A Verdade vem antes dos mortais falíveis, a Fé é maior do que a “desobediência”, sustenta D. Richard Williamson
A Verdade vem antes dos mortais falíveis, a Fé é maior do que a “desobediência”, sustenta D. Richard Williamson
Prosseguindo as entrevistas que tem vindo a realizar, o portal Dies Iræ entrevistou D. Richard Nelson Williamson, que foi sagrado bispo, em 1988, por D. Marcel Lefebvre, e fundou, depois de ter abandonado a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, a entretanto extinta União Sacerdotal Marcel Lefebvre, conhecida como “Resistência”. Não obstante os posicionamentos ideológicos e doutrinais dos seus entrevistados, o Dies Iræ esclarece que as posições apresentadas e defendidas são da exclusiva responsabilidade de cada um deles.
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- Muito obrigado, Excelência, por nos conceder esta entrevista. Vossa Excelência nasceu na Inglaterra protestante e converteu-se ao catolicismo vindo do anglicanismo. O que suscitou esta conversão?Mais ou menos a partir dos vinte e quatro anos, Deus deu-me um verdadeiro sentido de desintegração civilizacional. A partir daí foi apenas uma questão de tempo, e de graça, antes que a busca da Verdade me levasse à Igreja Católica.
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2. Foi ordenado sacerdote, em 1976, e, a 30 de Junho de 1988, foi sagrado bispo, em Écône, por D. Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, que viria a deixar em Outubro de 2012. Em 2015, sagrou bispo D. Jean-Michel Faure, alegando que precisava de ajuda para a administração dos Sacramentos aos fiéis da União Sacerdotal Marcel Lefebvre. Devemos ver Vossa Excelência como um resistente ou, pelo contrário, como um desobediente?
Definitivamente mais “resistente” do que “desobediente”. A Verdade vem antes dos mortais falíveis, a Fé é maior do que a “desobediência”. Infelizmente, mesmo os sucessores do Arcebispo Lefebvre à frente da Fraternidade que ele fundou, falharam, tal como os clérigos do Vaticano II, em ter a sua compreensão da necessidade de “desobedecer” quando a Fé está em jogo. É melhor obedecer a Deus do que aos homens, diz São Pedro (Act 4, 19). Mas o drama da nossa pobre era é que o homem-massa perdeu o seu domínio sobre a verdade objectiva. Como o homem está supostamente acima de Deus, o sujeito está supostamente acima do objecto (Emmanuel Kant). Em Filosofia, este erro é chamado “subjectivismo”.3. Ainda em relação à mencionada União Sacerdotal Marcel Lefebvre, por vezes também apelidada de “Resistência”, qual é a sua realidade a nível numérico, tanto de clero como de fiéis, e de presença geográfica?
A União Sacerdotal Marcel Lefebvre extinguiu-se e foi dissolvida, logo após a sua fundação, devido a sérias dissensões entre os seus membros. Devido a esse episódio, a chamada “Resistência”, desde então, não está, de forma alguma, estruturada, é apenas uma associação informal de sacerdotes que, em todo o mundo, vêem a crise da Igreja da mesma forma, nomeadamente que nem a nova Igreja do Vaticano II, nem os “sedevacantistas” contra o Vaticano II (pelo menos os dogmáticos), nem a nova Fraternidade seguindo uma orientação diferente da do seu Fundador, o Arcebispo Lefebvre, têm a resposta certa para a crise da Igreja. Contudo, só a verdadeira Autoridade da Igreja pode impor aquilo que é a resposta de Deus, pelo que a associação informal de sacerdotes resistentes espera que Deus Omnipotente restabeleça o Seu Papado ferido. Entretanto, «o Pastor está ferido e as ovelhas dispersas».Número de sacerdotes resistentes no mundo? Impossível dizê-lo, porque eles não estão inscritos numa comunidade estruturada. Aproximadamente entre cinquenta e uma centena. Só Deus sabe. Talvez milhares de sacerdotes afirmassem estar a resistir à destruição da Igreja de hoje.
4. Mais de três décadas após a sua sagração episcopal, que diferenças significativas encontra Vossa Excelência entre a Roma da época e a Roma dos nossos dias?
Eu diria que a Igreja de hoje está ainda mais abaixo no caminho da destruição total do que estava nos anos setenta ou oitenta. A descida será inexorável até os eclesiásticos abandonarem estes princípios desastrosos da Revolução Francesa e do mundo moderno, que foram concebidos, desde o início, pela judaico-maçonaria, para acabar com Deus, com Jesus Cristo e com a Sua Igreja Católica. Parece muito como se apenas um severo castigo de Deus trouxesse os eclesiásticos aos seus sentidos católicos.
5. Segundo consta, Roma estará a preparar, depois da publicação de Traditionis Custodes e da resposta aos dubia dirigidos à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, dois novos documentos: um sobre a liturgia pós-conciliar e um outro a respeito das chamadas comunidades Ecclesia Dei. Poderá ser este o golpe fatal para aquelas comunidades?
Pode ser o golpe fatal para todas aquelas comunidades que ainda se recusam a compreender que a Fé é maior do que a obediência, porque a obediência católica é apenas para a Fé. A autoridade existe na Igreja apenas para proteger a Verdade dos seres humanos, todos os que sofrem do pecado original. “A obediência não é escrava da obediência”, diz o provérbio espanhol. A obediência é a serva, não a mestra, da Verdade.
6. Depois de atacadas as comunidades Ecclesia Dei, considera Vossa Excelência que o próximo alvo do Papa Francisco será a obra fundada pelo Arcebispo Lefebvre?
Se as comunidades Ecclesia Dei não se mantiverem firmes, então, sim, a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X será, certamente, o próximo alvo lógico para o ódio deste Papa à Tradição Católica.
7. Do ponto de vista litúrgico, são vários os sacerdotes e também os fiéis que desejam um regresso à liturgia anterior à reforma revolucionária de 1955. Parece-lhe esta uma exigência necessária e aceitável?
Se os católicos vêem, finalmente, a necessidade de regressar à Tradição, é, pelo menos, completamente compreensível que desejem recuar mais do que a reforma litúrgica de 1965, porque esta reforma traz muitas marcas da esmagadora revolução litúrgica anticatólica dos anos sessenta.8. Por fim, que mensagem deixaria aos fiéis católicos que, para procurarem a fidelidade à Roma de sempre, se vêem, não raras vezes, abandonados e perseguidos pela Hierarquia que, à semelhança do Seu Divino Mestre, os deveria autenticamente acolher e acompanhar?
Os católicos que se apercebem, nos nossos dias, de que correm o risco de perder a Fé se obedecerem ao seu clero conciliar, precisam de fazer duas coisas. Primeiro, rezar todos os dias os quinze mistérios do Santo Rosário e não apenas cinco. Em segundo lugar, para se certificarem que salvam as suas almas para a eternidade, precisam de saber tudo sobre os Cinco Primeiros Sábados de Nossa Senhora de Fátima e, depois, fazê-los. Nossa Senhora irá, pois, tomar conta deles e protegê-los do mundo, da carne e do Diabo, como só Ela pode. E esses fiéis contribuirão para a Consagração da Rússia.
FONTE: DIES IRAE
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