Depois do Juízo final, os justos reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo será renovado:
Então a Igreja alcançará «na glória celeste, a sua realização acabada, quando vier o tempo da restauração de todas as coisas e, quando, juntamente com o género humano, também o universo inteiro, que ao homem está intimamente ligado e por ele atinge o seu fim, for perfeitamente restaurado em Cristo» (639).
1043. A esta misteriosa renovação, que há-de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura chama «os novos céus e a nova terra» (2 Pe 3, 13) (640). Será a realização definitiva do desígnio divino de «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas que há nos céus e na terra» (Ef 1, 10).
1044. Neste «mundo novo» (641), a Jerusalém celeste, Deus terá a sua morada entre os homens. «Há-de enxugar-lhes dos olhos todas as lágrimas; a morte deixará de existir, e não mais haverá luto, nem clamor, nem fadiga. Porque o que havia anteriormente desapareceu» (Ap 21, 4) (642).
1045. Para o homem, esta consumação será a realização final da unidade do género humano, querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrina era «como que o sacramento» (643). Os que estiverem unidos a Cristo formarão a comunidade dos resgatados, a «Cidade santa de Deus» (Ap 21, 2), a «Esposa do Cordeiro» (Ap 21, 9). Esta não mais será atingida pelo pecado, pelas manchas (644), pelo amor próprio, que destroem e ferem a comunidade terrena dos homens. A visão beatífica, em que Deus Se manifestará aos eleitos de modo inesgotável, será a fonte inexaurível da felicidade, da paz e da mútua comunhão.
1046. Quanto ao cosmos, a Revelação afirma a profunda comunidade de destino entre o mundo material e o homem:
Na verdade, as criaturas esperam ansiosamente a revelação dos filhos de Deus […] com a esperança de que as mesmas criaturas sejam também libertadas da corrupção que escraviza […]. Sabemos que toda a criatura geme ainda agora e sofre as dores da maternidade. E não só ela, mas também nós, que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormente, esperando a adopção filial e a libertação do nosso corpo» (Rm 8, 19-23).
1047. Assim, pois, também o universo visível está destinado a ser transformado, «a fim de que o próprio mundo, restaurado no seu estado primitivo, esteja sem mais nenhum obstáculo ao serviço dos justos» (645), participando na sua glorificação em Jesus Cristo ressuscitado.
1048. «Ignoramos o tempo em que a terra e a humanidade atingirão a sua plenitude, e também não sabemos como é que o universo será transformado. Porque a figura deste mundo, deformada pelo pecado, passa certamente, mas Deus ensina-nos que se prepara uma nova habitação e uma nova terra, na qual reinará a justiça e cuja felicidade satisfará e superará todos os desejos de paz que se levantam no coração dos homens» (646).
1049. «A expectativa da nova terra não deve, porém, enfraquecer, mas antes activar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro. Por conseguinte, embora o progresso terreno se deva cuidadosamente distinguir do crescimento do Reino de Cristo, todavia, na medida em que pode contribuir para a melhor organização da sociedade humana, interessa muito ao Reino de Deus» (647).
1050. «Pois todos os bens da dignidade humana, da comunhão fraterna e da liberdade, ou seja, todos os frutos excelentes da natureza e do nosso esforço, depois de os termos propagado pela terra, no Espírito do Senhor e segundo o seu mandato, voltaremos de novo a encontrá-los, mas então purificados de qualquer mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai o Reino eterno e universal» (648). Então, Deus será «tudo em todos» (1 Cor 15, 28), na vida eterna:
«A vida subsistente e verdadeira é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, derrama sobre todos sem excepção os dons celestes. Graças à sua misericórdia, também nós, homens, recebemos a promessa indefectível da vida eterna» (649).
Resumindo:
1051. Ao morrer: cada homem recebe, na sua alma imortal, a sua retribuição eterna, num juízo particular feito por Cristo, Juiz dos vivos e dos mortos.
1052. «Nós cremos que as almas de todos os que morrem na graça de Cristo […] constituem o povo de Deus no além da morte, a qual será definitivamente destinada no dia da ressurreição, quando estas almas forem reunidas aos seus corpos» (650).
1053. «Nós cremos que a multidão dessas almas que estão congregadas à volta de Jesus e de Maria, no paraíso, formam a Igreja celeste onde, na eterna bem-aventurança, vêem Deus como Ele é onde também, certamente em graus e modos diversos, estão associadas aos santos anjos no governo divino exercido por Cristo glorioso, intercedendo por nós e ajudando a nossa fraqueza com a sua solicitude fraterna» (651).
1054. Os que morrem na graça e amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria de Deus.
1055. Em virtude da «comunhão dos santos», a Igreja encomenda os defuntos à misericórdia de Deus e oferece em seu favor sufrágios, em particular o santo Sacrifício eucarístico.
1056. Seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja adverte os fiéis da «triste e lamentável realidade da morte eterna» (652), também chamada «Inferno».
1057. A pena principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode encontrar a vida e a felicidade para que foi criado e às quais aspira.
1058. A Igreja ora para que ninguém se perca: «Senhor […], não permitais que eu me separe de Vós» (653). Sendo verdade que ninguém se pode salvar a si mesmo, também é verdade que «Deus quer que todos se salvem» (1 Tm 2, 4) e que a Ele «tudo é possível» (Mt 19, 26).
1059. «A santa Igreja Romana crê e firmemente confessa que, no dia do Juízo, todos os homens hão-de comparecer com o seu próprio corpo perante o tribunal de Cristo, para prestar contas dos seus próprios actos» (654).
1060. No fim dos tempos, o Reino de Deus chegará à sua plenitude. Então, os justos reinarão com Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma; o próprio universo material será transformado. Deus será, então, «tudo em todos» (1 Cor 15, 28), na vida eterna.
«AMEN»
1061. O Credo, tal como o último livro da Sagrada Escritura (655) termina com a palavra hebraica Ámen, palavra que se encontra com frequência no final das orações do Novo Testamento. Do mesmo modo, a Igreja termina com um «Ámen» as suas orações.
1062. Em hebraico, Ámen está ligado à mesma raiz que a palavra «crer», raiz que exprime solidez, confiança, fidelidade. Assim se compreende porque é que o «Ámen» se pode dizer tanto da fidelidade de Deus para connosco como da nossa confiança n’Ele.
1063. No profeta Isaías encontramos a expressão «Deus de verdade», literalmente «Deus do Ámen», quer dizer, o Deus fiel às suas promessas: «Todo aquele que desejar ser abençoado sobre a terra deve desejar sê-lo pelo Deus fiel (do Ámen)» (Is 65, 16). Nosso Senhor emprega frequentemente a palavra «Ámen» (656), por vezes sob forma redobrada » (657), para sublinhar a confiança que deve inspirar a sua doutrina, a sua autoridade fundada na verdade de Deus.
1064. O «Ámen» final do Credo retoma e confirma, portanto, a palavra com que começa: «Creio». Crer é dizer «Ámen» às palavras, às promessas, aos mandamentos de Deus; é fiar-se totalmente n’Aquele que é o «Ámen» de infinito amor e perfeita fidelidade. A vida cristã de cada dia será, então, o «Ámen» ao «Creio» da profissão de fé do nosso Baptismo:
«Que o teu Símbolo seja para ti como um espelho. Revê-te nele, para ver se crês tudo quanto dizes crer. E alegra-te todos os dias na tua fé» (658).
1065. O próprio Jesus Cristo é o «Ámen» (Ap 3, 14). É o Ámen definitivo do amor do Pai para connosco: assume e leva a bom termo o nosso «Ámen» ao Pai: «É que todas as promessas de Deus encontram n’Ele um «sim»! Desse modo, por seu intermédio, nós dizemos «Ámen» a Deus, a fim de lhe darmos glória» (2 Cor 1, 20):
«Por Cristo, com Cristo, em Cristo,
a Vós, Deus Pai todo-poderoso,
na unidade do Espírito Santo,
toda a honra e toda a glória
agora e para sempre.
ÁMEN» (659).
1. Santo Ireneu de Lião, Demonstratio praedicationis apostolicae, 7: SC 62, 41-42.
2. Cf. Jo 17, 3.
3. São Gregório de Nazianzo, Oratio 31 (Theologica 5), 26: SC 250, 326 (PG 36, 161-164).
4. Símbolo Niceno-Constantinopolitano: DS 150.
5. Símbolo Niceno-Constantinopolitano: DS 150.
6. Cf. Jo 16, 13.
7. Cf. Gl 4, 6.
8. Cf. Jo 3, 34.
9. Cf. Jo 7, 39.
10. Cf. Jo 17, 22.
11. Cf. Jo 16, 14.
12. São Gregório de Nissa, Adversus Macedonianos de Spiritu Sancto, 16: Gregorii Nysseni
opera, ed. W. Jaeger-H. Langerbeck, V. 3/1 (Leiden 1958) p. 102-103 (PG 45, 1321).
13. Cf. Mt 28, 19.
14. Cf. Jo 3, 5-8.
15. Cf. 1 Jo 2, 1 (paráklêton).
16. Cf. Jo 16. 13.
17. Cf. Jo 19, 34; 1 Jo 5, 8.
18. Cf. Jo 4, 10-14; 7, 38: Ex 17, 1-6: Is 55, 1; Zc 14, 8: 1 Cor 10, 4. Ap 21, 6; 22, 17.
19. Cf. 1 Jo 2, 20. 27; 2 Cor 1, 21.
20. Cf. Ex 30, 22-32.
21. Cf. 1 Sm 16, 13.
22. Cf. Lc 4, 18-19; Is 61, 1.
23. Cf. Lc 2, 11.
24. Lc 2, 26-27.
25. Cf. Lc 4, 1.
26. Cf. Lc 6, 19; 8, 46.
27. Cf. Rm 1, 4; 8, 11.
28. Cf. Act 2, 36.
29. Santo Agostinho, Sermão 341, 1, 1: PL 39, 1493: Ibid. 9, 11: PL 39. 1499.
30. Cf. 1 Rs 18, 38-39.
31. Cf. Act 2, 3-4.
32. Cf. São João da Cruz, Llama de amor viva: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 13 (Burgos 1931) p. 1-102; 103-213. [ID., Chama vida de amor: Obras Completas (Paço de Arcos, Edições Carmelo 1986) p. 829-957)].
33. Cf. Ex 24, 15-18.
34. Cf. Ex 33, 9-10.
35. Cf. Ex 40, 36-38; 1 Cor 10, 1-2.
36. Cf. 1 Rs 8, 10-12.
37. Cf. Lc 1, 35.
38. Cf. Act 1, 9.
39. Cf. Lc 21, 27.
40. Cf. 2 Cor 1, 22; Ef 1, 13; 4, 30.
41. Cf. Mc 6, 5; 8, 23.
42. Cf. Mc 10. 16.
43. Cf. Mc 16, 18; Act 5, 12; 14, 3.
44. Cf. Act 8, 17-19; 13, 3; 19, 6.
45. Cf. Heb 6, 2.
46. Cf. Lc 11, 20.
47. Cf. Domingo de Pentecostes, Hino das I e II Vésperas: Liturgia Horarum, editio typica, v. 2 (Typis Polyglottis Vaticanis 1974), p. 795 e 812. [Liturgia das Horas. vol. II p. 850 e 861. edição da Gráfica de Coimbra, 1999].
48. Cf. Gn 8, 8-12.
49. Cf. Mt 3, 16 e par.
50. Cf. Gl 4, 4
51. Cf. 2 Cor 3, 14.
52. Cf. Jo 5, 39. 46.
53. Símbolo Niceno-Constantinopolitano: DS 150.
54. Cf. Lc 24, 44.
55. Cf. Sl 33, 6; 104. 30; Gn 1, 2; 2, 7; Ecl 3, 20-21; Ez 37, 10.
56. Liturgia bizantina, Ofício das Horas. Matinas dos Domingos do segundo modo, Antífonas 1 e 2: Paraklêtikês (Romae 1885), p. 107.
57. Santo Ireneu de Lião, Demonstratio praedicationis apostolicae. 11: SC 62, 48-49.
58. Cf. Rm 3, 23.
59. Cf. Jo 1, 14; Fl 2, 7.
60. Cf. Gn 18, 1-15; Lc 1, 26-38.54-55; Jo 1, 12-13; Rm 4, 16-21.
61. Cf. Gn 12, 3.
62. Cf. Gl 3, 16.
63. Cf. Jo 11, 52.
64. Cf. Lc. 1, 73.
65. Cf. Gn 22, 17-18; Rm 8, 32; Jo 3, 16.
66. Cf. Ef 1, 13-14; Gl 3, 14.
67. Cf. Ex 19-20; Dt 1-11; 29-31.
68. Cf. Gl 3, 24.
69. Cf. Rm 3, 20.
70. Cf. 1 Pe 2, 9.
71. Cf. 2 Sm 7: Sl 89; Lc 1, 32-33.
72. Cf. Lc 24, 26.
73. Cf. Sf 2, 3.
74. Cf. Is 6-12
75. Cf. Is 42, 1-9; Mt 12, 18-21: Jo 1, 32-34; e também Is 49, 1-6; Mr 3, 17: Lc 2, 32: e, por fim, Is 50, 4-10 e 52, 13 – 53, 12.
76. Cf. Is 61, 1-2.
77. Cf. Ez 11, 19; 36, 25-28; 37, 1-14: Jr 31, 31-34; Jl 3, 1-5.
78. Cf. Act 2, 17-21.
79. Cf. Sf 2, 3; Sl 22, 27; 34, 3; Is 49, 13; 61. 1; etc.
80. Cf. Lc 1. 17.
81. Cf. Lc 1, 41.
82. Cf. Lc 1, 68.
83. Cf. Mt 17, 10-13.
84. Cf. Lc 7, 26.
85. Cf. Mt 11, 13-14.
86. Cf. Jo 1, 23; Is 40. 1-3.
87. Cf. Jo 15, 26; 5, 33.
88. Cf. 1 Pe 1, 10-12.
89. Cf. Jo 3, 5.
90. Cf. Pr 8, 1 – 9, 6; Ecl 24.
91. Cf. Sf 3, 14; Zc 2, 14.
92. Cf. Lc 1, 46-55.
93 Cf. Lc 1, 26-38; Rm 4, 18-21; Gl 4, 26-28.
94. Cf. Lc 2, 15-19.
95. Cf. Mt 2, 11.
96. Cf. Lc 2, 14.
97. Cf. Jo 19, 25-27.
98. Cf. Jo 6, 27.51.62-63.
99. Cf. Jo 3, 5-8.
100. Cf. Jo 4, 10.14.23-24.
101. Cf. Jo 7, 37-39.
102. Cf. Lc . 11, 13.
103. Cf. Mt 10, 19-20.
104. Cf. Jo 14, 16-17.26; 15. 26; 16, 7-15; 17, 26.
105. Cf. Jo 13, 1; 17, 1.
106. Cf. Lc 23. 46; Jo 19, 30.
107 Cf. Jo 20, 22.
108. Cf. Mt 28, 19; Lc 24, 47-48; Act 1, 8.
109. Cf. Act 2, 33-36.
110. Liturgia bizantina, Oficio das Horas, Vésperas de Pentecostes, Sticherum 4: Pentekostárion (Romae 1884) p. 390.
111. Cf. Rm 8, 23; 2 Cor 1, 22.
112. Cf. 1 Jo 4, 11-12.
113. Cf. Mt 16, 24-26.
114. Cf. Gl 5, 25.
115. São Basílio Magno, Liber de Spiritu Sancto 15, 36: SC 17bis. 370 (PG 32, 132).
116. Cf. Jo 15, 5. 8. 16.
117. São Cirilo de Alexandria, Commentarius in Iohannem 11, 11: PG 74. 561.
118. Cf. Sl 2, 6-7.
119. Cf. Act 2, 36.
120. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium 1: AAS 57 (1965) 5.
121. CatRom I, 10, 1, p. 104.
122. Santo Hipólito Romano, Tradição Apostólica, 35: ed. B. Botte (Münster i.W. 1989) p. 82.
123. CatRom I 10, 22, p. 118.
124. Cf. Act 19, 39.
125. Cf. Ex 19.
126. Cf. 1 Cor 11, 18; 14, 19.28.34-35.
127. Cf. 1 Cor 1, 2; 16, 1.
128. Cf. 1 Cor 15, 9; Gl 1, 13; Fl 3, 6.
129. Cf. Ef 1, 22; Cl 1, 18.
130. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
131. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 8.
132. Cf. Jo 10, 1-10.
133. Cf. Is 40, 11; Ez 34, 11-31.
134. Cf. Jo 10, 11: Ez 34, 11-31.
135. Cf. Jo 10, 11-15.
136. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 8.
137. Cf. 1 Cor 3, 9.
138. Cf. Rm 11, 13-26.
139. Cf. Mt 21, 33-43 e par.: Is 5, 1-7.
140. Cf. Jo 15, 1-5.
141. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 8.
142. Cf. 1 Cor 3, 9.
143. Cf. 1 Cor 3, 11.
144. Cf. 1 Tm 3, 15.
145. Cf. Ef 2, 19-22.
146. Cf. Ap 21, 3.
147. Cf. 1 Pe 2, 5.
148. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 8-9.
149. Cf. Ap 12, 17.
150. Cf. Ap 19, 7; 21, 2. 9; 22, 17.
151. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 9.
152. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 2: AAS 57 (1965) 5-6.
153. Hermas, Pastor 8, 1 (Visio 2, 4, 1): SC 53, 96; cf. Aristides, Apologia 16, 7: BP 11, 125; São Justino, Apologia 2, 7: CA 216-218 (PG 6, 456).
154. Santo Epifânio, Panarion, 1, 1, 5, Haereses 2, 4: GCS 25, 174 (PG 41, 181).
155. Clemente de Alexandria, Paedagogus 1, 6, 27, 2: GCS 12, 106 (PG 8, 281).
156. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 12; Ibid., 13: AAS 57 (1965) 17-18; Ibid., 16: AAS 57 (1965) 20.
157. Cf. Gn 12, 2; 15, 5-6.
158. Cf. Ex 19, 5-6; Dt 7, 6.
159. Cf. Is 2. 2-5: Mq 4, 1-4.
160. Cf. Os l; Is 1. 2-4; Jr 2: etc.
161. Cf. Jr 31, 31-34; Is 55. 3.
162. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
163. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6; ID., Decr. Ad gentes, 3: AAS 58 (1966) 949.
164. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 7.
165. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6.
166. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 7.
167. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 7.
168. Cf. Mt 10, 16; 26, 31; Jo 10, 1-21.
169. Cf. Mt 12, 49.
170. Cf. Mt 5-6.
171. Cf. Mc 3, 14-15.
172. Cf. Mt 19, 28: Lc 22, 30.
173. Cf. Ap 21, 12-14.
174. Cf. Mc 6. 7.
175. Cf. Lc 10, 1-2.
176 Cf. Mt 10, 25; Jo 15, 20.
177. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6.
178. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 5: AAS 56 (1964) 99.
179. Cf. Santo Ambrósio, Expositio evangelii secundum Lucam, 2, 85-89: CCL 14, 69-72 (PL 15, 1666-1668).
180. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 4: AAS 57 (1965) 6.
181. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 4: AAS 58 (1966) 950.
182. Cf. Mt 28, 19-20: II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 2: AAS 58 (1966) 948; Ibid., 5-6: AAS 58 (1966) 951-955.
183. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 4: AAS 57 (1965) 7.
184. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 8.
185. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
186. Santo Agostinho, De Civitate Dei 18, 51 CSEL 40/2. 534 (PL 41. 614): cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12.
187. Cf. 2 Cor 5, 6; II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 6: AAS 57 (1965) 9.
188. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 5: AAS 57 (1965) 8.
189. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 2: AAS 57 (1965) 6.
190. CatRom. 1. 10. 20. p. 117.
191. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 11.
192. Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 2: AAS 56 (1964) 98.
193. São Bernardo de Bernardo de Claraval, In Canticum sermo 27, 7, 14: Opera, ed. J. Leclercq-C.H. Talbot-H. Rochais, V. I (Romae 1957) p. 191.
194. Cf. Ef 5, 25-27.
195. Cf. Ef 3, 9-11.
196. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
197. João Paulo II. Ep. ap. Mulieris dignitatem, 27: AAS 80 (1988) 1718.
198. Cf. Ef 5, 27.
199. João Paulo II, Ep. ap. Mulieris dignitatem, 27: AAS 80 (1988) 1718, nota 55.
200. Santo Agostinho, Epistula 187, 11, 34: CSEL 57, 113 (PL 33, 845).
201. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 1 : AAS 57 (1965) 5.
202. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
203. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
204. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 45: AAS 58 (1966) 1066.
205. Paulo VI, Allocutio ad Sacri Collegii Cardinalium Patres (22 de Junho de 1973): AAS 65 (1973) 391.
206. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 7: AAS 58 (1966) 956: cf. Id, Const. dogm. Lumen Gentium, 17: AAS 57 (1965) 20-21.
207. Cf. Ap 14, 4.
208. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 12-13.
209. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
210. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13; cf. Jo 13, 34.
211. Cf. Rm 8, 2; Gl 5, 25.
212. Cf. Mt 5, 13-16.
213. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
214. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 9: AAS 57 (1965) 13.
215. Cf. João Paulo II,. Enc. Redemptor hominis, 18-21: AAS 71 (1979) 301-320.
216. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 10: AAS 57 (1965) 14
217. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 16.
218. Cf. Jo 12, 32.
219. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 36: AAS 57 (1965) 41.
220. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12.
221. São Leão Magno, Sermão 4, 1: CCL 138. 16-17 (PL 54, 149).
222. Cf. Mc 1, 16-20; 3, 13-19.
223. Cf. Mt 13, 10-17.
224. Cf. Lc 10, 17-20.
225. Cf. Lc 22. 28-30.
226. Cf. Jo 14, 18.
227. Cf. Mt 28, 20.
228. Cf. Jo 20, 22; Act 2, 33.
229. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 9.
230. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 9.
231. Cf. Rm 6, 4-5; 1 Cor 12, 13.
232. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 9.
233. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 10.
234. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 10.
235. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 10.
236. Cf. Cl 2, 19.
237. Cf. Ef 4, 11-16.
238. Santo Agostinho, In Iohannis evangelium tractatus 21, 8: CCL 36, 216-217 (PL 35, 1568).
239. São Gregório Magno, Moralia in Job, Praefatio 6, 4: 14 CCL 143, 19 (PL 75, 525).
240. São Tomás de Aquino, Summa theologiae 3, q. 48, a. 2, ad 1: Ed. Leon. 11, 464.
241. Santa Joana D’Arc, Dictum: Procès de condamnation, ed. P. Tisset (Paris 1960), p. 166 (texto em francês).
242. Cf. Jo 3, 29.
243. Cf. Mt 22, 1-14; 25, 1-13.
244. Cf. 1 Cor 6, 15-17; 2 Cor 11, 2.
245. Cf. Ap 22. 17; Ef 1, 4: 5, 27.
246. Cf. Ef 5, 29.
247. Santo Agostinho, Enarratio in Psalmum 74, 4: CCL 39, 1207 (PL 37, 948-949).
248. Santo Agostinho, Sermão 268, 2: PL 38, 1232.
249. Pio XII, enc. Mystici Corporis: DS 3808.
250. Cf. 1Cor 3, 16-17; Ef 2, 21.
251. Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses 3, 24, 1: SC 211. 472-474 (PG 7, 966).
252. Pio XII.enc. Mystici Corporis: DS 3808.
253. Cf. Ef 4, 16.
254. Cf. 1 Cor 12, 13.
255. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 7: AAS 57 (1965) 10.
256. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 16; cf. Id. Decr. Apostolicam actuositatem, 3: AAS 58 (1966) 839-840.
257. Cf. 1 Cor 13.
258. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 17
259. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium,30: AAS 57 (1965) 37; João Paulo II, Ex. ap. Christifideles laici, 24: AAS 81 (1989) 435.
260. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 13: AAS 57 (1965) 17.
261. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 1: AAS 58 (1966) 947.
262. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 4: AAS 57 (1965) 7; cf. São Cipriano de Cartago, De dominica Oratione, 23: CCL 3A. 105 (PL 4, 553).
263. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 11.
264 Cf. Santo Ofício, Ep. ad Episcopos Angliae (14 de Setembro de 1864): DS 2888.
265. I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Filius, c. 3: DS 3013.
266. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 2: AAS 57 (1965) 92.
267. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 2: AAS 57 (1965) 92.
268. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 78: AAS 58 (1966) 1101.
269. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 2: AAS 57 (1965) 91.
270. Clemente de Alexandria, Paedagogus 1, 6, 42: GCS 12, 115 (PG 8, 300).
271.II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 13: AAS 57 (1905) 18.
272. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 2: AAS 57 (1965) 91-92; Id, Const. dogm. Lumen Gentium, 14: AAS 57 (1965) 18-19; CIC cân 205.
273. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 11-12.
274. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 94.
275. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 92-93.
276. Cf. CIC cân 751.
277. Orígenes, In Ezechielem homilia 9, 1: SC 352, 296 (PG 13, 732).
278. II Concílio do Vaticano,. Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 93.
279. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12.
280. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 93: cf. Id. Const. dogm. Lumen Gentium, 15: AAS 57 (1965) 19.
281. Cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 93.
282. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12.
283. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 4: AAS 57 (1965) 95.
284. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 1: AAS 57 (1965) 90-91.
285. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio,, 6: AAS 57 (1965) 96-97.
286. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 7: AAS 57 (1965) 97.
287. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 8: AAS 57 (1965) 98.
288. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 9: AAS 57 (1965) 98.
289. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 10: AAS 57 (1965) 99.
290. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 4: AAS 57 (1965) 94; Ibid. 9: AAS, 57 (1965) 98: Ibid. 11: AAS 57 (1965) 99.
291. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio,12: AAS 57 (1965) 99-100.
292. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 5: AAS 57 (1965) 96.
293. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 24: AAS 57 (1965) 107.
294. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 39: AAS 57 (1965) 44.
295. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 16.
296. Cf. Act 9,13: 1 Cor 6, 1; 16, 1.
297. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 10: AAS 56 (1964) 102.
298. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 94.
299. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
300. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
301. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 11: AAS 57 (1965) 16.
302. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 42: AAS 57 (1965) 48.
303. Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscrito B. 3v: Manuscrits autobiographiques (Paris 992) p. 299. [Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Obras Completas (Paço de Arcos, Edições do Carmelo 1996) p. 230].
304. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12; cf. In. Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 92-94; Ibid. 6: AAS 57 (1965) 96-97.
305. Cf. 1 Jo 1, 8-10.
306. Mt 13, 24-30.
307. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 19: AAS 60 (1968) 440.
308. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 40: AAS 57 (1965) 44-45: Ibid, 48-51: AAS 57 (1965) 53-58.
309. João Paulo II, Ex. ap. Christifideles laici 16: AAS 81 (1989) 417.
310. João Paulo II, Ex. ap. Christifideles laici 17: AAS 81 (1989) 419-420.
311. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 65: AAS 57 (1965) 64.
312. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Smyrnaeos 8, 2: SC 10bis p. 138 (Funk 1, 282).
313. Cf. Ef 1, 22-23.
314. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 6: AAS 58 (1966) 953.
315. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 4: AAS 58 (1966) 950-951.
316. Cf. Mt 28, 19.
317. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 13: AAS 57 (1965) 17.
318. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 26: AAS 57 (1965) 31.
319. II Concílio do Vaticano, Decr. Christus Dominus. 11: AAS 58 (1966) 677; CIC cân 368-369; CCEO cân 177 § 1. 178. 311, § 1. 312.
320. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 27.
321. Santo Inácio de Antioquia, Ep ad Romanos, Inscr.: SC 10bis, p. 106 (Funk 1, 252).
322. Santo Ireneu de Lião, Adversas Haereses 3, 3, 2: SC 211, 32 (PG 7, 849); I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Pastor aeternus, c. 2: DS 3057.
323. São Máximo o Confessor, Opuscula theologica et polemica: PG 91, 137-140.
324. Paulo VI, Ex. ap. Evangelii nuntiandi, 62: AAS 68 (1976) 52.
325. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS57 (1965) 29.
326. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 13: AAS 57 (1965) 18.
327. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 14: AAS 57 (1965) 18-19.
328. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 15: AAS 57 (1965) 19.
329. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 3: AAS 57 (1965) 93.
330. Paulo VI, Allocutio in Aede Sixtina, decem exactis annis a sublatis mutuis excomunicationibus inter Romanam et Constantinopolitanam Ecclesias (14 de Dezembro de 1975): AAS 68 (1976) 121: cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 13-18: AAS 57 (1965) 100-104.
331. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20.
332. Cf. II Concílio do Vaticano, Decl. Nostra aetate, 4: AAS 58 (1966) 742-743.
333. Sexta-Feira da Paixão do Senhor, Celebração da Paixão do Senhor Oração Universal VI: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 254 [Trad. oficial portuguesa: Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992. p. 259.267].
334. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20; cf. Id, Decl. Nostra aetate, 3: AAS 58 (1966) 741-742.
335. II Concílio do Vaticano, Decl. Nostra aetate, 1: AAS 58 (1966) 740.
336. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20; cf. Id, Decl. Nostra aetate, 2: AAS 58 (1966) 740-741; Paulo VI. Ex. ap. Evangelii nuntiandi, 53: AAS 68 (1976) 41.
337. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20.
338. Cf. Santo Agostinho, Sermão 96, 7, 9: PL 38, 588.
339. Santo Ambrósio, De virginitate 18, 119: Sancti Ambrosii Episcopi Mediolanensis opera, v. 14/2 (Milano-Roma 1989) p. 96 (PL 16, 297).
340. Cf. já em 1 Pe 3, 20-21.
341. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 14: AAS 57 (1965) 18.
342. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 16: AAS 57 (1965) 20; cf. Santo Ofício, Epistula ad Archiepiscopum Bostoniensem (8 de Agosto 1949): DS 3866-3872.
343. Cf. Heb 11, 6.
344. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 7: AAS 58 (1966) 955.
345. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 1: AAS 58 (1966) 947.
346. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 2: AAS 58 (1966) 948.
347. Cf. João Paulo II. Enc. Redemptoris missio, 23: AAS 83 (1991) 269-270.
348. Cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 6: AAS 58 (1966) 842-843; João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 11: AAS 83 (1991) 259-260.
349. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 21: AAS 83 (1991) 268.
350. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 5: AAS 58 (1966) 952.
351. Tertuliano, Apologeticum 50, 13: CCL 1, 171 (PL 1, 603).
352. II Concílio do Vaticano, Const.past. Gaudium et spes, 43: AAS 58 (1966) 1064.
353. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12: cf. Ibid, 15: AAS 57 (1965) 20.
354. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 1 AAS 58 (1966) 947.
355. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 12-20: AAS 83 (1991) 260-268.
356. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 12.
357. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et Spes, 40: AAS 58 (1966) 1058.
358. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 42-47: AAS 83 (1991) 289-295.
359. Cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 15: AAS 58 (1966) 964.
360. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 48-49: AAS 83 (1991) 295-297.
361. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 52-54: AAS 83 (1991) 299-302.
362. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 6: AAS 58 (1966) 953.
363. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 50: AAS 83 (1991) 297-298.
364. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 4: AAS 57 (1965) 96.
365. Cf. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 55: AAS 83 (1991) 302-304.
366. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 9: AAS 58 (1966) 958.
367. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 9: AAS 58 (1966) 958.
368. Cf. Ap 21, 14.
369. Cf. Mt 28, 16-20; Act 1, 8; 1 Cor 9, 1; 15, 7-8: Gl 1, 1: etc.
370. Cf. Act 2, 42.
371. Cf. 2 Tm 1, 13-14.
372. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 5: AAS 58 (1966) 952.
373. Prefácio dos Apóstolos Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 426 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992. p. 493].
374. Cf. 1 Jo 13, 20; 17. 18.
375. Cf. Lc 10, 16.
376. Cf. Jo 15, 5.
377. Cf. Mt 28, 20.
378. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 20: AAS 57 (1965) 23.
379. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 20: AAS 57 (1965) 23: cf. São Clemente Romano, Epistula ad Corinthios, 42, 4: SC 167, 168-170 (Funk, 1. 152); Ibid. 44, 2: SC 167, 172 (Funk, 1, 154-156).
380. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 20: AAS 57 (1965) 24.
381. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 2: AAS 58 (1966) 838.
382. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 6: AAS 58 (1966) 840; cf. Jo 15, 5.
383. Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 3: AAS 58 (1966) 839.
384.Cf. Ap 19. 6.
385. Cf. Ef 1. 4.
386. Cf. Ap 21, 9.
387. Cf. Ap 21, 10-11.
388. Cf. Ef 4, 3-5.
389. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 2: AAS 58 (1966) 948.
390. Cf. Ap 21, 14.
391. Cf. Mt 16, 18.
392. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 8: AAS 57 (1965) 11-12.
393. CIC, cân. 204, § l; cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 31: AAS 57 (1965) 37-38.
394. CIC, cân. 208: cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 32: AAS 57 (1965) 38-39.
395. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 2: AAS 58 (1966) 838-839.
396. CIC cân. 207, § 2.
397. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 18: AAS 57 (1965) 21-22.
398. Cf. Rm 1, 1.
399. Cf. 1 Cor 9, 19.
400. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 5: AAS 58 (1966) 951.
401. Cf. Jo 17, 21-23.
402. Cf. Mt 4, 19.21; Jo 1, 43.
403. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 19: AAS 57 (1965) 22.
404. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 25: cf. CIC cân 330.
405. Cf. Mt 16, 18-19.
406. Cf. Jo 21, 15-17.
407. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 26.
408. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 27.
409. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 26: ID. Decr. Christus Dominus, 2: AAS 58 (1966) 673; Ibid, 9: AAS 58 (1966) 676.
410. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 26: cf. CIC cân 336.
411. CIC cân 337 § 1.
412. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 27.
413. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 22: AAS 57 (1965) 26.
414. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 27.
415. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 27.
416. II Concílio do Vaticano, Decr. Christus Dominus, 3: AAS 58 (1966) 674.
417 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 28.
418. Cf. Gl 2, 10.
419. Cf. Canones Apostolorum, 34 [Constitutiones apostolicae 8, 47, 34]: SC 336, 284 (Funk, Didascalia et Constitutiones Apostolorum 1, 572-574).
420. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 29.
421. II Concílio do Vaticano, Decr. Presbiterorum ordinis, 4: AAS 58 (1966) 995.
422. Cf. Mc 16, 15.
423. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 25: AAS 57 (1965) 29.
424. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 16: cf. Id, Const. dogm. Dei Verbum, 10: AAS 58 (1966) 822.
425. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 25: AAS 57 (1965) 30: cf. I Concílio do Vaticano, Const. dogm. Pastor aeternus, c. 4: DS 3074.
426 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Dei Verbum, 10: AAS 58 (1966) 822.
427. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 25: AAS 57 (1965) 30.
428. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 25: AAS 57 (1965) 30.
429. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 25: AAS 57 (1965) 29-30.
430. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 26: AAS 57 (1965) 31.
431. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 26: AAS 57 (1965) 32.
432. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 27: AAS 57 (1965) 32.
433. Cf. Lc 22, 26-27.
434. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 27: AAS 57 (1965) 32.
435. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 27: AAS 57 (1965) 33.
436. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Smyrnaeos 8, 1: SC 10bis, 138 (Funk 1, 282).
437. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 31: AAS 57 (1965) 37.
438. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 31: AAS 57 (1965) 37-38.
439. Pio XII, Allocutio ad Patres Cardinales recenter creatos (20 de Fevereiro de 1946): AAS 38 (1946) 149; aduzido por João Paulo II, Ex. ap. Christifideles laici, 9: AAS 81 (1989) 406.
440. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 33: AAS 57 (1965) 39.
441. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 34: AAS 57 (1965) 40: cf. Ibid, 10: AAS 57 (1965) 14-15.
442. CIC cân 835 § 4.
443. Cf. CIC cân 230 § 1.
444. CIC cân 230 § 3.
445. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 35: AAS 57 (1965) 40.
446 São Tomás de Aquino, Summa theologiae, 3 q. 71, a. 4, ad 3: Ed. Leon. 12, 124.
447. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 35: AAS 57 (1965) 40.
448. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 6: AAS 58 (1966) 843: cf. Id, Decr. Ad gentes, 15: AAS 58 (1966) 965.
449. Cf. CIC cân 774.776.780.
450. Cf. CIC cân 229.
451. Cf. CIC cân. 822 § 3.
452. CIC cân 212 § 3.
453. Cf. Fl 2, 8-9.
454. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 36: AAS 57 (1965) 41.
455. Santo Ambrósio, Espositio psalmi CXVIII, 14, 30: CSEL 62, 318 (PL 15, 1476).
456. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 36: AAS 57 (1965) 42.
457. Paulo VI, Ex. ap. Evangelii nuntiandi, 73: AAS 68 (1976) 61.
458. CIC cân 129 § 2.
459. Cf. C1C cân 443 § 4.
460. Cf. CIC cân. 463 § 1-2.
461. Cf. CIC cân 511-512.536.
462. Cf. CIC cân 517 § 2.
463. Cf. CIC cân 492 § 1. 537.
464. Cf. CIC cân 1421 § 2.
465. II Concílio do Vaticano, Const. dogm Lumen Gentium, 36: AAS 57 (1965) 42.
466. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 33: AAS 57 (1965) 39.
467. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 44: AAS 57 (1965) 51.
468. Cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 42-43: AAS 57 (1965) 47-50; ID. Decr. Perfectae caritatis, l: AAS 58 (1966) 702-703.
469. Cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Perfectae caritatis, 5: AAS 58 (1966) 704-705.
470. Cf. CIC cân 573.
471. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 43: AAS 57 (1965) 49.
472. II Concílio do Vaticano, Decr. Perfectae caritatis, 1: AAS 58 (1966) 702.
473 Cf. CIC cân 605.
474. CIC cân 603 § 1.
475. 1 Cor 7, 34-36.
476. Cf. João Paulo II, Ex. ap. Vita consecrata, 7: AAS 88 (1996) 382.
477. CIC cân. 604 § 1.
478. Ordo Consecrationis virginum. Praenotanda 1, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970). p. 7 [ed. oficial portuguesa: Consagração das Virgens. Preliminares 1, edição típica.(Coimbra. Conferência Episcopal Portuguesa – Gráfica de Coimbra 1993) p. 9].
479. Cf. CIC cân 604 § 1.
480. Cf. Ordo Consecrationis virginum. Praenotanda 2. editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 7 [ed. oficial portuguesa: Consagração das Virgens. Preliminares 2, edição típica.(Coimbra, Conferência Episcopal Portuguesa — Gráfica de Coimbra 1993) p. 9].
481. Cf. CIC cân 604 § 2.
482. Cf. II Concílio do Vaticano, Decr. Unitatis redintegratio, 11: AAS 57 (1965) 102.
483. Cf. CIC cân 573.
484. Cf. CIC cân 607.
485. Cf. CIC cân 591.
486. II Concílio do Vaticano, Decr. Christus Dominus, 33-35: AAS 58 (1966) 690-692.
487. II Concílio do Vaticano, Decr. Ad gentes, 18: AAS 58 (1966) 968-969; Ibid. 40: AAS 58 (1966) 987-988.
488. João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 69: AAS 83 (1991) 317.
489. CIC cân. 710.
490. Pio XII, Const. ap. Provida Mater: AAS 39 (1947) 118.
491. CIC cân 713 § 2.
492. II Concílio do Vaticano, Decr. Perfectae caritatis, 11: AAS 58 (1966) 707.
493. Cf. CIC cân 713.
494. CIC cân 731 § 1-2.
495. CIC cân 783: João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, 69: AAS 83 (1991) 317-318.
496. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 31: AAS 57 (1965) 37.
497. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 44: AAS 57 (1965) 50-51
498. Cf. CIC cân 207 § 1-2.
499. CIC cân 331.
500. II Concílio do Vaticano, Decr. Christus Dominus, 2: AAS 58 (1966) 673.
501. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 23: AAS 57 (1965) 27.
502. II Concílio do Vaticano, Decr. Apostolicam actuositatem, 2: AAS 58 (1966) 839.
503. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 43: AAS 58 (1966) 1063.
504. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 36: AAS 57 (1965) 41.
505. São Nicetas de Remesiana, Instructio ad competentes 5, 3, 23 [Explanatio Symboli, 10]: TPL 1, 119 (PL 52, 871).
506. São Tomás de Aquino, In Symbolum Apostolorum scilicet «Credo in Deum» espositio, 13: Opera omnia, v. 27 (Parisiis 1875) p. 224.
507. Cat Rom 1, 10, 24, p. 119.
508. Cat Rom 1, 10, 24, p. 119.
509. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 12: AAS 57 (1965) 16.
510. Cat Rom 1, 10, 27, p. 121.
511. Cf. Lc 16, 1-3.
512. Cf. 1 Cor 10. 24.
513. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49: AAS 57 (1965) 54.
514. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49: AAS 57 (1965) 54-55.
515. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49: AAS 57 (1965) 55.
516. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49: AAS 57 (1965) 55.
517. São Domingos, moribundo, aos seus irmãos: Relatio iuridica 4 (Frater Radulphus de Faventia), 42: Acta sanctorum, Augustus I, p. 551.
518. Santa Teresa do Menino Jesus, Verba (17 de Julho de 1897): Derniers Entretiens (Paris 1971) p. 270. [Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, Obras Completas (Paço de Arcos, Edições do Carmelo 1996) p. 1167].
519. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 50: AAS 57 (1965) 56.
520. Martyrium sancti Polycarpi 17, 3: SC 10bis. 232 (Funk 1, 336).
521. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 50: AAS 57 (1965) 55.
522. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 51: AAS 57 (1965) 58.
523. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6.
524. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 30: AAS 60 (1968) 445.
525. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 53: AAS 57 (1965) 57-58: cf. Santo Agostinho, De sancta virginitate 6, 6: CSEL 41, 240 (PL 40, 399).
526. Paulo VI, Allocutio ad Conciliares Patres, tertia exacta Oecumenicae Synodi Sessione (21 de Novembro de 1964): AAS 56 (1964) 1015.
527. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 57: AAS 57 (1965) 61.
528. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 58: AAS 57 (1965) 61-62.
529. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 69: AAS 57 (1965) 66.
530.II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 59: AAS 57 (1965) 62.
531. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 59: AAS 57 (1965) 62: cf. Pio XII, Const. ap. Munificentissimus Deus (1 Novembro de 1950): DS 3903.
532. Liturgia bizantina, Tropário para a festa da Dormição da bem-aventurada Virgem Maria: Horológion tò mega (Romae 1876) p. 215.
533. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 53: AAS 57 (1965) 59.
534. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 63: AAS 57 (1965) 64.
535. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 61: AAS 57 (1965) 63.
536. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 62: AAS 57 (1965) 63.
537. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 60: AAS 57 (1965) 62.
538. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 62: AAS 57 (1965) 63.
539. Paulo VI, Ex. Ap. Marialis cultus, 56: AAS 66 (1974) 162.
540. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 66: AAS 57 (1965) 65.
541. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 103: AAS 56 (1964) 125.
542. Paulo VI, Ex. Ap. Marialis cultus, 42: AAS 66 (1974) 152-153.
543. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 69: AAS 57 (1965) 66-67.
544. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 68: AAS 57 (1965) 66
545. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 15: AAS 60 (1968) 439.
544. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 68: AAS 57 (1965) 66.
545. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 15: AAS 60 (1968) 439.
546. Cf. Rm 4, 25.
547. CatRom 1, 11, 3, P.123.
548. CatRom1, 11, 4, p. 123.
549. São Gregório de Nazianzo, Oratio 39, 17: SC 358, 188 (PG 36, 356).
550. Concílio de Trento, Sess. 14ª, Doctrina de sacramento Paenitentiae, c. 2: DS 1672.
551. Santo Agostinho, Sermão 214, 11: ed. P. Verbraken: Revue Bénédictine 72 (1962) 21 (PL 38, 1071-1072).
552. CatRom 1, 11, 5, p. 124.
553. Cf. Mt 18, 21-22.
554. Santo Ambrósio, De Paenitentia 1, 8, 34: CSEL 73, 135-136 (PL 16, 476-477).
555. São João Cristóstomo, De sacerdotio 3, 5: SC 272, 148 (PG 48, 643).
556. Santo Agostinho, Sermão 213, 8, 8: ed. G. Morin, Sancti Augustini sermones post Maurinos reperti [Guelferbytanus 1, 9] (Romae 1930) p. 448 (PL 38, 1064).
557. CatRom1, 11, 6, p. 124-125.
558. Cf. Jo 6, 39-40.
559. Cf. 1 Ts 4, 14; 1 Cor 6, 14; 2 Cor 4, 14; Fl 3, 10-11.
560. Cf. Gn 6, 3: Sl 56, 5: Is 40, 6.
561. Tertuliano, De resurrectione mortuorum 1, 1: CCL 2, 921 (PL 2, 841).
562. Cf. 2 Mac 7, 29: Dn 12, 1-13.
563. Cf. Act 23, 6.
564. Cf. Jo 11, 24.
565. Cf. Jo 5, 24-25: 6, 40.
566. Cf. Jo 6, 54.
567. Cf. Mc 5, 21-43: Lc 7, 11-17: Jo 11.
568. Cf. Mt 12, 39.
569. Cf. Jo 2, 19-22.
570. Cf. Mc 10, 34.
571. Cf. Act 4, 33.
572. Cf. Act 17, 32: 1 Cor 15, 12-13.
573. Santo Agostinho, Enarratio Psalmum 88, 2. 5: CCL 39, 1237 (PL 37, 1134).
574. Cf. Dn 12, 2.
575. IV Concílio de Trento, c. 1. De fide catholica: DS 801.
576. Cf. Fl 3, 21.
577. Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses 4, 18, 5: SC 100, 610-612 (PG 7, 1028-1029).
578. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 54.
579. Cf. Fl 3, 20.
580. Cf. Fl 1, 23.
581. Cf. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 28: AAS 60 (1968) 444.
582. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 18: AAS 58 (1966) 1038.
583. Cf. Gn 2, 17.
584. Cf. Rm 6, 3-9: Fl 3, 10-11.
585. Cf. Gn 2, 17; 3, 3.19; Sb 1, 13; Rm 5, 12; 6, 23.
586. Cf. Concílio de Trento, Sess. 5ª. Decr. de peccato originali, can 1: DS 1511.
587. Cf. Sb 2, 23-24.
588. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 18: AAS 58 (1966) 1038.
589.Cf. Mc 14, 33-34: Heb 5, 7-8.
590. Cf. Rm 5, 19-21.
591. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos 6, 1-2: Sc: l0bis, 114 (Funk 1, 258-260).
592. Cf. Lc 23, 46.
593. Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos 7, 2: Sc 10bis, 116 (Funk 1, 260).
594. Santa Teresa de Jesus, Poesía, 7: Biblioteca Mística Carmelitana, v. 6 (Burgos 1919) p. 86. [Santa Teresa de Ávila, Seta de Fogo (Lisboa, Assírio & Alvim 1989) p. 31].
595. Santa Teresa do Menino Jesus, Lettre (9 de Junho de 1897): Correspondance Générale, v. 2 (Paris 1973) p. 1015. [Santa Teresa do Menino Jesus e d Santa Face, Obras Completas (Paço de Arcos, Edições do Carmelo 1996) p. 622].
596. Cf. 1 Ts 4, 13-14.
597. Prefácio dos Defuntos I: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 439 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 509].
598. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 54.
599. Imitação de Cristo 1, 23, 5-8: ed. T. Lupo (Città del Vaticano 1982) p. 70.
600. São Francisco de Assis, Cântico das criaturas: Opuscula sancti Patris Francisci Assisiensis, ed. C. Esser (Grottaferrata 1978) p. 85-86. [Cf. Fontes Franciscanas, I (Braga, Editorial Franciscana, 1994) p. 781.
601. Tertuliano, De resurrectione mortuorum 8, 2: CCL 2, 931 (PL 2, 852).
602. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 854. C
603. Cf. 1 Cor 15, 42.
604. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 18: AAS 58 (1966) 1038.
605. Ordo Unctionis infirmorum eorumque pastoralis curae. Orto commendationis morientium. 146-147, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1972) p. 60-61 [em port.: Unção e Pastoral dos Doentes. Encomendação dos moribundos. 146-147, segunda edição típica (Coimbra, Gráfica de Coimbra — Conferência Episcopal Portuguesa, 1994) p. 1091.
606. Cf. 2 Tm 1, 9-10.
607. Cf. Lc 16, 22.
608. Cf. Lc 23, 43.
609. Cf. 2 Cor 5, 5: Fl 1, 23; Heb 9, 27: 12, 23.
610. Cf. Mt 16, 26.
611. Cf. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 856: Concílio de Florença, Decr. pro Graecis: DS 1304: Concílio de Trento, Sess. 25ª, Decretum de purgatorio: DS 1820.
612. Cf. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 857; João XXII, Buda Ne super his: DS 991; Bento XII, Const. Benedictus Deus: DS 1000-1001; Concílio de Florença, Decr. pro Graecis: DS 1305.
613. Cf. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 858; Bento XII, Const. Benedictus Deus: DS 1002; Concílio de Florença, Decr. pro Graecis: DS 1306.
614. São João da Cruz, Avisos y sentencias. 57: Biblioteca Mística Carmelitana, N. 13 (Burgos 1931), p. 238. [S. João da Cruz, Ditos de luz, e amor. 57: Obras Completas (Paço de Arcos, Edições Carmelo 1986) P. 1015].
615. Cf. Ap 22, 4.
616. Bento XII. Const. Benedictus Deus: DS 1000; cf. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 49 AAS 57 (1965) 54.
617. Cf. Jo 14, 3; Fl 1, 23: 1 Ts 4, 17.
618. Cf. Ap 2, 17.
619. Santo Ambrósio, Expositio evangelii secundum Lucam 10, 121: CCL, 14, 379 (PL 15-1927).
620. São Cipriano de Cartago, Epistula 58, 10: CSEL 3/2, (1996): 665; 58.10.1: CCL 3C, 333-334 (56, 10: PL 4, 367-368).
621. Cf. Mt 25, 21.23.
622. Cf. Conc. de Florença, Decr. pro Graecis: DS 1304.
623. Cf. Concílio de Trento, Sess. 25ª, Decretum de purgatorio: DS 1820: Sess. 6ª. Decr. de iustificatione, canon 30: DS 1580.
624. Por exemplo, 1 Cor 3, 15: 1 Pe 1, 7.
625. São Gregório Magno, Dialogi 4, 41, 3: SC 265, 148 (4, 39: PL 77, 396).
626. Cf. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 856.
627. Cf. Job 1, 5.
628. São João Crisóstomo, In epistulam I ad Corinthios homilia 41, 5: PG 61, 361.
629. Cf. Mt 25, 31-46.
630. Cf. Mt 5, 22.29; 13, 42.50; Mc 9, 43-48.
631. Cf. Mt 10, 28.
632. Cf. Symbolum Quicumque: DS 76; Synodus Constantinopolitana. q (em 543), Anathematismi contra Origenem, 7: DS 409; Ibid, 9: DS 411; IV Concílio de Latrão, Cap. I, De fide catholica: DS 801: II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 858; Bento XII, Const. Benedictus Deus: DS 1002; Concílio de Florença, Decr. pro Iacobitis: DS 1351: Concílio de Trento, Sess. 6ª, Decr. de iustificatione, canon 25: DS 1575; Paulo VI. Sollemnis Professio fidei, 12: AAS 60 (1968) 438.
633. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 54.
634. II Concílio de Orange, Conclusio: DS 397; Concílio de Trento, Sess. 6ª. Decr: de iustificatione, canon 17: DS 1567.
635. Oração Eucarística I ou Cânone Romano, 88: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 450 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 518].
636. Cf. Jo 12, 48.
637. Santo Agostinho, Sermão 18, 4, 4: CCL 41, 247-249 (PL 38, 130-131).
638. Cf. Ct 8, 6.
639. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965) 53.
640. Cf. Ap 21, 1.
641. Cf. Ap 21, 5.
642. Cf. Ap 21, 27.
643. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 1: AAS 57 (1965) 5.
644. Cf. Ap 21, 27.
645. Santo Ireneu de Lião, Adversus Haereses 5, 32. 1: SC 153, 398 (PG 7, 1210).
646. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 39: AAS 58 (1966) 1056-1057.
647. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 39: AAS 58 (1966) 1057.
648. II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 39: AAS 58 (1966) 1057: cf. Const. dogm. Lumen Gentium, 2: AAS 57 (1965) 5-6.
649. São Cirilo de Jerusalém, Catecheses illuminandorum 18, 29: Opera. v. 2. ed. J. Rupp (Monaci 1870) p. 332 (PG 33, 1049).
650. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 28: AAS 60 (1968) 444.
651. Paulo VI, Sollemnis Professio fidei, 29: AAS 60 (1968) 444.
652. Cf. Sagrada Congregação do Clero, Directorium catechisticum generale, 69: AAS 64 (1972) 141.
653. Oração antes da Comunhão, 132: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 474 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 546].
654. II Concílio de Lião, Professio fidei Michaelis Palaeologi imperatoris: DS 859: cf. Concílio de Trento, Sess. 6ª, Decretum de iustificatione, c. 16: DS 1549.
655. Cf. Ap 22, 21.
656. Cf. Mt 6, 2.5.16.
657. Cf. Jo 5, 19.
658. Santo Agostinho, Sermão 58, 11, 13: PL 38, 399.
659. Doxologia final da oração eucarística: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 455, 460, 464 e 471 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, p. 522, 528, 535, 543, etc.].