Homilia | Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada

Não vim trazer a paz, mas sim a espada – Homilia

Caros irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje, nos deparamos com um trecho do Evangelho de Mateus, capítulo 10, versículos 34 a 42, que nos apresenta palavras fortes e desafiadoras de nosso Senhor Jesus Cristo. Estas palavras nos convidam a uma reflexão profunda sobre a essência da nossa fé e o custo do discipulado.

Jesus começa com uma afirmação surpreendente: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada.” Este versículo pode nos chocar à primeira vista, pois estamos acostumados a associar Jesus com a paz e a reconciliação. No entanto, Jesus não está se contradizendo. Ele está nos alertando sobre a natureza transformadora e, muitas vezes, divisiva do Evangelho. A mensagem de Cristo traz uma paz verdadeira, mas esta paz muitas vezes começa com um conflito, pois desafia as estruturas estabelecidas e confronta o pecado e a injustiça.

Jesus continua: “De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares.” Este é um chamado a compreender que a adesão a Cristo pode criar divisões até mesmo nas relações familiares mais íntimas. O Evangelho exige um compromisso total que pode levar a conflitos com aqueles que não compartilham da mesma fé. Isso não significa que devemos buscar conflito, mas sim que devemos estar preparados para as dificuldades que podem surgir ao colocar Cristo em primeiro lugar.

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“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim.” Aqui, Jesus nos chama a uma prioridade absoluta: nosso amor por Ele deve ser maior do que qualquer outro amor. Isso não diminui nosso amor pelos familiares, mas coloca Cristo no centro de nossa vida, como a fonte de todo amor verdadeiro.

“Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim.” A cruz, símbolo de sofrimento e sacrifício, é o caminho do discipulado. Seguir Jesus significa estar disposto a carregar nossas próprias cruzes, enfrentar dificuldades e sacrificar nosso conforto por amor a Ele.

“Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” Este paradoxo nos ensina que a verdadeira vida se encontra no auto-sacrifício e na entrega total a Deus. Buscar preservar a própria vida a qualquer custo leva à perda do propósito e do significado, enquanto a entrega a Cristo nos dá a verdadeira vida.

Jesus também fala sobre a acolhida e a recompensa: “Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.” Receber um discípulo de Cristo é o mesmo que receber o próprio Cristo, e, por extensão, receber o Pai que O enviou. Isto nos lembra da sacralidade da hospitalidade e da importância de acolher os mensageiros de Deus.

“Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo.” Este versículo nos ensina que apoiar e acolher aqueles que dedicam suas vidas a Deus nos faz participantes de suas bênçãos e recompensas.

Finalmente, Jesus diz: “Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.” Este simples ato de bondade e hospitalidade não passará despercebido aos olhos de Deus. Cada ato de amor e serviço, por menor que seja, é valorizado por Deus e será recompensado.

Como podemos aplicar esses ensinamentos em nossa vida diária? Primeiramente, devemos estar dispostos a colocar Cristo no centro de nossas vidas, acima de todas as outras lealdades e amores. Isso requer um compromisso radical e, muitas vezes, um enfrentamento de desafios e conflitos.

Devemos também estar preparados para carregar nossas cruzes, aceitando o sofrimento e os sacrifícios que vêm com o seguimento de Jesus. A verdadeira vida se encontra na entrega e no serviço a Deus e ao próximo.

Além disso, somos chamados a ser hospitaleiros e acolhedores, reconhecendo a presença de Cristo nos outros, especialmente naqueles que dedicam suas vidas ao serviço do Evangelho. Devemos apoiar e honrar aqueles que trabalham pela causa de Deus.

E, finalmente, devemos valorizar e praticar atos de bondade, por menores que sejam. Cada gesto de amor e serviço tem um valor eterno aos olhos de Deus.

Queridos irmãos e irmãs, que possamos viver estes ensinamentos com coragem e dedicação, colocando Cristo no centro de nossas vidas, carregando nossas cruzes com fé e esperança, e servindo a Deus e ao próximo com amor. Amém.

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