Arcebispo Markus Büchel: “Imagino muitas mulheres como sacerdotes”

Dom Büchel segue o caminho heterodoxo de grande parte do episcopado centro-europeu e decidiu ignorar o fato de que o Magistério da Igreja, através de São João Paulo II, estabeleceu definitiva e infalivelmente a possibilidade de ordenar mulheres como sacerdotes. 

Da mesma forma, ele lançou uma ofensiva contra o celibato, assegurando que não pode ordenar um homem precisamente para essa disciplina.

Ele perguntou aos fiéis de sua diocese de Saint Gallen sobre o processo sinodal. À pergunta “Quem é excluído?”, 64% responderam: mulheres .

Na diocese de Sankt Gallen, integramos tanto quanto possível as mulheres. Mas no Ordo (ndr: o ministério ordenado) eles ainda não estão presentes. A questão do ofício deve ser vista em um contexto mais amplo. 

É verdade: não posso ordenar sacerdotisas. Mas também não posso ordenar homens na diocese de Saint Gall no momento, porque os homens não querem ser padres por causa do celibato. Por isso, organizamos as equipes pastorais de forma diferente para aliviar os sacerdotes. Mas mesmo isso nem sempre é tão fácil. Na Igreja não há apenas jogadores de equipe, mas o estilo de liderança cooperativa não está em primeiro plano.

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As mulheres devem ser autorizadas a serem padres?

Imagino muitas mulheres como sacerdotes.

Você já teve problemas com Roma por causa dessa atitude?

Não. Eu já disse isso uma vez em uma entrevista depois da minha eleição como bispo. 

Naquela época havia uma ordenação de mulheres no Lago Constança; É por isso que os jornalistas me perguntaram isso na época. Eu disse claramente: esta é uma questão que podemos discutir; não deve ser um tabu. 

Também discuti isso com o Papa Bento XVI. Ele queria se encontrar comigo depois de minha eleição como bispo. Nos encontramos em Castel Candolfo, e lá ele me perguntou sobre a entrevista. Fiquei surpreso que ele soubesse da entrevista (risos). Mas não foi uma surra, mas uma troca fraterna.

Isso foi em 2006. Onde estamos hoje, em 2022?

Enquanto isso, há mais vozes mais abertas. Estamos a caminho, mas ainda não é a hora. Como bispo, tenho que tomar nota disso. Portanto, hoje, uma mulher como padre católico é uma utopia.

Questão resolvida infalivelmente pelo Magistério da Igreja

A realidade, por mais que eles queiram mudar na Alemanha, é que  a Igreja não pode de forma alguma admitir a ordenação de mulheres. João Paulo II foi o encarregado de resolver a questão  , como  recordou recentemente  o Cardeal Luis Ladaria, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé .

São João Paulo II, Papa, dedicou uma carta apostólica,  Ordinatio sacerdotalis , para explicar por que a Igreja não pode ordenar mulheres como sacerdotes, colocando em jogo toda a autoridade papal para resolver a questão definitivamente. A carta termina assim:

“Embora a doutrina sobre a ordenação sacerdotal, reservada apenas aos homens, seja preservada pela Tradição constante e universal da Igreja, e seja firmemente ensinada pelo Magistério nos documentos mais recentes, no entanto,  em nosso tempo e em vários lugares, é considerada questionável , ou mesmo um valor meramente disciplinar é atribuído à decisão da Igreja de não admitir mulheres a tal ordenação.

Por isso,  para  tirar qualquer dúvida sobre uma questão de grande importância , que diz respeito à própria constituição divina da Igreja ,  em virtude do meu  ministério de confirmar a fé  dos irmãos  (cf. Lc 22,32),  declaro que o A Igreja de modo algum tem o poder de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres , e que  esta opinião deve ser considerada definitiva  por todos os fiéis da Igreja ».

A Congregação para a Doutrina da Fé respondeu a uma dúvida sobre a natureza do pronunciamento pontifício, alertando que se trata de uma doutrina infalivelmente proposta pela Igreja:

Pergunta: Se a doutrina que deve ser mantida definitivamente, segundo a qual a Igreja não tem o poder de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres proposta na Carta Apostólica Ordinatio sacerdotalis, deve ser entendida como pertencente ao depósito da fé.

Resposta:  Sim. Esta doutrina requer o consentimento definitivo , pois, baseada na Palavra escrita de Deus e constantemente preservada e aplicada na Tradição da Igreja desde o início, foi infalivelmente proposta pelo Magistério ordinário e universal (cf. Lumen gentium , 25.2). Por isso, nas presentes circunstâncias, o Sumo Pontífice, no exercício do seu ministério de confirmar os irmãos na fé (cf. Lc 22,32), propôs a mesma doutrina com uma declaração formal, afirmando explicitamente o que sempre, em todos os lugares e por todos os fiéis deve ser mantida, como pertencente ao depósito da fé.