Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria — Homilia diária — Maria, mesmo elevada ao Céu, permanece próxima de nós, intercedendo por cada um dos seus filhos.
Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria — Homilia diária
Hoje nos reunimos para celebrar uma das festas mais sublimes e cheias de significado da nossa fé: a Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria. Esta solenidade, que nos enche de esperança e de uma alegria profunda, nos convida a contemplar o mistério da Assunção de Maria, corpo e alma, à glória celestial.
Maria prenuncia o destino que aguarda todos os fiéis
Maria, a humilde serva do Senhor, aquela que no seu “sim” acolheu em seu ventre o Verbo encarnado, é agora elevada à glória do Céu. O que contemplamos na Assunção não é apenas um privilégio único concedido à Mãe de Deus, mas um prenúncio do destino que aguarda todos os fiéis que, como Maria, permanecerem fiéis ao chamado de Deus.
Olhando para a Escritura, encontramos na Assunção um eco das grandes figuras e eventos bíblicos. Quando lemos sobre Enoque, que “andou com Deus e já não era, porque Deus o tomou” (Gn 5,24), ou sobre Elias, que foi arrebatado ao céu numa carruagem de fogo (2Rs 2,11), percebemos sinais de que o destino final da criação não é o pó, mas a glória. Maria, a nova Arca da Aliança, portadora da presença divina, segue este caminho, mas de maneira ainda mais gloriosa. Sua Assunção é o cumprimento perfeito da promessa da ressurreição, é o primeiro fruto da redenção total.
A teologia da Assunção nos leva a contemplar Maria como a Mulher revestida de sol, com a lua debaixo de seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça, conforme descrito no Apocalipse (Ap 12,1). Essa imagem não é apenas uma visão celestial, mas uma metáfora rica da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, uma vitória que Maria já experimenta plenamente. Ela, que em vida esteve sempre ao lado do Filho, agora reina com Ele, antecipando o que está reservado para todos nós.
A morte não tem a última palavra
E quanto a nós? O que significa esta glorificação de Maria? Ela nos mostra que a morte não tem a última palavra, que o nosso destino não é a corrupção, mas a vida eterna. Maria nos chama a olhar para além do horizonte imediato da nossa existência terrena e a fixar o nosso olhar na promessa de Cristo. Assim como o Filho ressuscitou, também Maria, por um privilégio especial, participa já da ressurreição dos mortos. E nós, como peregrinos neste mundo, somos convidados a seguir os seus passos, mantendo viva a chama da esperança, sabendo que um dia, também seremos chamados a estar com Deus para sempre.
O dogma da Assunção
O dogma da Assunção, proclamado solenemente pelo Papa Pio XII em 1950, não é uma novidade inventada pela Igreja, mas o reconhecimento de uma fé viva que brota das entranhas do povo de Deus. Desde os primeiros séculos, os cristãos intuíam que o corpo que gerou o Salvador, aquele que não conheceu pecado, não poderia ser entregue à corrupção da terra. E a Igreja, guiada pelo Espírito, reconheceu esta verdade e a propôs como uma luz para todos os fiéis.
Contemplar Maria elevada ao Céu é, de certa forma, um convite a nos desapegarmos das realidades temporais que nos prendem e nos abrem à eternidade. As dores, os sofrimentos, as angústias deste mundo, tudo isso encontra sentido quando olhamos para o destino glorioso de Maria. Ela nos ensina a viver com os pés na terra, mas com o coração no Céu.
Maria é o modelo perfeito de quem escutou a Palavra
No entanto, a Assunção não nos chama a uma fuga da realidade, mas a um compromisso mais profundo com a vida presente. Maria, mesmo elevada ao Céu, permanece próxima de nós, intercedendo por cada um dos seus filhos. Ela é o modelo perfeito de discípula, aquela que escutou a Palavra, a guardou no coração e a colocou em prática. Assim, a Assunção nos desafia a viver intensamente a nossa vocação cristã, a ser testemunhas do Reino de Deus neste mundo, enquanto caminhamos em direção ao Reino definitivo.
Queridos irmãos e irmãs, ao celebrarmos a Assunção de Maria, somos convidados a nos alegrar com o destino glorioso que nos espera, mas também a renovar o nosso compromisso de viver como verdadeiros discípulos de Cristo. Que Maria, nossa Mãe e Rainha, nos acompanhe sempre neste caminho e nos ajude a viver com a mesma fé, humildade e amor que ela viveu. Que, como ela, possamos um dia participar plenamente da glória de Deus. Amém.