A grandeza moral ou social da pessoa que peca agrava o pecado
A grandeza moral ou social da pessoa que peca agrava o pecado
Existem duas classes de pecados. Uma que provém sub-repticiamente, por debilidade da natureza humana; e tal pecado se imputa menos ao que possui virtude em maior grau, porque descuida menos o reprimir semelhantes pecados, aos que, no entanto, a debilidade humana não permite evitar de todo. Outros pecados procedem de deliberação, e se imputam tanto mais a alguém quanto maior seja. E isto pode ser por quatro razões:
Primeiro, porque os maiores podem resistir mais facilmente ao pecado, por exemplo, os que avantajam aos demais em ciência e em virtude; pelo que diz o Senhor: Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor, e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoutes (Lc 12, 47).
Segundo, pela ingratidão, porque todo bem com que alguém se engrandece é beneficio de Deus, a quem o homem se faz ingrato pecando; e quanto a isto, certa supremacia, mesmo nos bens temporais, agrava o pecado, conforme àquela sentença do Livro da Sabedoria: Os poderosos serão poderosamente atormentados (Sb 6, 7).
Terceiro, por especial repugnância do ato do pecado à grandeza da pessoa, como se um príncipe, que está constituído em custódio da justiça, a violara, e o sacerdote, que tem feito o voto de castidade, fornicara.
Quarto, por conta do exemplo ou escândalo, porque como diz São Gregório: “A culpa se estende veementemente ao exemplo, quando o pecador é honrado pela reverência de sua posição”.
Mas, se Deus castiga mais os maiores por um só e mesmo pecado, não faz nisso acepção de pessoas, porque a superioridade dos mesmos influi na gravidade do pecado.
-S. Th. Iª IIæ, q. 73, a. 10
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